
Imagine, amigo(a) corredor(a), que você trabalha em uma empresa que tem uma equipe de corridas de rua com mais de cem corredores e que esta empresa patrocina muitas das provas da sua cidade. Agora imagine que quase toda semana você tem uma prova para ir, onde não precisa pagar a inscrição, o kit é retirado pela equipe e entregue no dia da prova e seu único trabalho é responder o e-mail confirmando a participação e o tamanho da camiseta. Pois é, esta era a minha vida quando comecei a correr, mordomia total. Mas eu saí da tal empresa, e as coisas mudaram.
Comecei a ter que pagar pelas provas que queria participar e selecionar as mais interessantes. Tive que começar a considerar a retirada dos kits, afinal na maioria das vezes eles são entregues na véspera da competição. Enfim, o nível de exigência subiu, pois o meu dinheirinho suado deve ser bem aproveitado. E é este motivo que me leva a descer a lenha quando os organizadores falham com as provas, ou seja, só acordei para a vida quando começou a sair do meu bolso o valor da inscrição nos eventos.
Como o meu último relato gerou polêmica, já que alguns gostaram da prova e outros como eu acharam mal organizada, resolvi separar alguns pontos que considero de extrema importância em uma corrida de rua:
Kits: provas simples, outras caras, enfim, a estória é sempre a mesma. O kit vem com o número de peito, chip, camiseta e quinquilarias. Mas o que realmente irrita é termos que nos deslocar na véspera para pontos extremos para buscar a sacolinha e descobrir que no dia é possível retirar. Cansei de retirar kits minutos antes da corrida e nunca vi a organização ter problemas, não entendo porque precisamos reservar um dia só para buscar o básico. Se tivéssemos feiras como nas maratonas internacionais, tudo bem, seria parte do evento, mas aqui é apenas um “entrega a ficha / sai com a sacola”.
Percurso: é o mais importante de tudo. Precisa ser seguro e estar sinalizado! Nada de pular placas de Kms, deixar pontos que geram dúvidas no trajeto ou o pior de tudo, não interromper o tráfego na via. Se a prova de domingo tivesse ocorrido meia hora mais cedo, talvez tivéssemos uma notícia triste em nosso esporte, pelo fato de um veículo ter se acidentado no percurso minutos antes da largada. Como eu vi os cacos de vidro ao passar, imagino que poderia nem ao menos estar aqui relatando isto para você.
Hidratação: de acordo com o clima da época do ano em que ocorre a prova e da distância. Provas longas, hidratação farta e isotônicos. E pensar sempre em uma forma de distribuir os líquidos sem causar problemas (garrafas, copos, etc.). No autódromo de Interlagos, as provas geralmente possuem bacias gigantescas para arremessarmos copos e garrafas, evitando lixo pelo caminho.
Staff: é aquele pessoal que é pago (acredito, pelo menos) para organizar os corredores, dar apoio, ou até mesmo sinalizar uma emergência. Não deve parar o corredor em uma subida com ritmo forte para deixar um carro sair da garagem, como quase fizeram comigo no último domingo.
Pior ainda, ficar gritando “falta pouco, pessoal”, quando estamos nos primeiros quilômetros de prova. Devem controlar a dispersão e evitar que “pipocas” recebam o mesmo kit pós-prova dos que pagaram.
Se amarrarmos estes pontos, todo o resto é conseqüência. Fica de sugestão, caso algum organizador esteja lendo este post, na melhor das intenções de termos bons eventos para relatar aqui. Eu sei que não é fácil organizar tudo isso, mas vale a pena tentar.
Este aqui que vos escreve é um corredor não lá muito rápido, no ritmo de uns 6:30 min/Km, chega encharcado de suor, vive lesionado, mas que já passou pelo tapete e ouviu o chip apitar exatamente 87 vezes (minhas medalhas não mentem!). Eu sei uma coisa ou outra sobre provas de rua.
Agora, pensando no título deste post, criticar o organizador é fácil, mas quero ver alguém correr uma prova mal organizada e ficar satisfeito!
Boas provas para você e para todos nós!