domingo, 24 de maio de 2015

XXI Maratona de São Paulo e o (meu) planejamento que não deu certo

Existe uma grande diferença entre previsto e realizado em qualquer projeto que o ser humano se meta a realizar. Mas é preferível ter um realizado abaixo do previsto do que não ter plano de ação algum. Completar uma maratona não deixa de ser um projeto, do pessoal que chega lá na frente ao que recebe a bandeirada final, entrar na competição de 42.195 metros sem nenhum (pelo menos um) plano é receita para o desastre. Pensando nisso, passei meses revisando o plano, e mesmo assim as coisas não saíram como deveriam.

Minha décima primeira empreitada na distância, tirando-se a do Ironman, quinta na prova que acontece em São Paulo, e neste ano parecia que as coisas iam sair do meu jeito. Eu funciono bem melhor no frio, ao contrário do clima desértico do ano anterior, quando a prova aconteceu em outubro debaixo de 37 graus de temperatura. As gélidas temperaturas da semana anterior indicavam que teríamos em
torno de 17 graus no início da manhã, chegando no máximo aos 23, mesmo que com sol. Perfeito, então vamos aproveitar para baixar o tempo, correto? Mas a temperatura não é o único fator em uma prova.

Depois de tantas críticas e mudanças, o percurso da Maratona de São Paulo voltou ao quase já consolidado sai do Ibirapuera-vai para o Jockey-vai para o Parque Villa Lobos-volta para a USP-Jockey-Ibirapuera de novo. Nada de Marginal Pinheiros fritando o cérebro dos corredores, vamos ficar com o tradicional. Com boa organização na entrega de kits, arena do evento e largada pontual, partimos para as esquisistas distâncias de 5 milhas (8.047 metros), 15 milhas (24.140 metros) e 42 Km. Estranhas, pois se a prova se diz internacional a ponto de apresentar a conclusão em milhas, deveria também ter esta indicação nas placas ao longo do caminho. Vai entender.

E lá vou eu, munido de um planejamento ousado, onde já previa uma queda de ritmo na segunda metade do percurso. Tudo calmo até o Km 21, onde passei na mesma marca de sempre, 02:18:00. Parece que só tenho este número mesmo para a distância, mas está bom, até um pouco abaixo do planejado. Continuei aproveitando o clima agradável da manhã gelada e quando cheguei ao 26, a coisa começou a complicar. Já na chatérrima Av. Politécnica, o ritmo começou a cair e precisei tirar o pé do acelerador. Mesmo assim, continuava “correndo”, enquanto
muitos já começavam a caminhar. Mas ao entrar novamente na USP, a coisa complicou e o temido Km 28 chegou. Pelo menos para mim, atravessar do 28 ao 32 é o a mesma coisa que contornar a Lua, você fica no escuro e sem comunicação com a Terra durante um bom tempo.

Quando cheguei ao 32, queria literalmente correr atrás do prejuízo, pois ainda dava para fechar na meta de menos de 5 horas de prova. Mas o corpo estava cansado, sei lá por que, e simplesmente não ligava os motores. Trotava e andava, mas não conseguia engatar a marcha. E fui assim até o final, estourando em 33 minutos minha meta, mas concluindo mais uma maratona.

Pelo menos, uma bela medalha...


Se estou triste? Sim, um pouco. Mas pelo menos sei que foi melhor ter um plano e me basear nele para saber o quanto dava para cumprir o previsto do que simplesmente pular de cabeça e ver o resultado só no final. Ainda tenho muito que aprender, mas daqui para frente até corrida de 5 Km vai ter planejamento.

Ou eu nem calço o tênis para sair de casa.

Apesar de não ter encontrado tantos colegas pelo percurso desta vez, agradecimentos especiais à amiga Ivana do blog Status: Na Correria, que só me encontrou ao final de sua jornada de 15 milhas e cedeu gentilmente sua água de coco (fez a diferença!) e ao pessoal da equipe do Adriano Bastos, que ajudava os corredores depois do Km 30 e ofereceu um gole de Gatorade (também maravilhoso). E é claro, ao pessoal da fruta do Km 35, que sempre traz aquelas laranjas deliciosas no momento mais cítrico, oops, crítico, da prova. Não vou esquecer do pessoal do Km 40 que oferecia castanhas e balinhas, apenas não peguei pois o estômago não aguentava mais nada.