quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

São Paulo 42K 2020 - a minha Maratona pessoal

Todas as grandes maratonas do Brasil e do mundo foram canceladas em 2020, e os planos e projetos ficaram para um futuro ainda incerto. De tudo que este ano imbecil nos tirou, eu não ia permitir que também acabasse com os meus 42 Km, mesmo de forma virtual e solitária.

Já falamos bastante sobre a pandemia e tudo o que foi afetado nas corridas de rua, então vamos fazer uma postagem mais visual, com uma breve introdução apenas. O fato é que das 4 maratonas em que eu estava inscrito, e quase uma 5ª de última hora (e a esperança que acontecesse ainda em 2020), resolvi fazer eu mesmo meu percurso de 42 Km nos limites urbanos, respeitando o distanciamento social e uso de máscara o tempo todo. Sim, correr uma maratona de máscara é possível, mas não espere grandes performances, pois incomoda bastante. Me acompanhe então neste “rolê” de 42 Km pelas ruas de São Paulo, no último domingo de um ano que não vai deixar nenhuma saudade.


Largada: Av. Guapira, Zona Norte de São Paulo, 27/12/2020, 08:01

Bem, não é nenhuma largada de grande evento, inclusive pelo público presente (eu apenas). Mas como diria aquele provérbio “toda grande jornada começa com um primeiro passo”. Este é geralmente meu ponto de partida para treinos na região, tenho várias direções a tomar, mas hoje o primeiro trecho é com destino a minha região predileta de corridas, o entorno do Aeroporto Campo de Marte, em Santana, ainda Zona Norte. 

Na Av. Braz Leme, o tradicional movimento de corredores e ciclistas, ainda com bom espaço para todos e pouca presença de veículos. Diversas provas já ocorreram aqui, a maioria com largada e chegada no próprio Aeroporto, ou a famosa Sargento Gonzaguinha, mas esta só “raspa” na avenida.


 Seguindo então sem fazer a volta toda do Campo de Marte, entro pela Ponte da Casa Verde, passando sobre a Marginal Tietê e indo em direção ao palco de muitas corridas na cidade... 

Av. Pacaembu, trecho de maratonas, meias, circuitos e tantas outras provas. Eu já deixei muita borracha de tênis nesta via, um “falso plano” que geralmente nos pega nos finais de provas que terminam no Estádio do Pacaembu. Fico devendo esta foto, devido ao mau tempo a câmera do celular embaçou. 

Subindo então, quase andando, a Av. Major Natanael, saí na região do cartão postal de São Paulo, a Av. Paulista. Precisa de mais referência sobre as provas que já aconteceram aqui? 

Esta é a Av. Brigadeiro Luís Antônio, lado Jardins, uma longa descida até o Parque do Ibirapuera. Pensou que era o trecho da tradicional prova de fim de ano, certo? Deixa para a próxima, vamos em direção a outro cartão postal da cidade. 

A aproximação ao Ibirapuera foi um trecho de corrida que eu costumava fazer quando deixava as coisas na academia e não queria ir para a esteira, passando perto do ginásio e das instalações do Exército, saindo na frente do Monumento às Bandeiras (conhecido em São Paulo como “Deixa que Eu Empurro”). Visão triste do Parque do Ibirapuera vazio, com pessoas ao redor contemplando as instalações fechadas devido às restrições de última hora definidas pelo governo para conter a pandemia. 

Faz ideia de quantas vezes eu e mais um contingente de corredores passamos pelo portal da Maratona de São Paulo neste ponto? Já perdi a conta, e a sensação varia de raiva ao sentimento de conquista, dependendo do ano. Neste ponto, além de atingir a marca dos 21 Km do meu evento, também comecei o percurso de volta, um pouco diferente da primeira parte.

Com o aperto da chuva não foi possível registrar alguns pontos, como as ruas próximas de onde trabalho, a academia que frequentava ou o outro lado da Av. Paulista. Depois de quase 10 meses de home office, dá um pouco de saudade passar pela região que frequentava diariamente com os colegas de trabalho. 

Descendo então a Av. da Consolação, passei pela faculdade onde me formei (novamente foto ruim devido à chuva) e meus planos de entrar no Elevado (sei lá qual o nome atual) conhecido como “Minhocão” e também palco de tantas provas foram frustrados também, mais restrições de circulação para o dia.

Após a Praça da República e contato visual com alguns seres que pareciam ter saído de um filme sobre alienígenas, o famoso “alguma coisa acontece no meu coração”. Em 2006, naquela prova que acontece no último dia do ano, esta famosa esquina era um rio devido ao volume de chuva que caia na cidade, deixando a diversão ainda mais empolgante. 

Opa, outra ponte da Marginal Tietê, Ponte das Bandeiras, saindo da região Central e voltando à Zona Norte. Foi aí que presenciei uma cena de trânsito bem dramática, um carro perdeu o controle na Praça Campo de Bagatelle e “rodou” um pouco adiante de onde eu estava no momento, um quase acidente com outros carros que vinham logo atrás (e por isso eu não costumo correr no sentido do trânsito).


E chegamos à minha região principal de treinos, a Av. Luiz Dumont Villares. Lembra do trecho do Minhocão que não pude fazer devido ao fechamento? Pois bem, para chegar aos 42 Km eu precisei inventar um pouco após este trecho para que o GPS fechasse a distância no Strava.

 Chegada: Av. Guapira, mesmo ponto de partida.


Mais lento que uma maratona de verdade, mas aí está, meus 42 Km de 2020.

O herói do dia? O Strava! Milagrosamente não falhou, marcou cada trecho corretamente e não perdeu o sinal do satélite nem nos piores momentos de chuva do percurso!

Ainda bem, pois o TomTom de pulso resolver dar um "pause" quando fui abastecer a mochila de hidratação e perdi a marcação backup...

Maratona sem medalha não existe, então, aí vai o kit virtual que eu havia definido para esta aventura urbana: 

Desafio Run This Is My Life 

(e continuará aceitando inscrições em 2021)

Agradecimentos ao pessoal da Chelso Sports, que fez o envio logo na sequência do registro do resultado, o que possibilitou incluir nesta postagem!

Correr na rua é um risco? Sim, apesar dos estudos indicarem que ambientes fechados são mais propícios à contaminação pelo vírus, nada impede de ter contato com o danado ao ar livre. Portanto, todo este percurso foi executado com o máximo de atenção às regras de distanciamento e sempre de máscara. Aliás, este é um brinde que passou a incorporar os eventos virtuais, mas que esperamos que no futuro sejam apenas "memorabilia" de corrida...

Respeite as regras de sua região sobre o isolamento, evite correr em grupos, use uma máscara (teste várias até se acostumar com um modelo), procure horários e locais com menor movimentação para não se expor ao risco e manter os demais em segurança também.

Este ano não merece uma retrospectiva, então deixo este pequeno incentivo para que você nunca pare de correr. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Precisamos falar sobre o cancelamento da Uphill 2020 – Parte 2

De todas as provas canceladas em 2020, a Uphill foi a que mais deu dor de cabeça para os corredores quanto à reembolso e transferência da inscrição. Mesmo sem a prova física, opções foram dadas, e esta é a análise do (meu) resultado final.

 Alguns corredores já finalizaram o ano de 2019 com várias provas agendadas e pagas, e é óbvio que ninguém tinha a menor ideia que este ano seria a mais completa bagunça em termos de eventos presenciais, especialmente para corridas de rua. Conforme conversamos na parte 1 desta estória, doeu bastante no bolso e na cabeça dos corredores ter que interagir com a organização da Uphill Marathon, pois o que a maioria desejava era a transferência automática para a edição de 2021, porém a X3M Sports Business não quis negociar esta opção diretamente. Alguns corredores levaram o caso para a Justiça, mas como eu não pretendia fazer a prova em 2021, achei melhor aceitar os termos oferecidos. As opções estão lá no texto da parte 1, então vamos direto ao escolhido: o “pacotão” oferecido como forma de substituir a prova física:

  • Inscrição para a Uphill VR (prova virtual) com frete incluso na distância que o corredor quisesse (25K, 42K ou 67K)
  • Desconto de 20% em compras na loja online Netshoes
  • Vale-compras na loja Uphill Store, de acordo com a inscrição da prova física (no meu caso, 42 Km = R$ 150,00)
  • Inscrição garantida para uma edição futura à escolha do corredor (2021, 2022, 2023) sem passar pela loteria

Vamos ver se compensa? 

Total da inscrição da Uphill 2020 (loteria + inscrição + taxas + ônibus traslado) = R$ 474,05

Pacote oferecido pela organização devido ao cancelamento:

  • Inscrição Uphill VR: R$ 119,00 já com frete, que seria em torno de R$ 30,00 = R$ 149,00
  • Desconto na Netshoes: por exemplo, uma compra de R$ 300,00 = R$ 60,00 de desconto
  • Compras na Uphill store = R$ 150,00 (considerando que não passou disso + frete)
  • Loteria atual 2021: R$ 30,00

Somando tudo = R$ 389,00

Mas no meu caso:

  • Não gastei tudo isso na Netshoes, então o desconto foi bem menor
  • Minha compra na Uphill Store deu os R$ 150,00, então ainda paguei o frete
  • Escolhi a edição de 2023, portanto só vou ter a isenção da loteria daqui 2 anos

Felizmente o hotel que havia reservado e remarcado quando a prova foi adiada para dezembro nos reembolsou prontamente (mais uma vez, agradecimentos ao Colle Hotel, Criciúma pela honestidade) e o voo até Florianópolis transferido para outra data. Por sorte só havia feito a reserva do aluguel de carro, então bastou cancelar sem custo.

Mas, quer queira ou não, saí no prejuízo.

Sobra então, correr a tal prova virtual (mais uma nesse ano, diga-se)

 Queimando a largada

Tendo feito planejamento de treinos para 3, ou melhor 4 maratonas, que depois não foram realizadas, bastou ajustar as datas e reservar um sábado de manhã para fazer os 25 Km da corrida virtual. Apesar de inscrito nos 42 Km na Uphill, achei que não valia a pena queimar esta distância toda de asfalto urbano para substituir a prova real, então baixei a meta para o percurso menor. Mas na semana do que seria a Uphill remarcada, final de semana 12 e 13 de dezembro, para minha surpresa o tal kit chegou pelo correio antes de iniciarmos o período válido para registro do desafio. Camiseta (muito bonita, diga-se), medalha (mais bonita ainda) e um copo plástico chegaram em uma caixa lá pelo dia 10. Eu poderia, então, dormir até mais tarde no sábado e tudo feito, mas missão dada é missão cumprida, parceiro.

Fiz um dos meus percursos padrão com uma “perna” de mais uns 5 Km na Zona Norte de São Paulo, saindo próximo de onde moro, indo até a região do Shopping Center Norte e depois tomando o rumo para dar a volta no Aeroporto Campo de Marte. Levei o smartphone registrando no Strava e o GPS TomTom Runner, e novamente o Strava começou a marcar coisas absurdas do tipo 1 Km em 39 segundos, o que fez com que eu acabasse subindo na plataforma Running Heroes o resultado do TomTom conectado ao MySports. Sim, eu podia “matar” pelo menos 1 Km com essa gracinha do smartphone, mas já que era para fazer 25 Km, vamos registrar direito. Não cheguei nem perto do ganho altimétrico das provas Uphill reais, o total do percurso acumulou 238 metros de subida, mas isto não fazia parte do desafio. Vale lembrar, que inicialmente a organização chegou a falar que seria necessário cumprir a altimetria, mas eventos virtuais anteriores no Running Heroes devem ter deixado bem claro que não era qualquer um que conseguia um desnível desses para correr.


Resultados registrados, agora sou “merecedor” do kit.

Segundo resultado do Running Heroes, dos 320 inscritos apenas 162 concluíram o desafio de 25 Km, ou seja, praticamente metade deve ter dormido até mais tarde mesmo após ter recebido o kit. E eu, lá na posição 135 desse ranking, 19º de 26 na faixa etária. Não muito diferente das provas presenciais, diga-se, apenas um pouco mais lento que o usual devido ao uso da máscara o tempo todo.

a excelente plataforma de evento virtuais
Running Heroes e o resultado final

Prejuízo, kit antecipado, corredores “no-show” no dia, correr 25 Km de máscara... o que mais pesa é não ter realizado a verdadeira Uphill, apesar de todo marketing que a organização tentou criar exaltando o feito da prova virtual.

Quem sabe no futuro o desafio real seja encarado, por enquanto a Uphill Marathon é apenas mais uma medalha virtual para pendurar no quadro.