segunda-feira, 26 de março de 2012

Circuito Popular, Etapa Sé: excelente percurso e algumas falhas

Cavalo dado não se olha o chip, é o que diz o ditado. Mesmo assim, quem acordou cedo no final de semana merece atenção ao participar de uma corrida de rua, mesmo gratuita. Neste último domingo aconteceu a primeira etapa do Circuito Popular de Corridas de Rua da Prefeitura de São Paulo, Subprefeitura Sé. De graça e com os apetrechos normais de uma corrida (camiseta, chip, hidratação, número de peito e medalha), a prova foi um sucesso de percurso, com os corredores elogiando após o final, mas mal organizada em alguns pontos.

Começa pela inscrição: limitada a 2.000 vagas, é um parto para descobrir quando e onde estarão disponíveis para o público em geral, pois quem está ligado aos órgãos da Prefeitura do Município sabe exatamente as coordenadas no tempo e espaço. No meu caso, uma dica de outro corredor (aliás, obrigado colega Edson) permitiu que eu estivesse no local certo e hora certa para fazer a inscrição gratuita na prova, porém não considero este critério justo. Se a corrida é para a população, então não devemos beneficiar os funcionários do órgão, onde estes deveriam ter sua participação garantida sem a necessidade de lotar as inscrições para o cidadão comum (e que paga bastante impostos para a Prefeitura).

No dia do evento é feita a retirada de chip, número de peito e camiseta. Apesar de organizada por número de inscrição, foi lenta e gerou um atraso de mais de 20 minutos na largada. Na minha humilde opinião, já expressa aqui várias vezes, quem não sabe cumprir horário e chega em cima da hora não merece largar com os demais. Mas o que achei inadmissível foi a insensibilidade da grande maioria dos participantes, pois na ficha de inscrição constava que o corredor deveria levar 1 Kg de alimento não perecível para doação a entidades carentes. Num cálculo aproximado, contei 1 em cada 10 corredores com alimento na mão ao retirar o chip. Lanço aqui a seguinte campanha:

Quando a prova solicita a entrega de alimento ou doações para entidades, o atleta que não leva não recebe camiseta. E é claro, as camisetas remanescentes são doadas para as respectivas entidades.

Se estivesse escrito na ficha que ganharia alguma coisa no dia e não fosse entregue, tenho certeza que estariam todos reclamando, mas é fácil distorcer as regras a seu favor. Como diz a música: “Brasil, mostra a tua cara”.

Nem vou gastar palavras dizendo que caminhantes e corredores novamente largaram juntos mais uma vez, isto você já deve imaginar. Porém desta vez a dispersão foi rápida e não houve atropelos, os únicos caminhantes eram os que não aguentaram o ritmo da corrida e começaram a andar, mas até aí tudo bem, palmas para os corajosos que enfrentam as primeiras passadas, todos estivemos lá pelo menos uma vez na vida.

O percurso realmente é sensacional, são 5 Km pelas ruas do Centro Velho, largando da R. Libero Badaró, seguindo pelo Viaduto Santa Ifigênia, Av. Ipiranga, Teatro Municipal, Praça da Sé e Largo São Bento, um passeio pelo tradicional centro da cidade, o qual deveria estar no itinerário da nossa maratona. Ouvi vários elogios ao percurso no final dos meus 30:16, tempo até que bom para quem estava sem treinar corrida nas últimas duas semanas e em um trajeto cheio de sobe e desce. Apesar de não servir água gelada, boa hidratação no Km 2,5 e no final, e sinalização muito bem posicionada e visível. Bonita medalha e até um certificado de participação, algo bem raro nas nossas corridas.

Infelizmente é necessário destacar o pior de todos os problemas da prova: o guarda volumes. Entregar foi fácil, retirar foi outra estória. Apesar da tentativa de organizar por números de inscrição, a coisa virou um caos, gente suada se empurrando e se amassando para tentar chamar a atenção dos que entregavam as sacolas e mochilas. Observe na foto o ponto alto da confusão: corredores “invadem” a tenda pelo lado dos fundos, cobrando a entrega das malas. Enquanto isto, no sistema de som era anunciado o pódio, e o público em geral se acotovelando para retirar seus pertences, sem prestigiar os atletas vencedores. Lamentável.

Tentei ser imparcial, tivemos pontos altos e baixos na prova. Na próxima semana tem mais uma, agora aqui perto de casa, a Etapa Santana, e sinceramente espero que a organização tenha mais cuidado com estes pontos, pois a proposta de uma corrida aberta à população é ótima, mas desmotiva quem passa por estas aporrinhações.



segunda-feira, 19 de março de 2012

Travessia Guarapiranga: levando a maratona para a água

É hora de mudar o nome deste blog: vamos chamá-lo de “Número de Braço” ao invés de “Número de Peito”, pelo menos até o final deste post. O motivo da mudança radical é o fato deste ex-sedentário ter trocado no último domingo o tênis pela touca, os óculos de sol pelos de natação em águas abertas e a camiseta pelo traje de banho. Resumindo, fui enfrentar os 2 Km de braçadas nas geladas águas na Travessia Guarapiranga, evento que está em sua quinta edição e pela estupenda organização terá vida longa e cada vez mais adeptos.

A competição já estava no meu calendário há alguns meses, então nas últimas semanas eu aproveitava qualquer brecha na minha tumultuada agenda profissional (já que eu não vivo de esporte) para poder ir para a piscina treinar o máximo de resistência. Dado o pouco tempo para os treinos, culminou com 1.500 metros quase ininterruptos na última quinta-feira, ou seja, eu ainda não havia chegado ao patamar de distância da prova. Acordei no dia do evento com aquela sensação “por que eu faço estas coisas com meu corpo?”, mas fui assim mesmo.

O evento estava marcado para as 10:30, mas para não perder o hábito de corredor, madruguei no Clube da Eletropaulo, local que sediava o evento e que fica às margens da Represa de Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo. Gravaram meu número no braço com aquelas canetas de projetor e entregaram um kit muito bom, com touca e camiseta de poliamida e a informação de que a prova não teria chips de cronometragem, apesar de constar no regulamento. Tudo bem, não tinha intenção de grandes marcas e estava com meu cronômetro. Outro fato que achei muito interessante e que merece os parabéns para a organização foi colocar no regulamento a necessidade dos atletas levarem 2 litros de óleo de cozinha para serem reciclados, diminuindo o impacto ambiental quando estes produtos são descartados diretamente na rede de esgotos das cidades. Em troca, atletas e moradores da região que também participaram desta reciclagem ganhavam um litro zerinho de óleo Liza, uma boa sacada do patrocinador.

Explica pra mim: por que não temos mais ações como esta nas provas?

Voltando à água, a frente fria que entrou de sola na cabeça do paulistano na última quinta-feira esfriou bastante a represa, mas eu já esperava não ter a mesma temperatura da piscina. Eu estava com a roupa de neoprene à postos, mas devido à experiência de “arrasto” no Simulado de Triathlon, tentei evitar desta vez, usando apenas um traje de natação tipo um maiô masculino, daqueles que o Phelps usa (se cuida que eu te alcanço!). Teve gente que estranhou a temperatura aquática e nem saiu do lugar após a largada, mas eu fiz uma aclimatação boa, ficando um pouco na água só para baixar a temperatura do corpo e depois nadando para aquecer, o que deu uma confiança danada no início da prova. Aconselho este método a todos os que se aventuram neste tipo de competição.

Dada a largada, saí pelo meio das centenas de outros atletas e até estava em um ritmo bom. Errei um pouco em não prestar a devida atenção às boias de marcação e devo ter nadado uns 100 metros a mais no total da prova, completando os então 2.000 metros em 51:38, tempo razoável para um novato neste esporte. E que esporte democrático: atletas mirins, na faixa dos 10 anos de idade, outros com mais de 70, adolescentes, magricelos e tios e tias que possuíam quase duas vezes o meu diâmetro de cintura. E todos lá, sem medir uns aos outros, simplesmente fazendo sua parte na prova e dando o melhor do seu desempenho.


Outro ponto que deve ser elogiado é a segurança do evento. Enquanto nadava, não teve uma única vez que não havia um bombeiro em jet ski ou barco por perto, sem contar os caiaques da organização. Também acompanhando o evento, policiais civis e militares. E quanto custou tudo isto? Um preço mais do que justo pela inscrição de uma prova: R$ 45,00.

Quando terminei e fui em direção à recepção da medalha e mesa de frutas, uma surpresa muito grata, que nas anteriores 130 provas de corrida e afins não havia presenciado: a organização não “entregava” e sim “colocava” a medalha em cada participante, gesto que pode parecer bobo, mas a sensação de ser “coroado” como um verdadeiro heroi olímpico é muito legal, devíamos cobrar isto dos organizadores, ao invés de receber de uma pessoa com uma luva cirúrgica que quase arranca o chip da sua mão.

Mais uma vez, uma dica para os leitores e amigos que acompanham este blog: busquem este tipo de desafio de vez em quando, é muito legal trocar a corrida uma vez ou outra por outras modalidades, você volta para as passadas com outra cabeça (e outros músculos...).

Bom, agora são duas “corridinhas” de 5 Km nas próximas semanas e a minha primeira meia maratona de 2012.

É hora de voltar para o asfalto...

P.S.: você vai perceber duas mudanças no blog desde o último post... 1) agora é necessário ter uma identidade para deixar seu comentário, evitando pessoas que não tem coragem de se identificar e 2) vou responder todos os comentários aqui, é minha forma de demonstrar que leio tudo que é escrito e que a opinião do leitor é parte da postagem.



quinta-feira, 15 de março de 2012

Eu, um completo e inútil sedentário...

Título estranho para um blog de corridas de rua, né? Mas deve ser verdade. Afinal, eu fui recentemente avaliado por um suposto profissional da área de Educação Física e chegou-se a esta conclusão. Também recebi um comentário sensacional de um pateta que nem quis se identificar, dizendo a mesma coisa. Se a revista ao lado existisse, com certeza eu seria capa da primeira edição!

Mas vamos aos fatos, é só isto o que conta, e não a minha opinião.

Situação 1: o exame médico

Todo ano eu aproveito alguma consulta médica regular com o clínico geral e peço para que o mesmo solicite um teste ergométrico e na sequência um atestado, caso esteja tudo bem, liberando para atividades físicas. Isto porque a academia que frequento (e não vou citar nomes, por enquanto) exige na renovação do plano os procedimentos de avaliação médica e física. Ora, meu convênio cobre este exame, então eu aproveito a análise de um médico que acompanha a minha saúde há mais de 20 anos para esta análise também e economizo R$ 75,00 de um exame supostamente feito por algum profissional de saúde que nunca me viu mais gordo (ou mais magro, se é que isto é possível).

Após ter sido submetido a uma série de tratamentos, ou melhor, experiências, com todo tipo de carniceiro tentando curar a minha bronquite que perdurou até a adolescência, este médico acertou em cheio em um tratamento que acabou de uma vez por todas com as insuportáveis crises, que por duas vezes me mandaram para o pronto socorro sem saber se eu sairia de lá na vertical ou na horizontal. Precisei de um guindaste para levantar o queixo do médico ao ver o resultado do ergométrico, feito em laboratório especializado. Ele definiu algo como “muito bem condicionado”, mas o que importava era seu atestado real sobre meu estado de saúde.

Situação 2: a avaliação médica

Mas não tem jeito, a ganância de quem administra estas academias passa dos limites. Mesmo com o atestado e o exame entregues, ainda é necessário pagar R$ 65,00 por uma “avaliação física”, realizada por um suposto profissional experiente da área de Educação Física.

No dia da tal avaliação, apresentei-me no horário indicado, respondi a tal Anamnese, ou seja, as perguntas de sempre (medicamentos, se fuma ou não, dorme direito, se alimenta, etc.) e vamos às babaquices de testes de sempre. No alongamento, o cara só faltou dizer que eu era um bloco de carne que não tinha a mínima elasticidade. Pedalei 3 minutos em um daquelas ergométricas que as pessoas comprar para pendurar roupa ou enfeitar sala de ginástica de prédio, e o sujeito chega a conclusão que eu estou pouco condicionado fisicamente. Fez o teste do adipômetro, mediu minha gordura corporal e só faltou me comparar ao “Jabba” de Star Wars. Curioso, mediu a gordura na minhas pernas e não disse nada... Meu peso? Cara, como é que eu aguento transportar tantos quilos? Enfim, eu não presto para nada mesmo.

Ou melhor, eu não sirvo para enfeitar a porcaria da academia. Não tenho os braços dos lutadores de MMA, ou o abdômen do cachorrão (lobisomem,acho) daquele filme melado dos vampiros. Então, quando uma daquelas beldades da recepção está mostrando a academia para alguém, o melhor que eu faço é me esconder, senão eu estrago a foto. Eu confesso que quando estou na esteira neste momento tenho vontade de dizer “deixa eu descer, prometo que me comporto”, só para desanimar quem está pensando em frequentar o recinto.

Mas você acompanha este blog, e sabe o que eu já enfrentei nas corridas e outros tipos de provas. São, atualmente, 130 medalhas que não me deixam mentir sozinho. Quando o sujeito falou que eu estava “um pouco fraco no condicionamento”, contei que havia corrido 30 Km no domingo anterior. O cara achou que era brincadeira, mas por mim ele pode ir à m...

Pensei em tomar as providências e exigir o reembolso do plano que já havia pago, mesmo que a coisa fosse parar na Justiça. Tal exame é extremamente vexatório! E ainda por cima, te mandam o resultado por e-mail e dizem que vão te policiar a cada dois meses. Experimentem fazer isto, por favor! Como diz meu advogado quando comento estas coisas, “isto dá um processinho legal”.

Situação 3: o comentário no blog

Estranhei ao receber um e-mail dizendo que uma pessoa (ou sei lá o que era, já que veio como “Anônimo”) postou um comentário em uma corrida lá do passado remoto. Olha só o que o idiota escreveu:


O que chama a atenção é que o toupeira nem sequer assinou, como bom covarde que deve ser. Eu deixei um recadinho para ele no post correspondente, assim se ele estiver lendo isto, vai encontrar o caminho e ler o que eu tenho a dizer sobre o seu comentário. Como se isto me atingisse, eu tenho coisas mais importantes para me preocupar, e “tadinho”, ele deve ser um infeliz qualquer que ganha a vida mendigando para patrocinadores, já que a performance dele é tão superior assim.

Concluindo

Em quem você acha que eu devo acreditar?
- No meu médico?
- No idiota da avaliação física, que quer que eu perca 18 quilos? (é isto mesmo, acredite!)
- No tapado que deixou o comentário?
- Nas 130 medalhas?

...Ou nos números de 2011? (eu tenho planilhas, sabe)
- Corrida: 745 Km
- Bike: 969 Km (sem contar spinning)
- Natação: 54 Km
(coloque mais umas 2 sessões de musculação e umas 3 aulas de boxe por mês).

Foi um ano cheio de trabalho, e como eu gostaria que estes números fossem pelo menos o triplo. Porém alguém tem que garantir o isotônico das crianças, então muitas vezes eu priorizo a vida profissional e deixo os treinos para quando dá tempo.

Mesmo assim, aposto com eles o valor do meu plano da academia que a maioria dos seus professores não fez nem perto disso durante o ano. E que o babaca do comentário não é tão bom assim.

Nerd sim, sedentário não!

P.S.: sinta-se livre para comentar e se quiser, deixe um recadinho para o babaca do comentário...



segunda-feira, 12 de março de 2012

Abertura Corpore 2012: mais do mesmo

Ainda bem que o “mesmo” pode ser resumido em boa qualidade e organização. Mas mesmo assim, o “mesmo”, é o mesmo de sempre (gostou da frase?). Neste domingo aconteceu a primeira corrida oficial do Circuito Corpore, a 2ª. Corrida e Caminhada Farmácia Walmart, dentro e fora da USP, como já está virando costume das provas no local. A proposta da Corpore continua sendo manter um circuito de corridas anual com os mesmos percursos, e a ideia até que é boa, uma vez que o corredor consegue medir sua evolução no ano que passou e comparar seus resultados. No meu caso, sem evolução nenhuma, continuo no meu ritmo de 06:25 por Km, o que rendeu ao final dos 11 Km desta prova, o tempo de 01:10:38, mais ou menos o que eu tinha planejado.

Voltando ao evento, mais uma vez a organização esteve muito eficiente, o que já é um sinal de conforto para quem corre. Sinalização, arena e hidratação bem distribuídos, kit pré e pós-prova dentro do esperado e pontualidade na largada. Porém, como não poderia deixar de ser, alguns fatos chamaram a atenção e serão inclusive relatados à Corpore por e-mail, afinal de contas, o valor da inscrição em R$ 60,00 está dentro do que é aceitável, mas não é por isso que não se pode cobrar da instituição algumas melhorias.

A primeira delas diz respeito à tentativa de largada em ondas. Digo tentativa pois vi que poucos corredores e caminhantes respeitaram seu lugar na largada. Na inscrição o atleta indicava seu ritmo e no número de peito era definido o setor de largada através de letras. Só que tem gente que não entende regras muito bem e largou aonde bem entendeu. As ondas diziam respeito a largadas a cada 5 minutos, mas eu pelo menos não percebi se foi realmente mantida alguma separação entre os setores. Pelas minhas contas não, pois eu estava em um dos últimos setores e passei pelo pórtico com pouco mais de 20 minutos, ou seja, intervalos menores ou simplesmente não existiram.

E para completar, a reclamação de sempre: caminhantes largando junto com os corredores! Lá pelo Km 2 eu ainda cruzava com alguns que simplesmente caminhavam, dando a nítida impressão que largaram bem lá na frente. Caminhantes geralmente criam “paredes” de amigos conversando, o que gera um cansativo e custoso deslocamento lateral para quem quer ultrapassar. Organizadores de prova, mais uma vez eu imploro: façam largadas separadas, 5 minutos é o suficiente para que os caminhantes não atrapalhem os corredores! E tirem do evento à força quem se recusar!

A camiseta e a medalha deste ano estão mais bonitas, porém eu tenho a desconfiança que esta medalha é feita daquele tipo de metal que fica manchado com o tempo. Espero que não, gostei bastante do visual. Também tivemos algumas atrações interessantes, como uma corrida de carrinhos de supermercado, onde os participantes eram sorteados pelo número de peito.

Para os mais saudosistas, fica a lembrança das corridas na USP onde encaixava-se o percurso todo dentro da Cidade Universitária, sem precisar da cansativa Av. Politécnica. Só que com tantos protestos de alunos e sabe-se lá mais quem que acha que tem direito de mandar e desmandar neste espaço, reduziram-se as vias à poucos pontos, repetitivos em todas as provas. Ainda tive a satisfação de encontrar a colega Ivana do blog No Mundo das Lulus, que ajudou a lembrar de alguns destes clássicos percursos que se perderam com o tempo.

Aberto o circuito da entidade, vamos torcer para que a qualidade das próximas corridas continue satisfatória como esta, e que sejam colocados alguns percursos novos para que não fiquemos sempre na “mesmice” de todo ano.



quinta-feira, 8 de março de 2012

Mais uma boa leitura: "42,195"

Corredores geralmente buscam livros sobre outros corredores especialmente para motivação e identificação com outras estórias de superação e sucesso. O que eu não esperava encontrar entre a estória de Fauzer Simão Abrão Júnior em seu livro “42,195 – A Maratona de desafios que superei nos meus 42 anos e 195 dias de vida por meio da corrida!” eram tantos pontos em comum com a minha própria trajetória. Já devo adiantar que eu não passei nem perto das situações extremas de saúde que o corredor relata em sua obra, mas o interessante é identificar tantos momentos em que estivemos próximos em provas e eu nem sequer imaginava que um corredor ali no mesmo ritmo e tempo de prova que eu pudesse ter tanta força de vontade a mais.

Porém as coincidências não param aí. Descobri que cursamos a mesma faculdade na mesma época, e que pelo ano que o autor informa que se formou, provavelmente ele foi um dos veteranos que “tosou” meu cabelo quando eu fui aprovado no vestibular. Mudei de curso e faculdade após pouco mais de um ano, mas com certeza nos esbarramos no campus da Escola de Engenharia Mauá sem saber que um futuro um pouco distante nos traria para o mundo das corridas. E daí, mais semelhanças no percurso.

Porém antes de falar dos feitos heroicos, é necessário destacar que o corredor sobreviveu a 5 cirurgias, 2 tromboses, 2 mortes de parentes próximos, 4 metros de intestinos removidos, ligamentos rompidos, erros médicos e mais uma porção de fatos que deixam o leitor de cabelo em pé só de imaginar. Mesmo assim, no fechamento de sua obra, só para citar alguns fatos, já eram 4 maratonas, 7 meias, 4 São Silvestres e um totla de 87 corridas. E tem gente que fica dodói e não sai para treinar só porque está resfriadinho...

As narrativas das corridas, especialmente as maratonas, são bem realistas, e como eu participei em muitas das edições que foram relatadas, posso dizer que estão descritas com detalhes que eu nem havia percebido no dia das provas. E o ritmo praticamente o mesmo que o meu, já que ele também é um sub-6-horas nos 42K com muito orgulho, igual este que vos escreve. Provavelmente fugimos do mesmo ônibus cata-morto nas edições da Maratona de São Paulo!

É uma leitura rápida, impressionante, motivadora e bem humorada, especialmente quando ele se compara ao “urso”, um coelho por ele assumido nas mais diversas corridas para mensurar o quanto estava mais rápido ou mais lento, com direito até a placar de vitórias.

Mesmo que você seja de alto rendimento, vai adorar ler este relato de alguém que enfrentou muito mais que os limites do corpo com mais de 3 dígitos de peso na balança quando iniciou nas corridas. A dedicação do autor é um exemplo de que é possível superar barreiras colossais com a corrida.