quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

São Paulo 42K 2020 - a minha Maratona pessoal

Todas as grandes maratonas do Brasil e do mundo foram canceladas em 2020, e os planos e projetos ficaram para um futuro ainda incerto. De tudo que este ano imbecil nos tirou, eu não ia permitir que também acabasse com os meus 42 Km, mesmo de forma virtual e solitária.

Já falamos bastante sobre a pandemia e tudo o que foi afetado nas corridas de rua, então vamos fazer uma postagem mais visual, com uma breve introdução apenas. O fato é que das 4 maratonas em que eu estava inscrito, e quase uma 5ª de última hora (e a esperança que acontecesse ainda em 2020), resolvi fazer eu mesmo meu percurso de 42 Km nos limites urbanos, respeitando o distanciamento social e uso de máscara o tempo todo. Sim, correr uma maratona de máscara é possível, mas não espere grandes performances, pois incomoda bastante. Me acompanhe então neste “rolê” de 42 Km pelas ruas de São Paulo, no último domingo de um ano que não vai deixar nenhuma saudade.


Largada: Av. Guapira, Zona Norte de São Paulo, 27/12/2020, 08:01

Bem, não é nenhuma largada de grande evento, inclusive pelo público presente (eu apenas). Mas como diria aquele provérbio “toda grande jornada começa com um primeiro passo”. Este é geralmente meu ponto de partida para treinos na região, tenho várias direções a tomar, mas hoje o primeiro trecho é com destino a minha região predileta de corridas, o entorno do Aeroporto Campo de Marte, em Santana, ainda Zona Norte. 

Na Av. Braz Leme, o tradicional movimento de corredores e ciclistas, ainda com bom espaço para todos e pouca presença de veículos. Diversas provas já ocorreram aqui, a maioria com largada e chegada no próprio Aeroporto, ou a famosa Sargento Gonzaguinha, mas esta só “raspa” na avenida.


 Seguindo então sem fazer a volta toda do Campo de Marte, entro pela Ponte da Casa Verde, passando sobre a Marginal Tietê e indo em direção ao palco de muitas corridas na cidade... 

Av. Pacaembu, trecho de maratonas, meias, circuitos e tantas outras provas. Eu já deixei muita borracha de tênis nesta via, um “falso plano” que geralmente nos pega nos finais de provas que terminam no Estádio do Pacaembu. Fico devendo esta foto, devido ao mau tempo a câmera do celular embaçou. 

Subindo então, quase andando, a Av. Major Natanael, saí na região do cartão postal de São Paulo, a Av. Paulista. Precisa de mais referência sobre as provas que já aconteceram aqui? 

Esta é a Av. Brigadeiro Luís Antônio, lado Jardins, uma longa descida até o Parque do Ibirapuera. Pensou que era o trecho da tradicional prova de fim de ano, certo? Deixa para a próxima, vamos em direção a outro cartão postal da cidade. 

A aproximação ao Ibirapuera foi um trecho de corrida que eu costumava fazer quando deixava as coisas na academia e não queria ir para a esteira, passando perto do ginásio e das instalações do Exército, saindo na frente do Monumento às Bandeiras (conhecido em São Paulo como “Deixa que Eu Empurro”). Visão triste do Parque do Ibirapuera vazio, com pessoas ao redor contemplando as instalações fechadas devido às restrições de última hora definidas pelo governo para conter a pandemia. 

Faz ideia de quantas vezes eu e mais um contingente de corredores passamos pelo portal da Maratona de São Paulo neste ponto? Já perdi a conta, e a sensação varia de raiva ao sentimento de conquista, dependendo do ano. Neste ponto, além de atingir a marca dos 21 Km do meu evento, também comecei o percurso de volta, um pouco diferente da primeira parte.

Com o aperto da chuva não foi possível registrar alguns pontos, como as ruas próximas de onde trabalho, a academia que frequentava ou o outro lado da Av. Paulista. Depois de quase 10 meses de home office, dá um pouco de saudade passar pela região que frequentava diariamente com os colegas de trabalho. 

Descendo então a Av. da Consolação, passei pela faculdade onde me formei (novamente foto ruim devido à chuva) e meus planos de entrar no Elevado (sei lá qual o nome atual) conhecido como “Minhocão” e também palco de tantas provas foram frustrados também, mais restrições de circulação para o dia.

Após a Praça da República e contato visual com alguns seres que pareciam ter saído de um filme sobre alienígenas, o famoso “alguma coisa acontece no meu coração”. Em 2006, naquela prova que acontece no último dia do ano, esta famosa esquina era um rio devido ao volume de chuva que caia na cidade, deixando a diversão ainda mais empolgante. 

Opa, outra ponte da Marginal Tietê, Ponte das Bandeiras, saindo da região Central e voltando à Zona Norte. Foi aí que presenciei uma cena de trânsito bem dramática, um carro perdeu o controle na Praça Campo de Bagatelle e “rodou” um pouco adiante de onde eu estava no momento, um quase acidente com outros carros que vinham logo atrás (e por isso eu não costumo correr no sentido do trânsito).


E chegamos à minha região principal de treinos, a Av. Luiz Dumont Villares. Lembra do trecho do Minhocão que não pude fazer devido ao fechamento? Pois bem, para chegar aos 42 Km eu precisei inventar um pouco após este trecho para que o GPS fechasse a distância no Strava.

 Chegada: Av. Guapira, mesmo ponto de partida.


Mais lento que uma maratona de verdade, mas aí está, meus 42 Km de 2020.

O herói do dia? O Strava! Milagrosamente não falhou, marcou cada trecho corretamente e não perdeu o sinal do satélite nem nos piores momentos de chuva do percurso!

Ainda bem, pois o TomTom de pulso resolver dar um "pause" quando fui abastecer a mochila de hidratação e perdi a marcação backup...

Maratona sem medalha não existe, então, aí vai o kit virtual que eu havia definido para esta aventura urbana: 

Desafio Run This Is My Life 

(e continuará aceitando inscrições em 2021)

Agradecimentos ao pessoal da Chelso Sports, que fez o envio logo na sequência do registro do resultado, o que possibilitou incluir nesta postagem!

Correr na rua é um risco? Sim, apesar dos estudos indicarem que ambientes fechados são mais propícios à contaminação pelo vírus, nada impede de ter contato com o danado ao ar livre. Portanto, todo este percurso foi executado com o máximo de atenção às regras de distanciamento e sempre de máscara. Aliás, este é um brinde que passou a incorporar os eventos virtuais, mas que esperamos que no futuro sejam apenas "memorabilia" de corrida...

Respeite as regras de sua região sobre o isolamento, evite correr em grupos, use uma máscara (teste várias até se acostumar com um modelo), procure horários e locais com menor movimentação para não se expor ao risco e manter os demais em segurança também.

Este ano não merece uma retrospectiva, então deixo este pequeno incentivo para que você nunca pare de correr. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Precisamos falar sobre o cancelamento da Uphill 2020 – Parte 2

De todas as provas canceladas em 2020, a Uphill foi a que mais deu dor de cabeça para os corredores quanto à reembolso e transferência da inscrição. Mesmo sem a prova física, opções foram dadas, e esta é a análise do (meu) resultado final.

 Alguns corredores já finalizaram o ano de 2019 com várias provas agendadas e pagas, e é óbvio que ninguém tinha a menor ideia que este ano seria a mais completa bagunça em termos de eventos presenciais, especialmente para corridas de rua. Conforme conversamos na parte 1 desta estória, doeu bastante no bolso e na cabeça dos corredores ter que interagir com a organização da Uphill Marathon, pois o que a maioria desejava era a transferência automática para a edição de 2021, porém a X3M Sports Business não quis negociar esta opção diretamente. Alguns corredores levaram o caso para a Justiça, mas como eu não pretendia fazer a prova em 2021, achei melhor aceitar os termos oferecidos. As opções estão lá no texto da parte 1, então vamos direto ao escolhido: o “pacotão” oferecido como forma de substituir a prova física:

  • Inscrição para a Uphill VR (prova virtual) com frete incluso na distância que o corredor quisesse (25K, 42K ou 67K)
  • Desconto de 20% em compras na loja online Netshoes
  • Vale-compras na loja Uphill Store, de acordo com a inscrição da prova física (no meu caso, 42 Km = R$ 150,00)
  • Inscrição garantida para uma edição futura à escolha do corredor (2021, 2022, 2023) sem passar pela loteria

Vamos ver se compensa? 

Total da inscrição da Uphill 2020 (loteria + inscrição + taxas + ônibus traslado) = R$ 474,05

Pacote oferecido pela organização devido ao cancelamento:

  • Inscrição Uphill VR: R$ 119,00 já com frete, que seria em torno de R$ 30,00 = R$ 149,00
  • Desconto na Netshoes: por exemplo, uma compra de R$ 300,00 = R$ 60,00 de desconto
  • Compras na Uphill store = R$ 150,00 (considerando que não passou disso + frete)
  • Loteria atual 2021: R$ 30,00

Somando tudo = R$ 389,00

Mas no meu caso:

  • Não gastei tudo isso na Netshoes, então o desconto foi bem menor
  • Minha compra na Uphill Store deu os R$ 150,00, então ainda paguei o frete
  • Escolhi a edição de 2023, portanto só vou ter a isenção da loteria daqui 2 anos

Felizmente o hotel que havia reservado e remarcado quando a prova foi adiada para dezembro nos reembolsou prontamente (mais uma vez, agradecimentos ao Colle Hotel, Criciúma pela honestidade) e o voo até Florianópolis transferido para outra data. Por sorte só havia feito a reserva do aluguel de carro, então bastou cancelar sem custo.

Mas, quer queira ou não, saí no prejuízo.

Sobra então, correr a tal prova virtual (mais uma nesse ano, diga-se)

 Queimando a largada

Tendo feito planejamento de treinos para 3, ou melhor 4 maratonas, que depois não foram realizadas, bastou ajustar as datas e reservar um sábado de manhã para fazer os 25 Km da corrida virtual. Apesar de inscrito nos 42 Km na Uphill, achei que não valia a pena queimar esta distância toda de asfalto urbano para substituir a prova real, então baixei a meta para o percurso menor. Mas na semana do que seria a Uphill remarcada, final de semana 12 e 13 de dezembro, para minha surpresa o tal kit chegou pelo correio antes de iniciarmos o período válido para registro do desafio. Camiseta (muito bonita, diga-se), medalha (mais bonita ainda) e um copo plástico chegaram em uma caixa lá pelo dia 10. Eu poderia, então, dormir até mais tarde no sábado e tudo feito, mas missão dada é missão cumprida, parceiro.

Fiz um dos meus percursos padrão com uma “perna” de mais uns 5 Km na Zona Norte de São Paulo, saindo próximo de onde moro, indo até a região do Shopping Center Norte e depois tomando o rumo para dar a volta no Aeroporto Campo de Marte. Levei o smartphone registrando no Strava e o GPS TomTom Runner, e novamente o Strava começou a marcar coisas absurdas do tipo 1 Km em 39 segundos, o que fez com que eu acabasse subindo na plataforma Running Heroes o resultado do TomTom conectado ao MySports. Sim, eu podia “matar” pelo menos 1 Km com essa gracinha do smartphone, mas já que era para fazer 25 Km, vamos registrar direito. Não cheguei nem perto do ganho altimétrico das provas Uphill reais, o total do percurso acumulou 238 metros de subida, mas isto não fazia parte do desafio. Vale lembrar, que inicialmente a organização chegou a falar que seria necessário cumprir a altimetria, mas eventos virtuais anteriores no Running Heroes devem ter deixado bem claro que não era qualquer um que conseguia um desnível desses para correr.


Resultados registrados, agora sou “merecedor” do kit.

Segundo resultado do Running Heroes, dos 320 inscritos apenas 162 concluíram o desafio de 25 Km, ou seja, praticamente metade deve ter dormido até mais tarde mesmo após ter recebido o kit. E eu, lá na posição 135 desse ranking, 19º de 26 na faixa etária. Não muito diferente das provas presenciais, diga-se, apenas um pouco mais lento que o usual devido ao uso da máscara o tempo todo.

a excelente plataforma de evento virtuais
Running Heroes e o resultado final

Prejuízo, kit antecipado, corredores “no-show” no dia, correr 25 Km de máscara... o que mais pesa é não ter realizado a verdadeira Uphill, apesar de todo marketing que a organização tentou criar exaltando o feito da prova virtual.

Quem sabe no futuro o desafio real seja encarado, por enquanto a Uphill Marathon é apenas mais uma medalha virtual para pendurar no quadro.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Com participar de uma corrida virtual (sem se irritar)

 Alguns eventos já estão ensaiando a volta, com protocolos de segurança e regras redefinidas, mas as grandes provas ainda vão demorar um pouco para voltar ao calendário. Enquanto isso, as corridas virtuais continuam com força total durante a pandemia. 

No começo muita gente torceu o nariz para os eventos virtuais. Correr, caminhar ou pedalar, em qualquer lugar, subir um suposto comprovante real da atividade em um site e receber uma medalha e talvez uma camiseta com outras bugigangas parecia algo sem sentido para muitos. Mesmo assim, alguns acabaram se rendendo ao fato de que os desafios das provas físicas ainda vão demorar um pouco para ser como eram antes. Logo de cara vamos deixar claro é que uma corrida virtual não é grátis, ou melhor, a estrutura de percurso, hidratação, logística e tudo o mais passa para o corredor, mas a medalha e outros produtos, além do próprio frete de envio, custa, e às vezes não parece compensar. Então, algumas dicas de alguém que já conhecia as corridas virtuais desde muito tempo antes do isolamento social. 

Nossa, baratinha essa... só que não

Muitas vezes o evento tem o caráter de incentivar a atividade física e manter o corredor conectado ao mundo da corrida e aos organizadores. Mas a recompensa acaba sendo somente um certificado virtual e talvez uma postagem em redes sociais, e com custo para o participante. Por isso é sempre bom conferir se o kit traz o que o corredor quer antes de sair clicando no botão “Inscreva-se” dos sites. Costumo dispensar itens como camisetas devido à tonelada de que tenho nas gavetas, mas gosto dos kits que vem com máscaras, pois por enquanto ainda vamos ter que usar este aparato, além da própria medalha física, é claro. 

E o tal frete?

O frete é um serviço pago para os Correios ou para alguma transportadora, portanto o organizador da corrida virtual nada pode fazer para “sumir” com esse custo. Muitos assumem parte do serviço, ou oferecem frete grátis (já incluso na inscrição, na verdade) e outros só dão a má notícia do valor no momento do fechamento do pedido. O problema é que os custos logísticos de um kit que sai de uma cidade para outra, especialmente se não são cidades grandes, acabam encarecendo demais a brincadeira. É sempre bom observar este dado, e se não conseguir a informação logo de cara na inscrição, prepare-se para abortar o processo na última tela caso ache que não vale a pena.

Bichinhos, unicórnios, bandas de rock... guloseimas?

Só de bater o olho nestas medalhas
já identifica o momento...

Difícil entender os temas de alguns eventos virtuais, mas como dizia aquele aviso sonoro de cabine de aeronave “sabemos que a preferência por nossa companhia é do cliente”. Meu critério, caso queira alguma sugestão, é participar de eventos virtuais que tenham sentido para o momento ou que ofereçam algum tipo de auxílio para alguma entidade. Participei de alguns desses que premiavam com medalhas alusivas ao momento da pandemia e outros que doavam parte do lucro para profissionais de saúde, organizações voltadas à ajuda, etc. Assim como você, eu tenho que acreditar que o direcionamento foi feito de forma séria, por isso a importância de acompanhar as ações do organizador do evento. 

Minha prova presencial virou virtual... e agora?

Maratona de São Paulo: todo ano 
eu falo que não vou,
neste falei que ia...
e acabei ficando só no virtual
A grande maioria dos organizadores viu, logo de cara, que isto seria uma péssima ideia. Acompanhei algumas postagens em redes sociais de organizadores “medindo” os participantes sugerindo que fariam mega-eventos virtuais no lugar da prova física. Os comentários dos internautas iam desde rugidos a ameaças de processos, então muitos repensaram o assunto (alguns não). Novamente, o meu critério: se você queria muito fazer uma prova presencial e ela virou virtual, caso tenha a opção de fazer a segunda opção pagando por um kit mais simples, faça, pois assim você mantém a fidelidade ao evento e não deixa este ano passar sem a medalha da prova. 

Prova internacional, que legal, sempre quis correr lá!

Sonhos de consumo, 
em formato virtual...
Muita calma nesta hora. Antes de sair clicando na inscrição, entenda que tudo será convertido em dólar (mesmo que não seja a moeda do país da prova), seu cartão de crédito deverá ser internacional e você ainda pagará alguns impostos. Uma provinha do tipo a Maratona de Nova York não sai por menos de R$ 300,00 na versão virtual, isto sem contar que o kit irá demorar algumas semanas para chegar a ainda poderá ser tributado pela Receita Federal. Ah, tem os R$ 15,00 de taxa que os Correios cobram por encomendas internacionais... Por último, tem organizadores que não enviam kits para fora do país, pelos mesmos motivos citados acima. 

Meu smartphone ou relógio não marcou a distância corretamente!

So fã do Strava, mas tem horas
que irrita
Essa é a minha predileta, mas você não precisa ficar preocupado. A menos que esteja concorrendo às primeiras posições do ranking, mesmo quando os resultados são lidos pelo site através de um arquivo ou sincronizados pelo seu dispositivo, não costuma ter este tipo de validação para desclassificar o corredor. Pelo meu smartphone eu deixaria muito queniano comendo poeira em alguns trechos, mas sabemos que não é bem assim. Possivelmente seu resultado será validado, mas a dica é não deixar para correr no último dia do prazo do evento, pois se qualquer coisa der errada, você não recebe o kit. 

Faça algo diferente, então

Contemplando a paisagem...
Que tal esta maluquice: desafio virtual de ciclismo, 40 Km, mais de 1h30min pedalando uma bike ergométrica e no final recompensado com uma medalha num preço justo! Mas existem vários outros eventos virtuais com desafios diferentes, lembrando de conferir se o desafio é compatível com o valor da inscrição e do frete. 

O organizador não mandou o kit ainda, já se passaram “x” meses!

Lindo kit esse aí da foto, né? Mas acredite, ele demorou bastante para chegar, a ponto de eu ter que entrar em contato com o organizador. Mas como a Yescom é um organizador tradicional de corridas, bastou um e-mail e prontamente responderam que os kits já estavam sendo enviados, o que se confirmou rapidamente. Procure organizadores que possuem um leque grande de eventos virtuais, ou que são organizadores de provas presenciais, pois será mais fácil encontrar um canal de comunicação. Se tudo mais falhar, apele para a relação de consumo e mande os comprovantes para os órgãos de defesa do consumidor. 

Camiseta manga comprida, corta-vento, bandana,
meia, gibi do Batman... ah, e a medalha, é claro

Participar de corridas somente pelo kit...

Confesso que dei muita bronca em corredor quando convidava para provas só porque o kit era bacana, mas agora com as corridas virtuais isso passou até se justificar. Como exemplo, o kit da foto acima.

Mas então, vale a pena?

Sair torrando dinheiro em corridas virtuais, só por gastar, não. Mas estes eventos são uma válvula de escape para termos um pouco de desafio neste momento de tantas coisas canceladas. Como exemplo, deixo aqui uma participação bem interessante: com a Uphill Marathon cancelada (voltaremos a falar disso em breve), um dos eventos virtuais da marca previa ter que cumprir o perfil altimétrico da prova (2.466 metros de ganho de altimetria) em um determinado mês. Foram muitas subidas na região que corro, sempre registrando com o Strava para validar os resultados. Ao final, comprei um kit com medalha e máscara (+frete) que registrou este momento, e ainda ganhei dois adesivos do organizador, devido ao atraso na entrega. Missão cumprida, não teve a mesma graça da conclusão de uma prova, mas não deixou de ser um desafio que foi devidamente reconhecido na medalha.

Um kit até que bem apresentável,
e medalha com o registro do objetivo de altimetria

Os dois melhores motivos 
para você participar de uma corrida virtual:

1) Você mantém seus desafios em dia
2) Você continua gerando caixa para os organizadores de provas, 
que vão ter que estar lá quando as competições físicas voltarem!

Tem alguma dica sobre Corridas Virtuais? Deixe nos comentários, compartilhe com os leitores!

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Precisamos falar sobre o cancelamento da Uphill 2020 – Parte 1

Prova cancelada. Estamos cansados de ver esta notícia, especialmente quando já havíamos planejado participar ou pior, a inscrição já estava feita. Em meio à crise causada pela pandemia, o bom senso e a idoneidade dos organizadores está vindo à tona.

Curvas, subidas, clima imprevisível,
quem se mete nesta prova está
preparado para outras disputas,
em corridas ou fora delas.
Sinceramente, eu tinha assuntos mais interessantes para tratar aqui, apesar da falta de provas no momento atual. Mas infelizmente eu preciso usar o espaço do blog para falar de uma das mais famosas provas do calendário brasileiro, a Uphill Marathon. A prova que acontece na Serra do Rio do Rastro, SC, considerada uma das mais difíceis em nosso país, não só pela altimetria brutal de mais de 2 mil metros de ganho, mas até pela inscrição concorridíssima através de uma loteria, também foi vítima da Covid-19 e acabou tendo sua edição cancelada. Primeiramente tentou-se adiá-la para o início de dezembro, mas a situação de alastramento da doença, especialmente na região Sul neste momento, fez com que a organização cancelasse definitivamente a edição 2020.

Atitude sensata, os próprios corredores já vinham pedindo isto nas redes sociais a algum tempo, mas o problema começou quando a organizadora X3M Sports Business resolveu oferecer opções para os inscritos que no mínimo ridículas. Nenhuma delas contemplava exatamente o que os corredores queriam, transferência automática da inscrição para a próxima edição, supostamente em 2021. 

Esta seria minha primeira participação na prova, já havia sido “sorteado” em anos anteriores, mas resolvi não dar continuidade na inscrição. Neste ano, a brincadeira total ficou em quase R$ 500,00 com loteria, inscrição, taxas e serviço de ônibus de volta à largada.

Aquele momento de alegria quando chega a convocação...
e pensar na dor de cabeça que estamos tendo agora!

Então, com este valor salgado (que dá para pagar umas 4 ou 5 provas locais), nos foram dadas as seguintes alternativas (comentários por minha conta):

1 – Doar o valor da inscrição (abatidas as taxas) para o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, em Lages (unidade de saúde que mais recebe pacientes vítimas de COVID-19 na região).

- Atitude nobre, mas sinceramente, que garantia temos que realmente serão mesmo doadas? Deixe que eu escolha as doações e instituições que desejo ajudar.

 2 – Ser reembolsado do valor integral da inscrição conforme MP 948/2020.

- Essencialmente, o organizador poderia pagar em até 12 meses após o final declarado da pandemia (que como sabemos, não tem data para acabar)

3 – Reverter o valor total da sua inscrição em vale-compras na exclusiva Uphill Store.

- Comprar quinquilharias de uma prova que eu não corri? Camisetas, squeezes, badulaques com o logotipo do evento? Sério, uma baita grana gasta em tranqueiras, num momento como este?

E a melhor de todas, que eu apelidei de “pacote de maldades”:

4 – Transferir sua inscrição para a edição virtual extraordinária Uphill Marathon 2020 VR e escolher a distância que quiser correr (5K, 10K, 25K, 42K ou 67K).

+ o kit finisher Uphill Marathon 2020 VR em casa, com frete grátis;

- Prova virtual, no valor da inscrição da Uphill? Tá de brincadeira, né? Frete grátis... é o mínimo que poderia ser feito!

Não responda, pois você ainda ganha:

+ voucher com desconto acumulativo de 20% na Netshoes, limitado a R$1.000,00;

- Ou seja, gastar mais dinheiro em equipamentos de corrida que, ops, não necessariamente dá para usar agora. Ah, e eu tenho programas de fidelidade que já me proporcionam este mesmo desconto da Netshoes.

E como se não bastasse:

+ vale-compras (de R$ 100,00 a R$250,00) para usar na Uphill Store (www.uphillstore.com.br);

- De novo, bugigangas com o logotipo de uma prova que eu não participei

 Mas a “maldade” do pacotão está aqui:

* direito de comprar uma inscrição para Uphill Marathon 2021, 2022 ou 2023 (para ter um fôlego financeiro, você escolhe o ano que quer participar) sem passar pelo sistema de loteria.

- ênfase no “comprar”

RESUMINDO: PAGAR DE NOVO A INSCRIÇÃO EM 2021, 22, 23... SABE-SE LÁ QUANDO!!!

Tem mais:

Se o prazo para resposta se esgotar e o atleta não tiver respondido o formulário, o valor da inscrição ficará em aberto em nosso sistema como créditos até 29 de Julho de 2021 para compra de inscrição e/ou produtos (sendo estes inscrições para as provas Warm-up 5K, Warm-up 10K, Uphill Kids Run no evento de 2021 ou produtos Uphill Store).

PRA QUEM AINDA NÃO ENTENDEU: PAGAR DE NOVO A INSCRIÇÃO EM 2021 OU BUGIGANGAS !!!

Na íntegra: Comunicado Uphill Marathon 2020

Eis o motivo de tanta revolta por parte dos atletas que passaram a detonar o organizador nas redes sociais: nenhuma destas alternativas oferece ao corredor a possibilidade de troca imediata para 2021, sem custo!

Um único elogio ao cancelamento: no vídeo explicativo, publicado quando a prova foi oficialmente cancelada, é dito que a preocupação também ocorria quanto às cidades que iriam sediar o evento, como Criciúma, Treviso, Bom Jardim da Serra e Lauro Muller. Sim, você aí, sentadinho com o celular ou na frente do computador, pode estar cercado de uma vasta rede de hospitais, mas não necessariamente isto ocorre no restante do país. Temos sim que pensar em não levar o tal vírus para outros locais, e esta é uma causa nobre e muito bem pontuada pela organização.

Mas nós corredores somos consumidores, especialmente porque abrimos a carteira para um produto diferenciado, que não custou barato para ninguém, e por isso mesmo exigimos um pouco mais de tato da empresa que organiza o evento. Dois exemplos que eu faço questão de elogiar aqui contando “o milagre e o santo”, Maratona Internacional de São Paulo e Ultramaratona de Revezamento Bertioga Maresias. Ambas tentaram também remarcar seu calendário, adiaram por prudência para 2021 e transferiram automaticamente os inscritos:


E mesmo assim, com tantos outros exemplos, a organização da Uphill decidiu calar-se e criar um clima de “estamos te dando várias opções, não reclama e escolhe aí”? Muitos corredores tentaram contato, criaram grupos de Whatsapp, postaram comentários, ameaçaram entrar na Justiça, e a organização, calada o tempo todo. Enviei um e-mail com toda a educação possível pedindo para que considerassem a opção de transferência, mas deixei claro que se necessário procuraria meus direitos. Resposta copiada e colada, nem se deram ao luxo de ler.



Pois bem, chegamos ao fim da primeira parte desta estória. Digo isto pois não sei que rumo irei tomar, procurar órgão de defesa do consumidor, juizado, etc. Porém deixo claro que já registrei reclamação no site Reclame Aqui, independente do caminho que será seguido.

Gostaria, de verdade, escrever uma segunda parte deste post informando que chegamos a um acordo com a organização, que estamos transferidos para 2021 e que faremos o melhor para que a prova seja grandiosa. Mas até o momento, isto parece apenas uma ilusão.

Este é um blog pessoal e eu, na qualidade de consumidor que pagou pelo serviço, tenho todo o direito de expressar minha indignação quanto ao assunto pela forma como vem sendo tratado. Em caso de qualquer tipo de intimidação, medidas respaldadas pela Justiça serão tomadas na máxima extensão que a Lei permitir.

domingo, 26 de julho de 2020

Aquele ajuste fino no seu app de corrida


As corridas virtuais, impulsionadas pela pandemia, jamais seriam possíveis sem dispositivos de medição como relógios GPS e smartphones. Mas, e quando o queridinho de muitos corredores, o tradicional Strava, não marca a distância corretamente? Sim, isso tem solução...

Na postagem sobre a Race The Comrades Legends pode até parecer que eu estava louco para falar mal do Strava, mas não é verdade. Como disse antes, sou fã do aplicativo, mas ele já vinha a algum tempo registrando coisas bizarras, como 1 Km em 56 segundos (tipo um jato comercial) e isto estava acabando com a minha paciência. No dia da importante corrida virtual que foi a Comrades Virtual, só por segurança eu fui com um relógio TomTom que marcou corretamente a distância, enquanto a marcação do celular acusava 3 Km a mais. Trocar de aparelho? Instalar outro app? Nada disso.

Pode até parecer post patrocinado, mas a intenção mais uma vez é compartilhar um pouco de conhecimento de corrida com quem acompanha o blog. Sem querer dizer quem é melhor ou pior, entre os aplicativos que registram as passadas pelas ruas, tenho usado o Strava nos últimos tempos, apesar de que peguei o gosto por este tipo de app após anos usando outros como Nike+ e Runtastic. Também não é um texto “mágico” que vai te ensinar truques ou qualquer outra gambiarra, apenas uma compilação dos problema que eu enfrentei e como foi resolvido.

Primeiro, olhe atentamente as figuras abaixo e diga: o que há de errado nelas?

Acredite, estes dois mapas registrados pelo Strava foram feitos através do mesmo aparelho celular, e pasmem, o da esquerda em um dia sem uma única nuvem no céu! Este estágio de “assim não dá” foi atingido quando eu não sabia mais o que fazer para ter uma marcação descente no celular, o que me levou à esta página do próprio fabricante do Strava:

(thank you guys from Strava, excelent tips!)

Desconfiado se estas coisas simples descritas no texto iriam realmente funcionar, experimentei algumas delas no aparelho Samsung que utilizo para correr:
  • “Configurações > Aplicativos > selecione o menu no canto superior direito > Acesso especial > Otimizar o uso da bateria > Todos os aplicativos > DESATIVAR para o Strava.”
  • “Tente usar o aplicativo Strava para gravar por 10 minutos, permitindo-o procurar sinais sem obstruções e mantendo-o completamente imóvel.”
  • “Tente usar um dos aplicativos gratuitos que fornecem informações detalhadas sobre o GPS.”
Anos de trabalho na área de Sistemas da Informação me ensinaram que não se implementa mais de uma correção ao mesmo tempo, mas resolvi seguir estas 3 indicações e ver se a situação melhorava.  A figura da direita ali acima mostra que soluções simples muitas vezes resolvem problemas que parecem sem resposta.

Duvida? Mais um exemplo abaixo:


Caso você esteja tendo problemas com seu smartphone, vale a pena consultar este material do fabricante e tentar seguir estas recomendações. Também é bem possível que algumas dessas dicas resolvam problemas de precisão com outros aplicativos, ou seja, vale a pena tentar.

Mas não importa qual aplicativo, 
todos eles tem uma “kriptonita” difícil de vencer...
...céu nublado, carregado de nuvens, nessa hora 
não tem sinal de satélite que chegue certinho no seu celular!

O que eu realmente gosto no Strava...

... é a função “Beacon”! Não sei se no futuro próximo continuará com este nome, pois algumas mudanças na assinatura foram anunciadas recentemente, mas esta é uma genialidade que eu não me importo de pagar a assinatura anual (menos de R$ 5,00 por mês na média).

Atualmente funciona da seguinte forma: antes de iniciar uma corrida é exibida um controle para que o corredor envie a localização para outros contatos por SMS ou outras ferramentas de mensagem do aparelho celular. Eu prefiro também compartilhar o link do SMS gerado via Whatsapp, de forma a facilitar o acesso.

À medida que a corrida é realizada os dados são carregados na internet e seu contato saberá onde você está, inclusive quanto ainda tem de bateria no seu
celular e quando você finalizar a atividade. Resumindo, qualquer eventualidade será mais fácil de ter ao menos a sua última localização.

Novamente, apesar de eu gostar do Strava o intuito do texto é ajudar os corredores que também o utilizam e que podem estar enfrentando este mesmo tipo de situação.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Comrades Marathon, em sua edição virtual


Nem mesmo a ultramaratona mais famosa do mundo escapou da pandemia, e seguindo a tendência das outas provas afetadas, também foi disputada em formato virtual.

Você já deve estar cansado de ouvir falar de “pandemia”, “isolamento social”, “distanciamento”, mas o que deve realmente deixar o corredor chateado são as expressões “prova adiada” e “prova cancelada”. Quem não tem ou teve uma corrida já inscrita (e paga, é claro) transferida ou cancelada no meio desta bagunça que está o ano de 2020? E como não poderia deixar de ser, a ultramaratona Comrades Marathon, que estaria completando 99 anos de existência neste ano, também teve sua edição cancelada por conta do coronavírus. Planejar e realizar uma viagem à África do Sul, preparar-se durante meses e depois para correr 90 Km em menos de 12 horas com pontos de corte ao longo do percurso, bom, eu sei como é isso na pele, na sola do tênis e no bolso (veja as postagens da minha Comrades 2018 para saber um pouco mais). E faltando um mês para o evento, descobrir que a prova foi cancelada... até eu que não iria neste ano senti a maior tristeza
O dia em que o cancelamento foi
oficialmente anunciado...
no dia que a organização oficializou o cancelamento da edição 95, que aconteceria em 14 de junho. Mais uma prova que foi vítima da pandemia, deixando 27.500 inscritos do mundo todo absolutamente desolados.

...e o novo evento que surge!
Entre regras de transferência para próximas edições para os corredores de outros países, envio de kit para os sul-africanos e muitas reclamações nas redes sociais, a CMA (Comrades Marathon Association) lançou um desafio virtual a ser completado no mesmo dia em que a prova ocorreria. Nos mesmos moldes que as corridas virtuais vêm tomando conta do mundo, o objetivo seria definido com metas de 5, 10, 21, 45 ou 90 Km a serem percorridas pelos corredores em qualquer parte do mundo. Para os sul-africanos inscritos na Comrades cancelada, a participação estaria garantida, mas o convite estava aberto a outros corredores do país com taxas no valor de 150 Rands (menos de USD 10) e para atletas internacionais pelo valor de USD 25. Uma medalha real fazia parte do pacote, prometida para após alguns meses aos que concluíssem a distância escolhida no dia 14/06, e é claro, a possibilidade de comprar uma série de itens colecionáveis com o nome da edição virtual: Race The Comrades Legends, pois fazia alusão que muitas das lendas da prova estariam correndo ao mesmo tempo, e você estaria no mesmo dia enfrentando grandes campeões de todas as épocas.

de 5 a 90 Km, era só escolher o "sabor" do desafio
E quem vai pagar esta quantia para participar de uma prova virtual e sabe-se lá quando ganhar uma medalhinha do evento? Eu te digo: 43.788 inscritos de 103 países, e o país estrangeiro com maior número de participantes... Brasil, com 1.742 corredores! Pelo menos um número que nos orgulha neste momento.


Quando se fala em Comrades, nada é pequeno, nenhum número parece absurdo, afinal, quem se inscreve numa edição real tem 90.184 metros entre a largada e a chegada (na down run). A regra era muito clara: independente do fuso horário, entre 00:00:00 e 23:59:59 do dia 14 o corredor precisaria registrar e comprovar de alguma forma a distância proposta, sendo passível de desclassificação em caso de “maracutaias” ou não comprovação.

fácil, não requer prática nem tampouco habilidade
Como a maioria dos corredores já utiliza relógios GPS, smartphones com aplicativos de corrida e todas as outras parafernálias digitais que medem distâncias, seria fácil cumprir a regra. Minha escolha: 10 Km. Apesar da distância predileta para todos os momentos ser 21 Km (meia maratona), meus treinos de corrida foram reduzidos a horários e dias específicos devido à pandemia, portanto seria arriscado percorrer uma distância destas de uma hora para outra, sem contar na possibilidade de erros dos dispositivos de medição – já falaremos sobre isso.

E o domingo 14 de junho amanheceu nublado em São Paulo, bom para correr, mas péssimo para depender dos satélites que fornecem as marcações aos dispositivos (calma, eu já explico a preocupação!), mas vamos lá assim mesmo. Se o dia estivesse sem nuvens, eu largaria um pouco antes de clarear para lembrar um pouco da Comrades real, pois acredite, quando você larga às 05:30 da manhã e vê aos poucos o sol marcando o contorno das montanhas sul-africanas rodeado por um pelotão de mais de 20 mil atletas, não tem nada mais inesquecível na vida de um corredor. Sem paisagem, mas com parte da tradição: antes da largada uma sequência de músicas e efeitos sonoros anuncia a prova real, entre eles a canção africana Shosholoza e o tema do filme “Carruagens de Fogo”, então vamos colocar estes 2 temas no celular para ouvir na minha “largada”. Quer saber como é esta sensação lá? Veja este vídeo, que coincidentemente é de 2018 (e eu devo estar aí no meio):

créditos: Marathon Whisperer

Era o mínimo que eu podia fazer, agora é concentrar nos 10 Km, que não tem sido minha distância de treino nos últimos 3 meses, desde que o isolamento social acabou com todas as provas de rua em que eu estava inscrito, além de ter me mantido em casa treinando na bike ergométrica durante a semana e treinos curtos nos domingos de madrugada. Também deixei o percurso bem plano, não por questão de velocidade, mas o percurso elevado teria que ser em algumas avenidas com prédios, e sabe como são estes dispositivos de medição... OK, vamos falar deste assunto, já que a única novidade num percurso de 10 Km era correr de máscara.

nem parece que relógio e smartphone estão no mesmo braço!
Sabendo que o aplicativo Strava vinha fazendo certas “stravisses” nos últimos tempos, marcando tempos e trajetos absurdos (motivo de outro post em breve), levei comigo um relógio GPS TomTom Runner, o qual poderia ser o tira-teima, ou o VAR em termos mais atuais, caso o smartphone marcasse alguma bobagem que poderia ser invalidade no registro. Não deu outra, enquanto o relógio marcou direitinho o percurso de 10,83 Km, meu smartphone registrou 14,09 KM, num ritmo alucinado de 05:32 minutos/Km para quem está sem muito treino de corrida.

após carregado, o arquivo GPX já identifica
os dados para validar a corrida
Tanto o site do Strava quanto o MySports do relógio geram um arquivo no formato GPX, que pode ser então carregado para estes sites de corrida virtual, sendo que a “gordurinha” acima da distância proposta é cortada e o tempo final ajustado proporcionalmente, o que me renderia um certificado digital e uma posição na classificação geral do evento virtual:

os resultados aparecem em um painel com os mesmos dados
e formato de uma Comrades real!

mais uma vez, reconhecido pela Comrades!
Nada substitui uma prova de verdade, onde a menor preocupação antes da atual pandemia era ficar longe das pessoas. Na Comrades você nunca está sozinho, seja pelo imenso pelotão ao seu redor, pelo staff a cada 2 Km em enormes mesas com todos tipo de líquidos e guloseimas ou pela torcida ao longo de todo (sim, todo) o trajeto. Mas é o que temos para o momento, e o fato de estarmos com saúde suficiente para um evento virtual nestes moldes, já é mais do que um motivo para se sentir um felizardo.

Polly Shorts ou Cowies Hill?
antes fosse, são apenas as subidas da Zona Norte de São Paulo
diminuindo (ainda mais) a minha velocidade...
Algum dia esta medalha vai chegar, e será recebida com alegria. Enquanto isso, o site com o resultado fez uma comparação que eu não gostei: através de uma projeção, disse que naquele ritmo eu terminaria uma Comrades real em mais de 16 horas e portanto, seria desclassificado...

isso é provocação!

Deixa ver se eu entendi...

quem sabe na próxima
vai ser sem máscara
...está duvidando de mim, dizendo que eu não consigo correr 90 Km em menos de 12 horas de novo?

Quer resolver isto no asfalto?

A gente ainda vai se ver de novo, Dona Comrades, e aí a coisa não será “virtual”...

Mas por enquanto: Thank you Comrades Marathon, see you soon!

Um pouco mais sobre o evento:



(eu sou fã do Strava, por isso em breve vamos falar como "afinar" o relacionamento de seu smartphone com os satélites e obter uma marcação precisa)