quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Corrida dos Eucaliptos: (quase) tudo errado

O compromisso deste blog, que apesar de tudo reflete única e exclusivamente a percepção do autor, continua sendo fornecer informação útil ao leitor que gosta de corridas de rua e afins. Sendo assim, eu procuro ser o mais justo possível e trazer sempre o relato mais fiel das provas, apesar de muitas vezes um pouco atrasado como no caso desta postagem. Quando tudo corre bem (opa, desculpe o trocadilho) eu falo bem e com muita satisfação, mas quando as coisas saem dos eixos o jeito é abrir os fatos e deixar o leitor chegar às devidas conclusões, mesmo que o organizador não goste.

Em busca de um desafio diferente e que não custasse os olhos da cara, optei por uma corrida de montanha, tendo duas opções na segunda metade de setembro. Acabei escolhendo a Corrida dos Eucaliptos, que é organizada pela mesma equipe da Igaratá 23K, prova esta que já participei duas vezes e que considero sensacional. O local para tal empreitada seria uma propriedade particular na região de Santa Branca, pequena e simpática cidade a menos de uma hora de viagem a partir de São Paulo, perfeito para passar o final de semana descansando e correndo. Processo de inscrição simples e valor pouco acima das principais provas metropolitanas, mas dada a logística de uma corrida rústica, totalmente aceitável. Três distâncias foram oferecidas aos corredores, 7, 14 e 20 Km, sendo que este aqui não resiste e vai direto no maior percurso que supõe-se que as pernas aguentem.

Tudo pronto, estadia arranjada na vizinha Salesópolis, vizinha de Santa Branca e tão sossegada quanto, e bem na semana da prova recebemos a informação de que o local da corrida havia sido alterado. Nada mais que 11 Km de estrada para chegar à largada, o que digamos, é complicado para quem não está familiarizado com a região. Nem discuti, simplesmente ajustei-me ao fato e prossegui com os planos de viagem, fazendo uma parada em uma hípica da região para retirar o kit. Poucas explicações do que havia ocorrido realmente para causar uma mudança tão grande, fomos informados apenas que o proprietário do local resolveu que não iria mais ceder sua área para o evento. Em minha ignorância, acredito que a melhor saída teria sido reembolsar os corredores, aguentar as reclamações e cancelar o evento, porém foi encontrada a saída de realizar neste novo local.

O excelente Hotel Soares Camargo em Salesópolis havia até mesmo providenciado uma van que nos levaria ao local da largada com preço já definido, porém este precisou ser ajustado devido à maior distância. Ao longo da estrada, corredores uniformizados no dia da prova faziam gesto de carona, pois estavam no lugar errado para a largada, sem noção de distância entre o ponto original de largada e o novo. Este, por sinal, não possuía nenhuma estrutura para o trânsito de carros, vans e ônibus que se formou, virando um verdadeiro caos.
Estrutura de guarda-volumes e retirada de kits totalmente amontoada com as barracas de assessorias, e para completar, uma largada no mínimo esquisita. No sistema de som o locutor avisava que os todos havíamos “ganhado” mais 2 Km em cada percurso! Sabemos que as maratonas foram inventadas na Grécia antiga, e isto sim era um verdadeiro presente de grego.

O pessoal dos 14 Km largou, depois o dos 20 Km, e neste bolo estava eu, que não percebi que o pessoal dos 7 Km havia invadido o curral de largada e tumultuado nossa partida. Saí desembestado pedindo licença e gritando “Largou! Largou!” para abrir caminho. Não é só o organizador quem erra, eu saí com a mochila de hidratação toda solta, e logo de cara uma subida fez com que eu tivesse que caminhar e ajustar a tralha nas costas, o que me levou a não ligar o GPS de pulso. Como o celular estava com um daqueles programinhas de corrida, começou a marcar o ritmo, porém com muitos erros. Parei o programa e tentei depender só do GPS, que parecia mais preciso, apesar de ter sido acionado uns 500 metros além do ponto de largada.

O percurso começou bem, altimetria difícil, desafiadora, porém sem nenhuma marcação de quilometragem. Hidratação em garrafões de água para encher squeezes e bolsas de hidratação, o que é comum nestas provas para evitar gerar lixo com copinhos. O problema maior ainda estava por vir, os tais Kms a mais eram trilhas do estilo fila única, impossíveis de correr e até mesmo com troncos de árvores atravessados em alguns pontos. Este é o ponto alto dos problemas: em pontos fechados da trilha, com muita subida e perfil escorregadio, nenhum staff presente, para um corredor se acidentar e jamais conseguir ser socorrido não precisava muito. Graças a Deus não aconteceu nada, inclusive com tempo nublado mas sem chuva.

E este aqui, com mais problemas. Não bastassem as dores do percurso, que no dia seguinte me deixaram mais quebrado do que as de muitas maratonas, ainda teve um vazamento da bolsa de hidratação dentro da mochila. Como diz o Zé Colmeia, eu sou mais esperto que a maioria dos ursos, e sempre coloco a bolsa dentro de um saco plástico pensando nestas ocasiões. Foi que me salvou de ter um pouco de água até o posto de hidratação. Cena ridícula, correndo com a mochila, mangueira no peito e levando um saquinho que mais parecia ter um peixinho dentro do que meu reservatório de líquidos!


Enfim, uma prova complicada. De tudo o que me deixou mais preocupado foi a quantidade de corredores despreparados para trilhas (eu inclusive) que foram lançados em meio à mata densa e sem apoio do staff, um convite para o desastre. Nem sei a distância final, mas foram quase 22 Km que fiz em 02:48:16, tempo altíssimo, explicável apenas pela variação altimétrica.

Fiquei um pouco chateado, como disse no início, outra prova do mesmo organizador é uma de minhas prediletas, mas não posso dar voto de confiança após esta edição da Corrida das Eucaliptos.

Deixo para o leitor formular suas próprias conclusões, só posso atestar que o visual é realmente muito bonito, como vendido no processo de inscrição.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Circuito O2 Primavera em nova distância: tudo certo!

Ah como eu gostaria de viver de blog de corrida! Bom, isto explica porque só consigo colocar um post no ar depois de duas semanas da prova, afinal de contas, meu trabalho é muito menos divertido que corridas de rua e afins. É como diz o ditado “adoraria cria um blog, mas não sei o que ele come...”, ou coisa do tipo. O fato é que tempo para treinar e até melhorar as marcas eu arranjo, mas colocar um texto no ar, já é outra estória. E olha só, distância nova no já consagrado Circuito O2, etapa Primavera São Paulo, com os deliciosos 21 Km, a minha medida preferida.

Há quem defenda que “circuitos” devem manter sua característica a cada ano, pois assim o corredor tem um parâmetro de comparação de uma edição para outra. Quem corre sabe que não funciona bem assim, tem dias que a coisa não rende, então simplesmente achar que você correu aquele percurso na primavera passada e vai conseguir fazer melhor nesta, às vezes é ilusão. Sem contar, é claro, a evolução que alguns buscam na distância, seus sofridos 10 Km de hoje podem ser um treininho básico daqui um ano. Desde a edição anterior, a Etapa Inverno que já contei aqui, as distâncias novas foram oferecidas aos corredores, primeiro 16 Km e agora 21 Km. Sem cortesia desta vez, mas sabendo que estaria pagando
por um evento bem organizado, lá fui eu enfrentar mais uma meia maratona (deve ser a de número 32, não atualizei o quadro de medalhas ainda).

Tudo muito bem organizado como da outra vez: inscrição pelo site, pequena mordida de pouco mais de R$ 100,00 no valor promocional, mas um kit descente e sem frescura, com uma daquelas camisetas que não dá coragem de colocar para correr, e sim somente para sair, pois é de tecido e acabamento superiores às demais. Largada cedo, 07:00 para os 5 Km e 07:30 para 10 e 21 Km, tudo muito ágil e com amplo espaço para atletas e acompanhantes em frente ao Estádio do Pacaembu. Divisão por baias de largada, baseadas em tempos anteriores para quem já correu as provas do organizador O2, mais uma vez destaco a inteligência deste tipo de divisão, muito fácil de ser feita em qualquer sistema de inscrição. E o frio, apesar da etapa ser da
Primavera, presenteou os corredores com temperaturas excelentes para a performance.

Parte do percurso já é manjada pela maioria, saída pela Av. Pacaembu e falando especificamente dos 21 Km, tomamos o rumo da Av. Rio Branco para depois chegar até o centro da cidade, região da Praça da República. Muitas curvas, algumas fechadas, mas com excelente sinalização e sem muvuca. Hidratação perfeita, algumas subidas e o trajeto do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, também tradicional do circuito.


E mais alguns segundinhos ganhos nesta jornada, fechando com 02:02:21, uau, melhor tempo na distância até hoje! Não é lá grande coisa, mas evolução sempre é bom. Os
organizadores (de novo, não ganhei cortesia, paguei do bolso), estão de parabéns, pela iniciativa de incluir a meia maratona no circuito e por executar tudo de forma eficiente e com respeito pelo corredor.

Agora, por que o título do post é “tudo certo”? Bom, como você leu, aqui tudo certo, mas no próximo já vou adiantar que as coisas não foram tão bem assim...