quarta-feira, 30 de março de 2016

Beleza e dureza na Igaratá 23K

Sair do asfalto já é, por si só, motivo de alegria para muitos corredores. Mesmo que não é ligado nas provas de trilhas, um percurso um pouco mais acidentado e com visual desenhado pela natureza já ajuda a quebrar um pouco da rotina da corrida. Próximo à capital paulistana, distante menos de 100 Km, a prova Igaratá 23K traz para a cidade que dá nome à corrida e à represa próxima uma legião de corredores da região que buscam um desafio mais intenso que simplesmente as ruas. Prova bonita, ambiente agradável, e pela segunda vez participei do terrível percurso pouco maior que uma meia maratona, especialmente no que se refere a subidas e descidas. Seria nota 10, se não tivesse alguns pontos a melhorar no quesito organização, que foi eficiente, mas que poderia ter caprichado em alguns pontos.

Vamos começar pela entrega do kit. Por ser uma prova que essencialmente irá atrair pessoas de outras cidades, uma pequena estrutura de distribuição no próprio dia já resolveria o problema. Para os paulistanos, como este aqui, era obrigatório retirar uma das 2 opções de kit (completo ou simples, uma boa ideia) em duas opções de data na própria semana em uma loja de esportes na região de Moema. Até aí tudo bem, a questão era o horário até 18:00, em uma área sujeita a trânsito pesado. Mesmo trabalhando a menos de 5 Km do local, levei quase 1 hora entre ida e volta, sem contar o tempo de fila, pois não tinha como retirar no final do dia. Enquanto aguardava em pé pela minha vez, a palavra “incoerência” não saia da minha cabeça.


Com horário de largada um pouco mais tarde, aí sim pensando nos corredores de outros locais, a simpática cidade de Igaratá recebeu uma quantidade considerável de veículos, tumultuando o trânsito, mas foi fácil estacionar nos arredores da largada. Uma falha que deve ter causado alguns transtornos foi quanto aos horários diferenciados para os corredores de 10 e 23 Km, pois estes largavam 15 minutos mais cedo. Sistema de som pouco eficiente no momento da largada e na divisão de percurso percebi que alguns haviam saído
antes dos demais, o que naturalmente gera resultados incorretos. E é claro, vamos acrescentar o fato “não leio o regulamento nunca”, que é comum aos corredores de rua, portanto a desinformação quanto aos procedimentos.

Mas o percurso compensa tudo isso. Estradas de terra batida, um pouco de trilhas, por assim dizer e muito sobe e desce em montanha. É divertido ver o pessoal lá na frente, no alto, e você sabendo que ainda tem aquela pirambeira toda para alcança-los. Como estamos falando de uma área rural, é comum cruzar com vaqueiros, gado e muito, muito verde. A hidratação, também no regulamento que alguns não leram, era feita através de garrafões de água para abastecimento de squeezes e mochilas, portanto não havia copinhos para quem não prestou atenção aos detalhes. Bem organizado, mas no Km 13 faltou água, e olha que ainda vinha muita gente depois de mim.

fonte: Xcountry series

Não vamos ficar falando só do que o organizador acertou ou errou, no geral a prova foi muito boa, dado que a estrutura é fora dos centros urbanos. A grande crítica vai para alguns corredores, desprovidos de educação e senso de responsabilidade, que emporcalharam a trilha com embalagens de gel de carboidrato, entre outros lixos que não faziam parte da paisagem. Ao longo do percurso fiquei horrorizado, não pelo volume, mas por ver que alguns realmente não tem qualquer noção de conservação do meio ambiente.

E após 02:49:18 cruzei o pórtico de chegada, carregando nossa linda e majestosa bandeira neste período tão difícil que vivemos. O fotógrafo Marcos Viana "Pinguim"
estava lá e registrou o momento nesta bela foto. O que justifica uma diferença tão grande para a última maratona há exatamente um mês atrás, quando fiz 21 Km em 02:13:08 é a dureza do percurso. Subidas de até 4 Km de extensão e inclinações que variam até 28 graus, é de se imaginar que não dá para fazer a proporção de “apenas mais 2 Km”.

É claro que eu volto, prova deliciosa e bonita, apenas fica a crítica aos pontos relatados, que não tiram de maneira alguma o brilho do evento.


terça-feira, 15 de março de 2016

Reflexões, resoluções e a Meia Maratona Internacional de São Paulo

Aí você vai dizer: este blog parece abandonado, nunca tem nada de novo! Concordo, o blogueiro estava um pouco afastado, e acredite, vai continuar afastado mais um tempo e com poucas oportunidades para contribuir com algo novo em termos de corridas e esportes similares. Deixou de correr? De jeito nenhum, comparativamente eu estou correndo mais que nos anos anteriores, apenas participando de bem menos eventos. Tanto pela forma seletiva de encontrar provas que se enquadrem nos meus objetivos, quanto pelos fatores preço/repetição/organização, ou tudo junto.

Mas como é extremamente chato viver só de treinos, o jeito é colocar uma prova aqui ou ali, pois estas competições servem para testar o quanto se está evoluindo em direção ao objetivo final. E uma que não poderia faltar no meu calendário e plano de voo é a Meia Maratona Internacional de São Paulo, que ocorreu no último dia 21/02. Prova já tradicional para os corredores, especialmente aqueles que já começam o ano procurando um evento de duração maior que as provas de 10 K que recheiam os finais de semana da maioria das cidades, mais uma vez seguiu os moldes já definidos de entrega de kits, regulamento, local e outros detalhes que os leitores já viram aqui e em outros textos diversas vezes. Então vamos falar do que realmente importou nesta prova. Em resumo:
- organização eficiente e muito boa
- percurso alterado mais uma vez, e para pior, mais uma vez

Realmente não tenho reclamações do organizador Yescom, no que diz respeito ao evento eu não percebi falhas graves que possam “condenar” a organização por qualquer motivo, mas é claro, tem sempre aquele corredor que viu este ou aquele problema. Cada um, cada um. Minha ressalva é quanto ao percurso, que a cada ano passa mais longe da região dos bairros Luz e Bom Retiro, trechos já consagrados que nas edições anteriores permitiam aos corredores passar pela R. José Paulino e na frente Estação da Luz, dando todo um charme ao roteiro. Ao invés disso, o trecho foi substituído por uma enfadonha sequência de quarteirões e curvas noventa graus nas proximidades da Av. Rio Branco. O motivo: a ineficiência da gestão pública (ou falta de interesse) em extinguir a famosa Cracolândia, reduto de viciados e traficantes que assola o outro lado da Av. Rio Branco. Pensando obviamente na segurança dos corredores, o trajeto deixou de contemplar pontos históricos da cidade, meramente para evitar cruzar grupos tão distintos.


Ridículo? Sim, mas não vou discutir políticas públicas aqui. Fui lá, aproveitei meus objetivos nos 21 Km e até baixei meu tempo com relação ao ano anterior, terminando o duro e abafado percurso em 02:13:04, em uma prova considerada de bom nível técnico. Inscrição feita no lote promocional há mais de 6 meses, paguei o valor justo de R$ 50,00, afinal, eu já sabia que iria participar e valeu a pena adiantar o investimento. Sugiro aos corredores planejar suas provas com antecedência e aproveitar os lotes promocionais, pois em tempos de crise, gastar dinheiro com inscrições altas pode não ser uma boa ideia.

E o ano começou. Não fuja, o blog ainda está aqui, o blogueiro também. Se eu já achava difícil conciliar um trabalho normal e as corridas, fazer tudo isso e ainda colocar treinos específicos está mais complicado ainda.

Então fica a dúvida: o que o Rinaldo realmente está aprontando?

Em breve.