Nem toda a insanidade do mundo, e eu tenho uma boa parte dela, fariam com que eu corresse mais 42 Km uma semana após a Maratona de Santa Catarina. Apesar de ser a única prova da distância “em casa”, eu já estava com o cronograma feito no início do ano, sendo que a alteração da prova do primeiro semestre para Setembro não fez com que os planos fossem mudados. Afinal, não é organizador de prova que diz quando e em que prova vou correr, e sim a minha agenda. Então, como não era possível enfrentar 42 Km, não estava com paciência para 25 Km e muito menos os 10 Km do percurso tradicional, resolvi participar da prova de uma maneira diferente: suporte aos atletas (e amigos!) da Equipe de Corredores Tavares, com quem já participei de diversas viagens e provas pelo Brasil.
Eu estava meio “sem jeito” de pedir para participar desta forma, mas o convite veio na forma de um e-mail convocando os corredores a participarem no apoio de bicicleta ou correndo trechos (aqueles casca-grossa do percurso) para incentivar o pessoal da equipe. Respondi no mesmo momento que iria em duas rodas prestar o auxílio e incentivo que fosse necessário, já sabendo que não iria correr mesmo devido à proximidade da prova de Florianópolis. Alguns contatos antes da prova e no dia eu estava lá.
Só não contei com o fato de que após a largada teria que esperar 18 mil atletas (do total das 3 distâncias de corrida + caminhada) passarem para que pudesse cruzar a pista em direção ao obelisco do Ibirapuera, onde a estrutura da equipe estava montada. Definimos alguns detalhes e o grupo de 4 ciclistas partiu para os pontos designados. Fiquei com o Km 35,5 (mais ou menos o 15 na ida), onde a equipe já estava com um posto montado para atender os atletas. Como não foi possível sair antes da prova iniciar, ainda pegamos um pouco de trecho junto aos corredores, tomando o cuidado de não atrapalhar a prova e pedalando pelas laterais da pista em baixa velocidade.
Quem leu os posts dos anos anteriores sobre a Maratona de São Paulo sabe que eu desço a lenha neste povo que acha que só porque a via está fechada pode pegar a bicicleta e sair costurando pelo meio dos corredores, daí nossa preocupação em interferir o mínimo (zero, na verdade) no andamento da prova. Foi interessante pela primeira vez em quase 8 anos de corrida ver a prova de cima de uma bike, é uma velocidade diferente e uma visão incrível.
A animação do pessoal era geral no posto de apoio, e até atletas que não eram da equipe eram incentivados a enfrentar a dureza do percurso. Também foi possível, pela primeira vez, acompanhar de camarote a passagem dos primeiros colocados, escoltados pelas Harley Davidson dos batedores da Polícia Militar.
Quando os primeiros atletas da categoria geral apareceram, começou o trabalho do pessoal para distribuir isotônico, água e alguns outros víveres para motivar os corredores. E o trabalho dos ciclistas, naturalmente, era circular entre o Km 35 e as imediações para levar isotônico e conferir se todos os membros da equipe estavam em boas condições. Novamente, todo o cuidado com os corredores, sem atrapalhar ou ferir ninguém.
Com a passagem do Prof. Tavares o posto desmontou e agora o caminho é até o Ibirapuera.
Homenagem
Uma notícia triste abalou os ânimos do grupo recentemente: o Prof. Fábio, um dos mais antigos membros da equipe, faleceu em um acidente nas insanas estradas que cortam nosso país, a caminho da tradicional prova 10 Milhas Garoto em Vitória, ES. No convite para participar do apoio à Maratona de São Paulo, também vinha a convocação para prestar a última homenagem ao corredor e amigo, levando uma faixa e cruzando com o maior número de pessoas a linha de chegada. Começa então o trecho mais emocionante da prova.
Ao passar pelo Km 35, o professor e outra corredora da equipe foram gradativamente ganhando a companhia de outros alunos e amigos. Cada trecho próximo da chegada agregava mais e mais atletas, que carregavam a faixa e cantavam, o que naturalmente, trouxe outros corredores para o grupo. Acompanhei até onde pude, pois os “fiscais” da organização não deixavam as bikes passarem de um certo ponto, mas já foi o suficiente para ver um grupo de 2 pessoas em questão de minutos virar uma verdadeira tropa a caminho da chegada.
Sucesso total, cumprida a missão de completar as distâncias da prova, os corredores da equipe ainda registram seu carinho pelo amigo que se foi, mas que deixou muita saudade.
E a volta para casa...
Cansado eu não estava, mas às 14:00, com diversas vias principais ainda interditadas, o trânsito de São Paulo virou um caos. A Av. 23 de Maio estava na mesma configuração “estacionamento” dos finais de tarde dos dias úteis. E é claro, os ânimos dos motoristas estressadinhos daqui, se exaltaram. Vou pilotando até em casa? De jeito nenhum, aos finais de semana as bicicletas podem ser embarcadas no Metrô, então, vamos de carona para casa!
Um grande abraço aos amigos e corredores da Equipe Tavares, parabéns pela corrida e pela demonstração de amizade pelo Prof. Fábio. E é claro, fica registrado também meu agradecimento por poder participar da prova, nem que seja com a vantagem das duas rodas!
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
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Um evento bem legal, amigo !
ResponderExcluirCom certeza, foi diferente participar de uma corrida desta forma, valeu a pena.
ExcluirBons treinos!
Muito Bacana, incentivar os corredores é parte importante de ser atleta. Parabéns
ResponderExcluirBeijos
Ju
Muitas vezes eu também precisei de incentivo, e nesta prova era sempre neste ponto que o pessoal do apoio fazia a diferença. Foi muito bom trocar de lado desta vez.
ExcluirBoas corridas!