segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Ultramaratona Bertioga-Maresias, 75 Km, Solo!!!


A cada ano eu escolho um evento para ser “a cereja do bolo”, aquele momento que fica sendo a insanidade para o calendário vigente, e ainda faltava cumprir a meta definida para 2019: correr de Bertioga, Litoral Sul de São Paulo a Maresias, já no Litoral Norte do estado. Para quem se lembra, em maio eu havia feito esta prova na modalidade 42 Km “Light”, e reforço que não existe nada de “mais leve” quando se fala em correr uma maratona. Terminei aquela prova no PC5 (os postos de controle são numerados de 1 a 7 + chegada), e fiquei com gostinho de “dava para ir adiante”. Com a segunda edição da prova marcada para 19 de outubro do mesmo ano, ajustei férias e treinamento para enfrentar o monstro novamente, desta vez em sua extensão total de 75 Km.

Largada: 05:00 da manhã, com a praia ainda escura
Vale lembrar que a prova também é disputada em dois formatos de maratona, os 42 “Light” que eu já falei e os 42 “Hard”, este largando um pouco mais tarde e com o temido trecho da serra de Maresias, além de revezamentos de 3, 6 ou 8 atletas. Mas para uns 600 malucos alinhados às 05:00 da manhã na Praia do Forte em Bertioga, o cardápio do dia trazia apenas o buffet completo, 75 Km dali até a linha de chegada. E lá estava eu de novo, apesar de já conhecer mais da metade da prova, ainda havia um trecho novo, acompanhado de uma subida e descida de serra que diziam ser brutalmente
dolorida no trecho próximo ao final. Mas, ninguém te obriga a estar ali, nem eu, nem as outras centenas de corredores e corredoras equipados com mochilas de hidratação e outros apetrechos para enfrentar o trajeto.

O dia clareando aos poucos... e hoje vai ter sol!
Uma grande diferença entre as provas de maio e outubro logo ficou clara, aliás, bem clara: o próprio céu. Em maio o dia estava chuvoso e a claridade só começou com mais de uma hora de prova, condições bem diferentes desta edição de outubro, onde logo o dia amanheceu e o sol prometeu nos acompanhar dali em diante. Aliás, quem foi que o convidou? Também mudei minha estratégia de abastecimento, pois da outra vez pedi para a esposa ir de carro até o PC3 (mais ou menos 21 Km) para repor líquidos e alimentação e depois esperar na chegada no PC5. Resolvi que como o
trajeto era maior, esticaria a primeira parada direto no PC5 e depois somente na chegada. Mesmo com a promessa de calor para o dia, conseguiria manter o abastecimento com meu estoque de 2,5 litros de água na mochila de hidratação, 600 ml de isotônico e os copinhos distribuídos a cada mais ou menos 5 Km pela organização.

O pior trecho da primeira parte da prova estava entre os PC4 e PC5, uma distância de 14 Km, sendo mais de 7 Km de areia, entre as Praias de Boraceia e Jureia, e foi exatamente neste ponto que o calor pegou forte na cabeça dos corredores. O objetivo final era contornar o Morro da Jureia, mas este crescia lentamente à nossa frente, enquanto os atletas espremiam cada gota de água que podiam. No tal PC5, encontrei a esposa e além de repor líquidos e outros mantimentos, precisei trocar de tênis no meio da prova. Neste último longo trecho passei a sentir que meus dedos mindinhos dos 2 pés estavam sendo massacrados dentro do modelo de trilha que usava, mas como tinha na mochila de emergência no carro de apoio um par extra também de trilha, porém um pouco mais largo, não tive outra escolha a não ser pegar o celular e mandar uma mensagem, informando que precisaria desta manutenção no posto de controle.
Além das praias, trechos na BR-101
Apesar do cansaço, tudo ajeitado, tênis trocado e vamos para mais 3 trechos de mais ou menos 10 Km pela frente. A segunda parte da prova, desconhecida para mim, era realmente digna de receber a denominação “hard“ comparada à outra, pois logo de saída fomos jogados em uma “sauna verde”, uma área que contornava o Morro do Engenho e seguia até Barra do Una, onde as primeiras subidas reais da prova já apareciam. Um belo mirante proporcionava uma vista sensacional da praia, e seguimos em direção às Praia de Juquehy e Baleia, sempre tendo que desviar em alguns momentos para a rodovia BR-101 devido à geografia da região. Mas dentro da minha “cereja do bolo” logo adiante teríamos o verdadeiro “caroço”.
Trilhas? Tem sim, pé na lama, de novo!
Logo após as praias de Camburi e Boiçucanga, a temida Serra de Maresias nos esperava. Segundo algumas corredoras que estavam em ritmo parecido com o meu (leia-se, andando em diversos trechos) seriam 4 Km de subida e mais uns 3 Km de descida. Difícil saber com exatidão, pois meu GPS ficou completamente louco nessa hora, conforme pude constatar olhando os dados coletados. O pior de tudo não era necessariamente o trecho em subida, duro, íngreme, cheio de curvas, mas a velocidade que os carros passavam pelos corredores, que em alguns momentos nem acostamento tinham para utilizar na via.
Sol rachando, e 3 Kg de equipamento e mantimento nas costas!
Ao fim de uma longa descida, que parecia não ter fim, saímos novamente em uma entrada para a praia, sim, finalmente a Praia de Maresias! Mas esta, como o próprio regulamento da prova destacada, não seria fácil. O trecho de areia é estreito, lotado de banhistas, e para completar a praia era do tipo “de tombo”, onde ou enfrentávamos a inclinação em direção às ondas para a areia mais compacta, ou a areia fofa que atrapalha muito a corrida. Revezando entre as duas opções, terminei passei pelo pórtico de chegada às 16:08:27, com mais de 11 horas de prova, o que não era exatamente o que eu pretendia ter feito. As condições do dia impuseram um ritmo mais lento, mas enfim, aqui estamos, para contar mais uma estória.

Pensa num cara moído... é esse aí mesmo...
Falando um pouco da organização, apesar do longo percurso, ela é relativamente simples, assim como o kit da prova. Foi eficiente nos trechos de postos de controle, podendo apenas ter um pouco mais de apoio ao longo do percurso, talvez com mais distribuição de água e até mesmo isotônico. O trecho de serra foi realmente o mais complicado, devido à complexidade do próprio trânsito da rodovia, talvez um ponto a ser pensado no sentido de oferecer mais segurança aos corredores.

Entendeu, ou quer que eu desenhe?
E a surpresa final, para os concluintes solo e revezamento, era este:


Uma medalha destinada ao Apoio, pois sem eles, a prova seria impossível para a maioria dos atletas! No meu caso, a esposa que teve que dirigir até o PC5 para me reabastecer e depois ir até a chegada recolher os pedaços para trazer de volta a Bertioga.

Reconhecimento merecido, mas acredite, a diversão mesmo é fazer o percurso de ponta a ponta, correndo!

Ah, parece que já está se sentido melhor... qual é a próxima mesmo???
(Algumas das fotos acima foram compradas no site FocoRadical. Escolha difícil, foram mais de 300 fotos minhas só neste site! Excelente trabalho dos fotógrafos espalhados pelo percurso.)

domingo, 13 de outubro de 2019

Circuito Cantareira, Etapa Pedra Rachada... demais!


Esse negócio de provas de montanha vicia, acredite! Continuando o “ano sabático” afastado – mas não totalmente fora – das corridas no asfalto, mais um evento apareceu no meu radar: Circuito Cantareira de Montanha, etapa Pedra Rachada, no último 21/07. Aí você vai dizer, “mas ficou perdido na montanha e demorou esse tempo todo para fazer uma postagem?”. Antes fosse, infelizmente o tempo disponível para cuidar do blog está cada vez mais curto, mas uma prova como esta não poderia ficar sem o devido registro.

Apesar de ter montado um pequeno calendário de provas off-road desde o início do ano para poder ter um leque de opções para todos os bolsos e gostos, fiquei frustrado por ter que abortar um evento onde já estava tudo pago e que
não pude correr. Acabei fazendo a inscrição de última hora, pois sabia que os eventos deste organizador ocorriam na região de Mairiporã, fácil acesso para quem mora na Zona Norte de São Paulo, como é meu caso. O kit foi retirado um pouco distante, em Guarulhos, mas de forma bem eficiente em loja de um dos patrocinadores. Simples, camiseta, número de peito e uma cinta porta-número com um pequeno bolso para guardar restos de alimentos e embalagens, indicado para não deixar nada na trilha.


Largando do conhecido Bar do Pedrão, point de encontro de jipeiros e afins, com temperaturas abaixo de 10 graus, um grupo de malucos
partiu para percursos de 8, 16 e 32 Km pelas trilhas, subidas, montanhas, rios e mais uma porção de “atrações” desafiantes. O frio da mata fechada na maior parte dos casos fez com que nem meu corta-vento e luvas fossem tirados, apesar que os mais corajosos enfrentavam de camiseta e shorts. E o terreno não perdoou ninguém: apesar de não estar chovendo ainda encontramos muitos trechos de lama, alguns bens escorregadios e que foi necessária aquela famosa solidariedade entre os corredores de trilha para que um ajudasse o outro a transpor certos obstáculos, sem contar a altimetria que somava quase 700 metros ao final do percurso de 16 Km. Para quem já fez uma prova nesta distância em asfalto em pouco mais de 1 hora e meia, terminar
com mais de 3 horas e 15 minutos mostra o quanto o trajeto castigou os corredores.

Organização simples, porém eficiente. Como costuma acontecer nas provas fora do asfalto, ainda precisa haver um trabalho mais apurado dos organizadores para incentivar os corredores a levar sua própria água e até comida, pois vi muita gente que não sabia que haveria somente um ponto de hidratação na nossa distância. Aliás, fica a sugestão de não deixar largar quem aparecer somente “com a cara e a coragem”, pois hidratação é fundamental, independente de quanto cada um ingere de água em seus percursos.

Total de ganho altimétrico: 696 metros (quase a altura em que está a estátua do Cristo Redentor no Corcovado...)



E quer saber onde é a tal Pedra Rachada? Vai ter que assistir ao vídeo...


quarta-feira, 3 de julho de 2019

Treinão Rústico Reverso do Maquininha

Você conhece o Locutor Maquininha? Talvez não tenha prestado atenção em quem é ele, mas se tem o hábito de correr provas na capital Paulista e interior, além de grandes eventos de ciclismo como o Brasil Ride, possivelmente já cruzou a linha de chegada com a empolgação dele no sistema de som bradando um marcante “Paaaaaarabéns!!!”. E no último ensolarado dia 09 de Junho ocorreu mais um evento que leva seu nome, o Treinão Rustico Reverso do Maquininha – 4ª. edição, com largada e chegada em frente à estação ferroviária do distrito de Sabaúna em Mogi das Cruzes, SP.

Inscrição minha de última hora, fiquei por último na listagem de retirada dos números de peito, aliás, único item do pré-prova, sem kit, camiseta ou outras parafernálias que já estamos cansados de receber e que só encarecem inscrição. Então, com honestos R$ 35,00 paga-se a inscrição de um evento simples, mas que conta com uma boa organização, pontualidade e segurança para os corredores. Percursos de 5, 8.5 e 15 Km disponíveis no momento da inscrição, e é claro, eu queria logo o de maior distância para aproveitar o contato com a natureza de um treino rústico por estradas de terra batida. Apesar do tempo firme e com sol, alguns lamaçais pelo caminho para carimbar um pouco os solados dos tênis.


Largando ao lado da simpática estação ferroviária de Sabaúna, em uma pacata rua com boa estrutura de padarias e comércios, os corredores seguiam por uma região de estradas de terra que estavam abertas ao trânsito, mas muito tranquilas no domingo de manhã. Aliás, cruzava-se mais com outros corredores solitários, caminhantes e ciclistas do que com veículos automotores. Sobes e desces para todos os gostos, e devemos ter percorrido pouco mais de 500 metros de asfalto neste percurso todo,
ou seja, rústico mesmo. A hidratação estava bem localizada a cada 3 Km em média, mas como levei mochila de hidratação, nem precisei utilizar este serviço. Provas de trilha e em natureza em geral exigem descarte adequado, não é apenas tomar e jogar no chão, por isso mesmo um cuidado especial em fornecer a água em sachês de plástico, fáceis de guardar nos bolsos até um ponto adequado de descarte.


Apesar de ser um treino, teve até premiação com troféu para os mais
rápidos, além de uma medalha de tamanho, digamos, generoso. A parte bacana de correr em um evento deste tipo é a grande diferença de estar cercado de milhares de corredores, aqui não tem esbarrão, cotoveladas ou qualquer atropelo, cada um no seu ritmo e curtindo a natureza ao redor, cercado de ar puro.

E no final, é claro, o tradicional “Paaaaaaarabéns!!!”


terça-feira, 4 de junho de 2019

Ultramaratona Bertioga-Maresias, em sua versão “Light” de 42 Km

Prova tradicional no calendário paulista, a Ultramaratona de Revezamento Bertioga-Maresias  chama a atenção de grupos distintos, de um lado as equipes que irão em conjuntos de 3, 6 ou 8 integrantes, e do outro os que não querem dividir os 75 Km do percurso com mais ninguém, os ultramaratonistas. Mas e quem não tem ou não quer equipe ou que não se sente preparado para uma ultramaratona, qual a opção? Apesar de parecer difícil de acreditar, sim, é possível considerar 42 Km como sendo “light”, mas nunca “easy” quando se pensa em um evento deste porte. Se mesmo assim o corredor solitário ainda achar que é pouco, ainda foi disponibilizada a opção “hard”, largando mais tarde e enfrentando o trecho mais duro da prova. Pois é, com tantas opções no cardápio, não dá para resistir.

Ter um Ironman e uma Comrades no currículo não me torna necessariamente apto a enfrentar de cara um evento como este na distância total, então resolvi encarar a extensão da maratona, 42 Km, no perfil “light”, largando às 05h15 da manhã e com poucas subidas, percorrendo na maior parte do tempo pela areia dura da praia entre Bertioga e Juréia, além de umas poucas trilhas e até mesmo alguns trechos de rodovia. A largada dos ultramaratonistas acontecia às 05h00 da manhã, com chuva fina e ainda escuro, onde um grupo muito maior que o dos maratonistas partiu em direção à praia de Maresias, 75 Km adiante. Largadas pontuais, tanto para os Survivors quanto para os maratonistas “light”, praia muito escura com algumas luzes vindas do calçadão e um ou outro corredor munido de lanterna, como era o meu caso.

Voltemos um pouquinho aos itens básicos: inscrição muito simples através de um site bem direcionado do organizador Cia de Eventos,
porém com um valor um pouco acima das provas normais, R$ 199,00 no lote em que fiz a minha, sendo que foi um dos primeiros. Retirada do kit em uma loja de esportes na Zona Sul de São Paulo e com a opção de retirar em Bertioga no dia anterior à prova, também muito eficiente. O kit em si era composto por número de peito, chip (munhequeira), sacola e camiseta, além de um mapa para os carros e bicicletas de apoio. Carros de apoio ainda recebiam um adesivo para serem identificados em condomínios fechados, como seria o caso de alguns pontos de troca das equipes, mas para os 42 Km não foi identificado a necessidade. Conversei com o organizador e expliquei que a esposa estaria no meio da prova e providenciaria hidratação e alimentação, mas foi garantido que o acesso ocorreria sem problemas, o que de fato aconteceu.

Se por um lado não recebemos um kit cheio de bugigangas de patrocinadores, por outro ganhamos uma camiseta somente com a indicação da prova, muito bonita, sem aqueles logotipos de empresas apoiadoras, o que a torna convidativa para vestimenta normal. Carreguei comigo uma mochila de hidratação com 2 litros de água, 2 squeezes, sendo um com isotônico e o outro com maltodextrina, além de gel de carboidrato e bananinhas para o primeiro trecho de 21 Km até o PC3, terceiro posto de controle e troca de revezamento. Ou seja, quase 3 Kg a mais que o próprio peso, além de estar com tênis apropriado para trilha e solo irregular, que naturalmente é mais pesado que um tênis de asfalto. Para uma prova foi uma experiência nova carregar tanta coisa nos 42 Km, mas muitos treinos para a Comrades tiveram desta extensão para cima, e eu sempre saia carregado com tudo isso ou mais, portanto não era nenhuma novidade absoluta.


Praias entre cada PC, sempre com algum trecho de trilha, asfalto ou rodovia logo na sequência após a troca para as equipes ou apoio solo, e no Km 21, como combinado, a esposa estava com bolsa de hidratação cheia e squeezes suplementares para repor o estoque. A prova oferecia hidratação em copos a cada 3 Km, mas como não sabia como estaria o clima, optei por levar meu próprio estoque de líquidos, pois debaixo de sol poderia ser altamente necessário.
Também se considera que numa prova destas não é apenas beber e jogar no chão como nas corridas em asfalto onde o serviço público de varrição removerá os resíduos, é necessário parar, beber e descartar o copo, o que pode ser um incômodo se feito várias vezes no percurso.

Mais chuva e vento frio, PC4 passou tranquilo e chegou o mais longo trecho, até o PC5, onde seriam 14,2 Km de areia dura, praticamente 1/3 da prova até a chegada. E com pórtico simples, mas com muita comemoração dos que aguardavam os maratonistas “light”, completei o trajeto de (aproximadamente) 42 Km em 05:28:31, um tempo alto, porém compatível com uma prova mais dura como esta.


Opinião geral: valeu cada milímetro, cada gota de chuva, uma corrida muito diferente das que estou acostumado e que vale a pena ser experimentada. Ponto positivo para a organização, muito eficiente em todos os detalhes, minha única sugestão é revisar o regulamento, pois parece um pouco confuso na questão de tempos limite, mas fora isso todo o resto funcionou perfeitamente.



Quanto a fazer os 75 Km solo... quem sabe na próxima.

terça-feira, 19 de março de 2019

Corrida virtual... e se a moda pegar?


Hoje em dia tudo é “virtual”: sua agência bancária, seus amigos, seus dados... por que não a corrida também? Antes que os sedentários de plantão pensem algo do tipo “essa sim eu faço”, o conceito não é só ficar no sofá fazendo de conta que está correndo, a parte virtualizada é o evento em si, mas não o esforço físico. Surgida recentemente com alguns eventos que até apareceram em calendários de provas “reais”, o conceito de uma corrida virtual é voltado ao atleta que vai correr no seu tempo, no seu lugar, e o mais importante de tudo, no seu próprio ritmo. Então é um treino? Não deixa de ser, mas tem com premiação e tudo ao final.

Resolvi experimentar um “evento” do tipo para satisfazer minha curiosidade, a Ice Run, organizada pela 99Run, onde o conceito era bem próximo de uma prova normal: inscrição pela internet, prazos, regulamento, distâncias para cada gosto, kit e medalha ao final, mas com o diferencial de correr quando e onde quisesse, inclusive na esteira, para cumprir o estabelecido. A inscrição, já com postagem do kit “pós-prova” estava em torno de R$ 37,00 quando fiz a minha, mas com um cupom de desconto promocional acabou saindo pouco mais de R$ 30,00, um pequeno preço para se experimentar o formato.

Regras básicas: inscrição na modalidade desejada (4, 7, 12, 21 ou 42 Km), prazo para inscrição e comprovação da distância até 20/03/2019, vale qualquer treino registrado pelos principais aplicativos de corrida (Strava, Nike, RunKeeper, etc.) ou foto da esteira com o tempo e distância final, desde que em data após a confirmação da inscrição. Como diz o site, compre hoje, corra amanhã. O processo de inscrição era feito através de sites de inscrição, no meu caso através do Ativo.com, e como o pagamento foi feito em cartão de crédito, a aprovação aconteceu logo em seguida e eu já estava liberado para comprovar minha participação.

Resolvi pegar um dos treinos longos e fazer um pouco a mais de rodagem, fechando os 21 Km. Como meu percurso padrão tem em torno de 18 Km, fiz um pouco de vai-e-volta para completar o trajeto, e só por segurança, corri com o Strava no celular e o TomTom no relógio, pois se um travasse (o que não é tão difícil de acontecer), teria o outro para comprovar o feito. Domingo ensolarado, mochila de hidratação nas costas, completei meu percurso com aferimento oficial do Stavava em 02:26:19, lento mas diga-se, não muito plano. É claro que a cobrança de tempo não é tão grande quanto estar em uma corrida, com outras pessoas ao redor, mas sabendo que você entrará em um ranking, também não dá para enrolar muito.

Na sequência, tudo muito fácil: cadastro rápido no site, envio da tela
do aplicativo de celular, confirmação de endereço de entrega do kit e até uma lojinha com mais algumas bugigangas de corredor caso o participante quisesse aproveitar o frete já pago na inscrição. Chegaram então e-mails informativos com as etapas de embalagem do kit, postagem e código de rastreamento, tudo muito bem organizado. Quarta-feira da mesma semana eu já estava com o kit em mãos, composto por:
  • 1 medalha com cordão personalizado com a distância
  • 1 número de peito (acredito que igual para todos, apenas de recordação)
  • 1 álbum do corredor com 1 figurinha da corrida ICERUN
  • 1 manual do corredor
  • 1 carbogel
  • 1 torrone sport
  • 5 barrinhas de gergelim (brinde comemorativo da Semana da Mulher)



Tudo de excelente qualidade, inclusive a medalha que é muito bonita, portanto valeu pela experiência. Há outras corridas no circuito 99Run e eu não descarto em participar novamente, pois o serviço prestado foi muito bom, além de ser um evento diferente no cotidiano de treinos e provas. Então, uma breve análise:

Pontos positivos
  • motiva a cumprir a distância contratada, pois vai necessitar comprovação.
  • também motiva a não enrolar o treino, para “sair bonito na foto”.
  • baixo custo, brindes muito bacanas e mais uma medalha para a coleção.
  • pelo menos desta empresa, 99Run, só posso elogiar a organização e eficiência do processo.

Pontos negativos
  • nada substitui uma corrida de verdade, onde encontra-se colegas, corre-se com outros atletas, enfrenta-se o que der e vier de clima e temperatura.
  • talvez o corredor mais exigente considere um gasto desnecessário para o que pode ser considerado somente um “treino”, mas vai de cada um.
  • deve-se considerar o prazo de comprovação e a distância, pois muitas vezes o corredor não tem o tempo durante uma semana normal de trabalho para cumprir um trajeto extenso.

Sugestão
  • oferecer um sugestão de kit com camiseta, tendência dos provas atuais.


Como disse acima, missão cumprida, mais um tipo de evento experimentado e muito satisfeito com o resultado (não tanto do meu tempo, mas sabe como é, corredor nunca está feliz com seus números...)

domingo, 3 de março de 2019

Subindo a montanha, no Circuito Cantareira


Treinar para prova de asfalto é fácil, qualquer rua ou calçada resolve, agora quero ver você se preparar para uma prova em terreno selvagem... e é o que este aqui está tentando fazer neste começo de ano, onde a primeira dificuldade não foi o terreno propriamente dito, mas as possibilidades existentes. Depois de ter feito coisas que não são consideradas “normais” pela maioria dos corredores, como Ironman e Comrades, resolvi que precisava de desafios mais elaborados, e a escolha foi ter um pouco mais de contato com a natureza, seja em trilhas ou praias. Mas para quem mora em São Paulo, capital, isto não é lá muito fácil, pela inexistência de litoral na cidade e pelas poucas opções de corrida em ambientes ao ar livre. Montanhas ao nosso redor não faltam, mas ficar se metendo nelas sem acompanhamento pode não ser uma ideia muito boa. Viajar é ótimo, para correr melhor ainda, mas exige tempo e gastos.

A opção que encontrei então foi uma espécie de prova, na verdade um treino, parte do Circuito Cantareira, mas com camiseta, medalha e até premiação na cidade de Mairiporã, distante pouco mais de 50 Km da capital. E para mim, que em 5 minutos já estou na estrada partindo da Zona Norte de São Paulo, tornou a inscrição ainda mais atrativa. Completando o quadro, a retirada de kit era tão perto de casa que dava para ir andando. O 4º Treinão de Férias apresentava as seguintes opções para quem fosse enfiar a cara no mato: 8, 21 ou 45 Km. Sim, pois logo na largada já entrávamos em uma trilha fechada, onde formou-se uma fila única saltando raízes, abaixando a cabeça para não acertar os galhos e seguindo lentamente até onde já se conseguia correr em terra batida.

Mas a alegria durou pouco, logo adiante a fila formou-se de novo e cruzamos um riacho com água na cintura, com auxílio de staff e
bombeiros. Aventura total, com mais raízes e barro adiante. Aliás, se tivesse chovido na véspera, ia ser só lama, mas tivemos sorte em enfrentar um terreno um pouco mais seco no restante do percurso. Como ditam as boas regras de provas na natureza, a maioria estava munida de mochilas de hidratação, de forma a não gerar lixo na forma de copos e garrafas plásticas pelo caminho. Mesmo assim, a organização ainda ofereceu dois pontos de hidratação para o pessoal dos 8 Km e mais alguns para as outras distâncias.

O trajeto propriamente dito era muito bem sinalizado por fitas zebradas penduradas em árvores, cercas, galhos ou qualquer ponto bem visível aos corredores. Nos trechos
de asfalto, setas indicavam o caminho no próprio chão, além do próprio staff posicionado nos trechos mais estratégicos. Pelo menos para quem enfrentou a distância de 8 Km, que foi meu caso, sem nenhuma incidência de problemas, apenas um ou outro corredor que caiu ou passou mal, mas nada que impedisse o bom andamento do evento.

Largada e chegada foram em um restaurante à beira da estrada em Mairiporã, de fácil acesso a todos, e no final uma bela medalha não em latão, mas de material ecológico. Sensacional, primeira incursão em trilhas foi um sucesso total, sem nenhum tombo (eu sou desastrado) e nenhuma lesão, apenas aquela vontade que todo corredor conhece: quando é quem tem outra dessas?

Por fim, no pacote da inscrição o corredor ainda ganhava o direito de baixar as excelentes fotos tiradas pelos fotógrafos do site Sportclick. Tudo isso pelo preço de uma inscrição normal de prova, portanto, de ótimo custo/benefício.



Mais uma incursão por terras desconhecidas... e vai ter mais, em breve novos relatos de provas diferentes.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Inscrição de corrida: relação de consumo?


Talvez o pessoal “das antigas” lembre daquele episódio do Pica-Pau onde o cachorro dizia “Em todos esses anos nessa indústria vital, é a primeira vez que isso me acontece”. A corrida também é uma indústria, de inscrições de provas, vestuário, equipamentos e mais uma porção de tralhas que ninguém sabe nem pra que serve, mas que giram capital do mesmo jeito. Apesar de não trabalhar nesta “indústria”, sou consumidor de tudo isso, afinal calculo que menos de 10% das 265 provas que fiz até hoje foram cortesia ou gratuitas, o resto foi pago (e às vezes, muito bem pago).

Só que minha suada - e nos tempos atuais é bom também dizer honesta - renda não é capim, portanto, eu não gosto quando empresa e comércio tentam me passar a perna e lesar os meus direitos como consumidor. O ponto onde vou chegar, é um fato ocorrido entre o final do ano passado e o início deste, que envolveu a organização de uma prova que foi remarcada, oferecida aos participantes que não pudessem estar na nova data o reembolso das inscrições e até mesmo a opção de participar da etapa de 2019. Bacana, né? Só que eu precisei partir pra cima do site de inscrições e exigir que tal o reembolso fosse realizado, primeiro subindo o tom da conversa e depois registrando uma reclamação em um site apropriado. Quase chegou ao ponto de procurar os órgãos de defesa do consumidor, mas, voltando à frase do desenho animado, em 13 anos de corridas de rua, esta seria a primeira vez que isso seria necessário.

Uma das provas que mais gosto na distância dos 21 Km é a Meia Maratona de Santo André, uma prova dura, com altimetria forte e percurso nada fácil. Se não já não bastasse, da Zona Norte de São Paulo até Santo André são quase 30 Km de deslocamento, na véspera para retirar o kit e no dia da corrida, mas mesmo assim eu tento encaixar a prova no calendário. Em 2018, sabe-se lá por qual motivo, a corrida que costumava acontecer em abril, mês de aniversário da cidade, ficou para o fim do ano, no dia 02/12. O verão chegou e com ele fortes chuvas na semana anterior à prova, que causaram muitos problemas nas cidades do ABC paulista, quando optou-se por adiar o evento para o dia 16/12. Achei a atitude prudente e louvável, a segurança dos participantes em primeiro lugar, porém a organização noticiou que quem não pudesse correr na nova data, receberia o reembolso da inscrição. Este era o meu caso, que tendo pago 2 inscrições de R$ 90,00 cada e com compromisso no dia 15, sem condições de estar no dia seguinte em Santo André, optei pela devolução do valor pago.

Por uma questão de organização, foi informado que somente após 10 dias úteis os valores seriam devolvidos.
Aguardei, entrei em contato com o site de inscrições e não obtive resposta satisfatória. Novo contato, mais informação engessada na resposta. Na terceira vez, muito após os tais 10 dias úteis, já com a paciência no limite, informei que medidas mais severas seriam tomadas. Recebi e-mail informando que a empresa de cartão de crédito estornaria o valor, aguardando apenas mais alguns dias, o que de fato ocorreu. Caso encerrado, reclamação resolvida.

Mas, será que todos os corredores fizeram a mesma coisa, ou tirando a parte de exigir seus direitos, pelo menos pediram que os valores fossem reembolsados, conforme anunciado publicamente? Acredito que não, e é aí que levanto este questionamento: a inscrição em uma corrida de rua é algo geralmente caro, digamos, um valor que a pessoa poderia direcionar para outra finalidade. Portanto, o serviço contratado do fornecedor, ou seja, do organizador, deve ser prestado ou reembolsado. Não vou entrar no mérito de serviços mal prestados, como vemos em alguns eventos de corrida, pois o critério pode ser subjuntivo e precisaria de comprovação de vários corredores para surtir algum efeito legal sobre a organização. Uma vez que a não execução do serviço, entregar o kit, executar a corrida, oferecer segurança aos participantes, etc, não foi cumprida, nada mais justo que reaver os valores pagos. Muitos organizadores colocam em seus regulamentos (sim, eu leio regulamentos de provas!) que não haverá devolução de valores, mas é hora de rever este conceito, pois o corredor está contratando um serviço, e a lei garante que ele deve ser executado como está no contrato... neste caso, no regulamento!

Para finalizar e defender meu ponto de vista, gostaria de compartilhar uma situação que já vivi várias vezes e acredito que outros corredores também. De vez em quando alguém me diz “Mas por que você paga inscrição de prova? A rua é pública, não tem que cobrar!”. Eu, na minha curta paciência, explico que a rua é administrada pelas prefeituras, departamentos de trânsito, e muitos outros serviços, que somente através de alvará liberam o espaço público para a
execução do evento esportivo. Trocando em miúdos, este alvará é beeeeem caro, portanto, os corredores estão rateando o valor para poderem participar das corridas. Nada mais justo, também, que o organizador tenha seu lucro, pois são um CNPJ e merecem ser remunerados pelos serviços prestados.

De qualquer forma, fico muito chateado de ter chegado neste ponto de conflito com um site de inscrições e mesmo com um organizador de provas. Pretendo continuar consumindo os serviços dos dois, entre tantos outros, mas que espero que sem maiores atritos daqui para a frente.

E o leitor, o que acha da relação corrida x consumo e os valores atuais? Utilize os comentários abaixo para deixar sua opinião.