quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Subindo a montanha, na Volta ao Cristo

Quando os preços das corridas já começam o ano reajustados, os circuitos permanecem os mesmos (ou pioram, como em alguns casos) e a mesmice se instala, o jeito é procurar novos desafios. A melhor opção envolve quase sempre pegar a estrada e passar o final de semana fora, emendando, é claro, com uma corrida. E então aparece aquela prova que você sempre ouviu falar que era casca-grossa, mas que mesmo assim não deixava de ser imperdível, aliado ao fato de você realmente merecer (ou precisar) de um final de semana longe de casa. Lá vou eu para a 33ª. edição da Volta ao Cristo,
em Poços de Caldas, encantadora cidade mineira perto da divisa com São Paulo.

Inscrição com preço razoável, R$ 70,00, sem prometer badulaques no kit ou firulas que só vão entupir as gavetas do corredor, apenas camiseta, número de peito, chip retornável e medalha. Acomodações arranjadas em um bom hotel da região central da cidade, e pega-se a estrada para 3 horas de viagem sem trânsito, afinal de contas a paulistada foi toda para a praia, deixando as vias para o interior livres. Chegando à cidade é só fazer um curto desvio para parar no estádio e pegar o kit, tudo simples e bem organizado. Na sequência um agradável tour pela bela Poços de Caldas, visitando alguns pontos turísticos e é claro, o reconhecimento do terreno que nos espera no dia seguinte, ou melhor a temível subida que leva à estátua do Cristo Redentor.

Vou explicar:


Domingo, 09:00 da manhã, 1.500 guerreiros se alinham para a largada para os 16 Km, sendo que vamos dividir este “queijo” da seguinte forma: 5 Km no plano pela
cidade, com boa divisão do trânsito e respeito dos motoristas, passando pelo centro onde o público incentivava os corredores. Agora são 4 Km de subida, mas não é aquela ladeirinha que você encaixou no treino, é uma pirambeira pauleira que faz a maioria andar em quase toda sua extensão.

E não é só andar, de vez em quando você precisa andar de costas, pois devido à inclinação, sua coluna vai ficar toda dolorida por estar projetando o corpo à frente. O pessoal tenta engatar um trotinho mas não aguenta muito, então volta a andar o mais rápido que pode. Quase chegando ao ponto mais alto, o ex-combaente Sr. Gonçalo está lá tocando suas marchinhas militares e saudando os corredores, que param, vão cumprimenta-lo e é claro,
fazer selfies. A hidratação ficou um pouco para trás, no início da subida, neste ponto e no final da subida, minimizando os locais onde poderiam ser descartados copinhos, uma boa sacada da organização. E assim vai, até chegar à estátua do Cristo, onde a visão compensa qualquer subida.

Vou explicar:



Agora é só descer, e dá-lhe joelhos, pois a pirambeira inverte o sentido e o jeito e deixar a gravidade falar mais alto e te empurrar para baixo, em uma estradinha de terra de uns 2 Km e mais um
pouco de asfalto em descida. Vai doer no dia seguinte e depois, tenha certeza, mas a sensação de velocidade é incrível, basta controlar para não ir de boca no chão. E a chegada, em grande estilo, no estádio municipal, com medalha, kit de frutas, boa dispersão e até um chuveiro público para quem quiser tirar o suor do corpo! Depois de 01:59:24 terminei a jornada, inteiro, pelo menos até o dia seguinte.

o GPS não ativou logo no início, daí a diferença de tempo e distância

Só posso dizer que adorei a prova, não necessariamente no próximo ano, mas eu volto um dia, vale a pena todo o sacrifício do percurso!

Algumas dicas:

Onde treinar? Em São Paulo você pode enfrentar a subida do Pico do Jaraguá ou a do Parque da Cantareira (Núcleo Pedra Grande) na Zona Norte para ter uma ideia do que é subir sem trégua. A segunda é mais tranquila, pois a trilha asfaltada só permite a passagem de carros do parque, a outra é mais “pop” e você vai cruzar com outros corredores, mas precisa ter cuidado com o trânsito.

Onde ficar? Recomendo o Carlton Plaza em Poços de Caldas, talvez não seja a opção mais econômica da cidade, mas você não vai se arrepender, excelentes acomodações, ótima localização e refeições extraordinárias (mais do que um corredor merece, entende?)