A prova
As críticas ficam para o final, vamos aos fatos. A prova foi anunciada como sendo com largada mais cedo, 08:25 para os mortais, o que não é lá grande coisa, mas já ajuda. Porém, como era de se esperar, atrasou e a liberação ocorreu somente próximo das 08:40. O motivo, o de sempre, aparecer algum flash na programação esdrúxula da Rede Globo. Para chegar até a largada na Ponte Estaiada, o corredor podia contar com um serviço gratuito de ônibus municipal que saía da frente
Dada a largada, segui calmamente pela subida da ponte até estar em um ponto para tirar uma foto legal como aquela lá no início do post. Chega de brincadeira, ligar MP3 e partir para aquilo que me levou até lá, ou seja, correr. No fone de ouvido, com a palavra o Sr. Bruce Dickinson e o som pauleira do Iron Maiden tocando El Dorado . Tudo tranquilo até o Km 5, quando senti que precisava de novo ir ao banheiro, afinal, o clima frio de 17 graus que estava de manhã sugere que o sangue concentre-se no centro do corpo, aumentando a filtragem, ou algo do tipo. O problema é que os poucos banheiros químicos estavam com filas de uns 5 corredores pelo menos e eu vinha tranquilamente no meu ritmo de 7 min/Km, sem frequencímetro ou GPS, apenas controlando pela sensação de esforço e cronômetro, e não queria parar de jeito nenhum. Enfim parei no Km 13 e consegui voltar ao mesmo ritmo, até pelo menos o Km 23. Daí a coisa complicou.
O horário avançado de largada cobrou seu preço, e o sol esquentou com força total. Mesmo para o inverno de São Paulo, passei por um termômetro de rua que marcava 34 graus, ou seja, a temperatura dobrou desde o início da prova. Para completar, entrei na Av. Politécnica, aquele visual de filme de terror pós-apocalíptico como sempre digo: cenário feio e sem uma sombra por uns 5 Km. O pessoal da prova dos 25 Km ficou ali, e os poucos maratonistas seguiram viagem naquela caldeira para depois voltar para a USP. Meu ritmo foi para o espaço e comecei a andar em alguns trechos, cansado e com cada vez mais sede. Fome eu dei um jeito: reforcei o

Continuei meu caminho e percebi que a organização já começava a desmontar estruturas, inclusive o abastecimento de água em alguns pontos. Um corredor se irritou e pegou uma caixa de copinhos para virar nas bacias de gelo, seguido de uma bronca no pessoal da organização que estava mais preocupado em varrer a rua. Até as frutas do Km 35 já estavam indisponíveis quando passei, uma pena. Assim que passamos o túnel que liga a região do Jóquei Clube à Av. Juscelino Kubistchek, curtimos um pouco do trânsito engarrafado pelo desvio da prova, mas não ouvi nenhum xingamento por parte dos motoristas.
Chegando ao Ibirapuera, fechei a prova em 05:46:38, minha pior marca na distância, mas logo descobri o motivo...
Fui visitar a ambulância
Ao chegar, peguei minhas tralhas no guarda-volumes e fiquei curtindo minhas dores durante uns 40 minutos de sol em frente ao Obelisco. Ao levantar para ir embora, alguém apagou o sol radiante e eu vi o dia escurecer, tipo o Windows quando entra em screen saver. Sentei de novo e pedi para chamarem um médico. Quatro gentis bombeiros (esses caras são demais!) me levaram de maca até a última ambulância, pois o posto médico já estava desativado. Mediram minha pressão e me deram meio litro de soro para curar a temida desidratação. Só aí que lembrei que ao passar minha mão no rosto lá pelo Km 33, senti que minha pele estava coberta de sal. Isto mesmo, eu evaporava sal e outros ingredientes essenciais à manutenção de forma desgovernada e não percebi. Restaurado, hora de ir embora e curtir a dor nas pernas...
Aliás, aí vai um texto bem legal sobre desidratação.
Gente boa, outros nem tanto
Além do pessoal do serviço médico, alguns nos incentivavam e aplaudiam ao longo do caminho. Porém chamou a atenção que as equipes Tavares e Branca esportes, ao final da prova, passaram a distribuir isotônicos e refrigerantes a todos os corredores, independente se eram ou não de delegações. Ciclistas passavam e nos cumprimentavam dando os parabéns. Ah, ciclistas...
Eu também sou ciclista, e sobre este assunto, reservei um pedacinho do Ciclovia Digital com uma bela bronca pelo comportamento ridículo de alguns deles. Muitos aproveitaram as ruas fechadas para andar desgovernadamente com suas bikes, costurando pelo meio dos corredores que estavam no espaço reservado para a maratona. Você está convidado a ler, mas prepare-se, eu peguei pesado.
E a organização...
Ao final da prova, após meu probleminha descrito acima, tive a oportunidade de conversar com uma pessoa da Yescom (que vou omitir o nome aqui) e constatei o que já sabia: a organização até tenta fazer a coisa da forma correta, mas quem atrapalha é a Globo. A hidratação estava ótima ao longo do percurso, a sinalização muito boa e o novo percurso,

Por fim, faltou ensinar aos corredores como instalar o chip descartável. Eu precisei ajudar uns 3 pelos menos antes da prova, pois muita gente estava fazendo de forma a invalidar o tempo ou mesmo perder o dispositivo. Falha grave, um folhetinho ajudaria bastante nesta hora.
Enfim...
Parabéns aos que venceram os desafios de 10, 25 ou 42 Km e obrigado pelo apoio dos leitores no post anterior!
Tweet