segunda-feira, 20 de junho de 2011

Maratona de São Paulo: ainda vivo!

Enquanto eu percorria aqueles quase 200 m que separam o Km 42 do pórtico de chegada da Maratona de São Paulo 2011, ocorreu-me um pensamento interessante: por que uma pessoa se submete a este stress todo, percorrendo com suas próprias pernas uma distância louca, de livre e espontânea vontade? Deveriam obrigar presidiários, políticos corruptos ou alunos com baixo desempenho escolar a fazer tal coisa, e não dar a opção a cidadãos que poderiam estar curtindo o domingo calmamente com suas famílias. Mas eu acho que você já sabe a resposta.

A prova

As críticas ficam para o final, vamos aos fatos. A prova foi anunciada como sendo com largada mais cedo, 08:25 para os mortais, o que não é lá grande coisa, mas já ajuda. Porém, como era de se esperar, atrasou e a liberação ocorreu somente próximo das 08:40. O motivo, o de sempre, aparecer algum flash na programação esdrúxula da Rede Globo. Para chegar até a largada na Ponte Estaiada, o corredor podia contar com um serviço gratuito de ônibus municipal que saía da frente da Assembleia Legislativa no Ibirapuera e ia até a Av. Roberto Marinho. Tudo certo, cheguei ao local por volta de 07:40, mas as filas para os banheiros já irritavam qualquer corredor.

Dada a largada, segui calmamente pela subida da ponte até estar em um ponto para tirar uma foto legal como aquela lá no início do post. Chega de brincadeira, ligar MP3 e partir para aquilo que me levou até lá, ou seja, correr. No fone de ouvido, com a palavra o Sr. Bruce Dickinson e o som pauleira do Iron Maiden tocando El Dorado . Tudo tranquilo até o Km 5, quando senti que precisava de novo ir ao banheiro, afinal, o clima frio de 17 graus que estava de manhã sugere que o sangue concentre-se no centro do corpo, aumentando a filtragem, ou algo do tipo. O problema é que os poucos banheiros químicos estavam com filas de uns 5 corredores pelo menos e eu vinha tranquilamente no meu ritmo de 7 min/Km, sem frequencímetro ou GPS, apenas controlando pela sensação de esforço e cronômetro, e não queria parar de jeito nenhum. Enfim parei no Km 13 e consegui voltar ao mesmo ritmo, até pelo menos o Km 23. Daí a coisa complicou.

O horário avançado de largada cobrou seu preço, e o sol esquentou com força total. Mesmo para o inverno de São Paulo, passei por um termômetro de rua que marcava 34 graus, ou seja, a temperatura dobrou desde o início da prova. Para completar, entrei na Av. Politécnica, aquele visual de filme de terror pós-apocalíptico como sempre digo: cenário feio e sem uma sombra por uns 5 Km. O pessoal da prova dos 25 Km ficou ali, e os poucos maratonistas seguiram viagem naquela caldeira para depois voltar para a USP. Meu ritmo foi para o espaço e comecei a andar em alguns trechos, cansado e com cada vez mais sede. Fome eu dei um jeito: reforcei o café da manhã e levei alguns torrones, sem contar que até o gel de carboidrato caiu bem desta vez.

Continuei meu caminho e percebi que a organização já começava a desmontar estruturas, inclusive o abastecimento de água em alguns pontos. Um corredor se irritou e pegou uma caixa de copinhos para virar nas bacias de gelo, seguido de uma bronca no pessoal da organização que estava mais preocupado em varrer a rua. Até as frutas do Km 35 já estavam indisponíveis quando passei, uma pena. Assim que passamos o túnel que liga a região do Jóquei Clube à Av. Juscelino Kubistchek, curtimos um pouco do trânsito engarrafado pelo desvio da prova, mas não ouvi nenhum xingamento por parte dos motoristas.

Chegando ao Ibirapuera, fechei a prova em 05:46:38, minha pior marca na distância, mas logo descobri o motivo...

Fui visitar a ambulância

Ao chegar, peguei minhas tralhas no guarda-volumes e fiquei curtindo minhas dores durante uns 40 minutos de sol em frente ao Obelisco. Ao levantar para ir embora, alguém apagou o sol radiante e eu vi o dia escurecer, tipo o Windows quando entra em screen saver. Sentei de novo e pedi para chamarem um médico. Quatro gentis bombeiros (esses caras são demais!) me levaram de maca até a última ambulância, pois o posto médico já estava desativado. Mediram minha pressão e me deram meio litro de soro para curar a temida desidratação. Só aí que lembrei que ao passar minha mão no rosto lá pelo Km 33, senti que minha pele estava coberta de sal. Isto mesmo, eu evaporava sal e outros ingredientes essenciais à manutenção de forma desgovernada e não percebi. Restaurado, hora de ir embora e curtir a dor nas pernas...

Aliás, aí vai um texto bem legal sobre desidratação.

Gente boa, outros nem tanto

Além do pessoal do serviço médico, alguns nos incentivavam e aplaudiam ao longo do caminho. Porém chamou a atenção que as equipes Tavares e Branca esportes, ao final da prova, passaram a distribuir isotônicos e refrigerantes a todos os corredores, independente se eram ou não de delegações. Ciclistas passavam e nos cumprimentavam dando os parabéns. Ah, ciclistas...

Eu também sou ciclista, e sobre este assunto, reservei um pedacinho do Ciclovia Digital com uma bela bronca pelo comportamento ridículo de alguns deles. Muitos aproveitaram as ruas fechadas para andar desgovernadamente com suas bikes, costurando pelo meio dos corredores que estavam no espaço reservado para a maratona. Você está convidado a ler, mas prepare-se, eu peguei pesado.

E a organização...

Ao final da prova, após meu probleminha descrito acima, tive a oportunidade de conversar com uma pessoa da Yescom (que vou omitir o nome aqui) e constatei o que já sabia: a organização até tenta fazer a coisa da forma correta, mas quem atrapalha é a Globo. A hidratação estava ótima ao longo do percurso, a sinalização muito boa e o novo percurso, com realmente um túnel a menos ficou melhor no trecho inicial. O horário de largada continua sendo uma afronta, mas como disse, isto é culpa da emissora. Veja por exemplo, o kit de bugigangas incentivando a assistir o evento pela TV.

Por fim, faltou ensinar aos corredores como instalar o chip descartável. Eu precisei ajudar uns 3 pelos menos antes da prova, pois muita gente estava fazendo de forma a invalidar o tempo ou mesmo perder o dispositivo. Falha grave, um folhetinho ajudaria bastante nesta hora.

Enfim...

Ainda não entendi o que leva uma pessoa a pagar por tudo isso. Por enquanto chega, a próxima maratona é daqui a... bom, 27 dias no Rio de Janeiro...

Parabéns aos que venceram os desafios de 10, 25 ou 42 Km e obrigado pelo apoio dos leitores no post anterior!





quinta-feira, 16 de junho de 2011

Vai encarar os 42K?

A sensação é aquela de sempre: será que eu fiz a minha parte? Com ou sem treinos adequados, é hora de retirar o tal kit e visitar a tal "feira" que a Yescom vem prometendo há tempos. Retirei o meu hoje, não por pressa, mas por logística de estar na região. Fatos:

- kit: interessante, alguns brindes legais, outros inúteis (tipo uma bandana com o logotipo da Rede Globo)
- camiseta: legal, bonita, Adidas... quase igual à do ano anterior, mas tudo bem.
- feira: stand da Adidas bem montado, alguns stands de bugigangas para corrida.

Mas o que importa é a prova, então vamos nos concentrar nela. Ainda não engoli esta de largada mais cedo, do meu ponto de vista, 08:25 continua tarde para uma maratona. Vamos ver no que vai dar.

Boa prova para quem vai!




segunda-feira, 6 de junho de 2011

Maratona a granel

Olha aí freguesia, mais um que compra um pacote de 42 Km de Maratona e não arranja tempo para treinar! Este sou eu, e sinto muito se você se enquadra nesta categoria.

Sem tempo para treinar direito, e a duas semanas da Maratona de São Paulo, o jeito é dividir os treinos longos em doses menores, tipo “a granel”. Menores e consecutivas. Eu já havia lido em algum lugar que pode-se dividir este tipo de treino em duas vezes por dia, mas a minha falta de tempo continuaria a mesma. Para completar, os termômetros logo no início da manhã marcando 1 dígito, ainda que positivo, dão um desânimo danado para levantar da cama.

O jeito foi pegar 3 dias e quebrar em pacotes menores: 7 Km na sexta, 14 Km no sábado e 21 Km no domingo. E somando dá... 42 Km! Dá até para dizer que eu corri uma maratona neste final de semana que passou! Ninguém precisa saber que eu fiz várias viagens.

É isso aí, corredor esperto não paga mas também não leva....

E você, o que faz quando o frio bate, a prova se aproxima e o tempo para treinar não encaixa na agenda?