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Feliz Ano Novo!
É uma pena, mas eu tenho que começar o ano na base da reclamação, e para variar um pouco, vamos falar da Yescom.
Só há uma palavra para descrever a organização da 85a. São Silvestre: Péssima! Paga-se uma fortuna por esta prova tão querida, praticamente a inscrição de duas provas normais do calendário e nem um décimo da logística de uma prova comum. Vamos deixar o kit pré e pós-prova de lado, não adianta mais falar disso, e vamos ao que interessa, ou seja, a prova em si.
Muvuca na largada? Pessoal fantasiado? Isto faz parte, o problema é bem mais sério: hidratação. Veja o meu breve relato da prova:
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Largada: fiquei brigando com meu MP3 player e larguei meio rápido, depois controlando a descida da Consolação. Já sei que não dá para correr nos primeiros 2 Km, é muita bagunça. Lá pelo Km 4 desisti de correr, não aguentava mais os deslocamentos laterais para ultrapassar os grupos que caminhavam e conversavam, como se estivessem no Shopping Center. Vou curtir a prova, dane-se o tempo.
Km 4 e alguma coisa: primeiro posto de hidratação, em uma prova com 30 graus de temperatura e 52% de umidade do ar. Primeira, segunda, terceira bancada sem água, enfiei a mão no gelo derretido para esfriar um pouco o pulso e só consegui água sem gelo na quarta bancada. Muita gente para trás ficou sem água.
Km 5 a 7: Elevado Costa e Silva, bastante calor, mas o asfalto aqui já é amigo do meu tênis, pois corro pelo menos uma vez por mês lá aos domingos. Menos grupos conversando, mas muita gente já ensaia andar e começa a parar sem aviso, um problema para quem vem no ritmo.
Km 7 a 9: no segundo posto de hidratação, Km 7, novamente na quarta bancada eu consigo água, desta vez quente. Bebi um gole e atirei o copo no chão de tanta raiva. O sol chicoteava as costas dos corredores na Av. Marquês de São Vicente, mais de um Km de sauna. No Km 9, subida do Viaduto Rudge, um ponto muito difícil, mas eu estava indo bem, ultrapassando mais caminhantes. Daí veio meu pior momento em corridas de rua em 4 anos: senti os desagradáveis sintomas da desidratação, tontura, desorientação e por alguns segundos esqueci até onde estava.
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Elvis não morreu? Se não morreu, não morre mais. Tinha pelo menos uns 3 Elvis pela prova, e como um deles correu ao meu lado neste meu pior trecho, eu só ouvia as pessoas falando "olha lá, Elvis não morreu!". Ser ultrapassado por um cara naquela vestimenta toda realmente deu vontade de matar o sujeito. Elvis(s), parabéns, vocês reinaram ontem!
Km 10 ao 12: a coisa só melhorou no Km 10, onde os prédios já protegiam dos raios do sol e um vento começava a bater. De novo, água só na quarta bancada do Km 10, desta vez um pouco menos quente, por não estar no sol. A Av. Rio Branco é plana, então foi possível acelerar um pouco e até arrisquei o gel de carboidrato, que pensei poder fazer mal devido ao calor, mas que no fim ajudou.
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Km 12 ao 15: já não tinha mais pique na subida da Brigadeiro e novo stress com hidratação, tive que parar para pegar um copo, enquanto o responsável pela distribuição ficava "brincando" no gelo derretido. Peguei também uma pedra de gelo, esfreguei bem nos braços e sem saber o que fazer com aquele troço gelado na mão ofereci para uma corredora ao lado, que aceitou prontamente. Caminhei um trecho por superaquecer de novo, mas subi o final no ritmo e entrei na Av. Paulista cornetando (levei uma corneta pequena no cinto) e fim de mais uma São Silvestre. Total: 01:41:58, não um tempo muito respeitável, mas nem esquento mais com isso (literalmente).
O que aconteceu de errado? Simples: organização. A prova já estava superlotada com 21 mil participantes, fora os "pipocas", que detonaram os postos de hidratação e prejudicaram os corredores, ou seja, a água estava contada! Deixei a transmissão da prova gravando e hoje percebi que até a distribuição de água para a elite foi precária. Em eventos oficiais, geralmente a elite recebe um squeeze ou até mesmo copo, mas separado do resto dos corredores!
Eu sou paulistano e a São Silvestre tem um sentido especial para mim: o percurso é legal, passa por quase todas as empresas em que trabalhei, na frente de duas em que presto serviço atualmente, ao lado da faculdade onde dou aulas e pelas faculdades que cursei como aluno, e eu percebo tudo isto ao longo do caminho, no último dia de mais um ano que termina. Por estes e outros motivos eu fico muito chateado quando a incompetência da organização, aliada à imbecilidade da Rede Globo em alterar o horário para cada vez mais cedo só para começar o "Show da Virada" atrapalha tudo.
Agora, para te deixar um pouco triste, a "organização" da prova pretende tirá-la da Av. Paulista. Afinal, 21 mil corredores atrapalham mais que 2 milhões de pessoas pulando na festa de virada. Não acredita? Vejas as notícias:
Organização pensa em mudar percurso da S. Silvestre (Terra)Atletas da São Silvestre dividem Paulista com bebida e salgadinhos (Folha Online)São Silvestre admite mudar percurso para poder crescer (Esporte Brasil)Vamos torcer e nos mobilizar para que isto não aconteça, ou a prova corre o risco de perder seu charme, por ser a única que utiliza nosso maior cartão postal, a Av. Paulista.
Valeu a pena? Claro que sim, superar dificuldades é a nossa vida de corredor!
Bom ano a todos!
(menos para a Yescom e para a Globo)