segunda-feira, 30 de abril de 2012

Energizer Night Race: balada iluminada

Enquanto uns já separavam a roupinha mais bonita para o sábado à noite, eu escolhia o melhor tecido tecnológico para temperatura baixa além de possível chuva. Uns preparavam o perfume e eu já aplicava vaselina nas partes de maior atrito. E porque não lembrar da maioria, que já separava a latinha de energético e eu a garrafinha de isotônico! Pois é, tribos diferentes, objetivos diferentes: uns vão para as baladas e nós, bem, para um tipo de balada diferente. Pode parecer mentira, mas após quase 6 anos e meio de corridas, esta foi a primeira vez que participei de uma prova noturna, a Energizer Night Race, e se depender do quanto eu gostei, dificilmente será a última. A única experiência noturna correndo foi quando Dean Karnazes esteve no Brasil, onde tive que correr entre 00:00 e 03:30 para acompanhar o intrépido americano e seu grupo, mas em termos de prova, esta foi a primeira.

Sábado de tempo carrancudo o dia todo e a noite prometia mais chuva e tempo frio. Isto não impediu uma multidão de aproximadamente 5 mil corredores invadirem a USP para uma prova noturna iniciando às 20:00 horas. Apesar de não ter sido uma daqueles “acessíveis” que eu gosto de elogiar aqui, a inscrição de R$ 75,00 garantia uma
camiseta, chip descartável, sacolinha (para variar) e outras bugigangas, além de uma prática lanterna de cabeça do patrocinador principal do evento. Pensei que fosse mais uma tranqueira, mas ao ligar o aparato que utiliza 3 pilhas palito, deu para perceber que o facho realmente chega aos 50 metros que a embalagem prometia. A organização da Iguana Sports foi quase perfeita, apenas cometendo a bobagem de enviar um termo de retirada na última hora, o que causou problema para quem iria retirar o kit de outras pessoas como era o meu caso, além de uma falha de comunicação informando que a USP não disponibilizaria o estacionamento. Fora isto, tudo muito bem organizado e eficiente, com hidratação, isotônico e balada com DJs para os que ainda tinham pique após os 5 ou 10 Km do percurso.

Eis que estou lá, fazendo hora dentro do carro por ter chegado cedo demais e a colega Ivana do blog No Mundo das Lulus estaciona bem do nosso lado. Fomos todos conversando para a largada e como seu objetivo era manter em torno de 06:30 min/Km para não detonar antes da K21 Arraial do Cabo na próxima semana, eu
já tinha companhia no meu pace normal. É claro que de noite, sem sol, dava para buscar aqueles 4 dígitos nos 10 Km, porém o que importa: vencer o relógio, ou ter a companhia dos amigos? Acertou, não vivo de corrida e não ligo a mínima para tempos ou marcas, vou lá pela atividade física e não perco a oportunidade quando encontro nossos colegas blogueiros!

A prova começou no horário marcado, e apesar do vai e volta que parecia desanimar um pouco pelo excesso de curvas de 180 graus, era sensacional ver aquele mar de lanternas iluminando a Cidade Universitária do outro lado da pista. Acredito que tenha sido proposital fazer um percurso deste tipo, exatamente para que os corredores tivessem esta visão diferente de uma prova. E a lanterna foi muito útil, dadas as irregularidades do asfalto,
evitando quedas e torções (apesar de que eu ouvi que aconteceram assim mesmo).

Medalha um pouco pequena, porém bem acabada e com uma bela fita, ficou faltando apenas uma indicação melhor de data e distância, pois era igual para os dois percursos. Ótima dispersão, sem atropelos e sem congestionamento. Resumindo, um valor justo pelos serviços prestados e pelo kit, algo que devemos sempre prestar atenção nas inúmeras provas disponíveis no calendário.

Balada de sábado à noite? Tô fora, detesto gente bebendo e fumando perto de mim, sem contar música alta e aqueles sorrisos inúteis de quem quer passar uma imagem de que a vida é só festa.

Prefiro muito mais os rostos de satisfação dos que concluíram os circuitos enfrentando o frio e o clima imprevisível de São Paulo! E que dormiram com aquela sensação de “missão cumprida”.

P.S.: boa sorte à Ivana e à sua equipe na K21, espero ver os posts em breve!



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Profissionalismo: um exemplo a ser seguido

Leitores assíduos deste blog ou aqueles que apenas passam aqui de vez em quando sabem: quando o “bicho” tem que pegar, pega mesmo comigo. Se eu pago por um evento de corrida ou qualquer outra competição, apesar de não ter rendimento de atleta de ponta, exijo que tenha o mínimo de organização e respeito por mim e pelo meu suado dinheirinho. E agora eu, atleta de ponta – de estoque – acabo de receber esta carta da Corpore referente à Meia Maratona do último final de semana:


Versão Online

Apesar de eu ter lido bons comentários dos participantes em outros blogs, erros ocorreram, e no geral as pessoas parecem ter gostado do evento. Mesmo assim para os padrões de qualidade do organizador, não foi o esperado. Nesta semana os corredores receberam uma pesquisa a ser respondida, e eu por ter trabalho no maior instituto de pesquisas comerciais do país, aprendi e transmito para você o seguinte conhecimento: resultado de pesquisa só é válido quando não vem junto de brindes e premiações, ou seja, espontânea. Este foi o caso da pesquisa pós-prova promovida pela Corpore, um e-mail que simplesmente pedia a opinião do corredor. E as respostas parecem ter desagradado quem está no comando.

Mesmo assim, só nos resta dar os parabéns à Corpore pela iniciativa da pesquisa e reconhecimento dos próprios erros. Neste país de alienados, poucos são os que dão a cara para bater e admitem que erraram. Para mim, a marca apenas ganhou mais força com esta iniciativa.

E você, organizador de prova, que não tem o mínimo de respeito pelo corredor e está lendo isto, deveria aprender com que está na estrada, ou melhor, no asfalto, há 30 anos. Se a carapuça serviu, ótimo. (e meus colegas corredores sabem em quem ela serve direitinho...)

“O que não se pode medir, não se pode melhorar”

Edward Deming,
pai da Qualidade e um dos arquitetos do milagre
econômico japonês do pós-guerra



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meia da Corpore: Avante Corredores!

Por falta de melhores oportunidades desde o início do ano, minha primeira meia de 2012 foi a XIII Meia Maratona Netshoes Corpore, mais uma vez muito bem organizada e com forte patrocínio de grandes empresas, o que ajuda muito na qualidade do evento. Foi minha 12ª. prova de 21 Km, coisa para quem gosta de numerologia, mas não é bem meu caso, nem com o relógio eu me preocupei muito desta vez, fechando em 02:26:33. Nem meu melhor tempo, nem meu pior, apenas um tempo de quem foi para a corrida sem grandes pretensões de melhorar marcas, apenas terminar mais uma prova na distância predileta.

Largada e chegada acontecem na avenida da Raia Olímpica da Cidade Universitária (USP), sem contar a passagem entre os quilômetros 12 e 15,5, um percurso já conhecido pelos corredores desde que a administração do local começou a criar problemas em liberar o restante dos campi para estes eventos. Perde-se muito em paisagem e desafios, já que algumas subidas eram as grandes vilãs de tempo há alguns anos quando ainda ocorriam provas que hoje só existem na memória dos corredores.

Mas vamos ao que interessa: com retirada de kit na véspera no mesmo local da largada, bem organizada e eficiente, a prova estava marcada para as 07:30 com largada em ondas, divididas pelo ritmo apontado pelos corredores na inscrição. Houve um pequeno atraso de 10 minutos devido à entrega de kits no próprio dia para os que não são da capital, perdoável mas que deixa a lição de melhor organizar a entrega nestas situações. Desta vez a largada em ondas foi respeitada corretamente e era interessante estar no último pelotão e se deslocar para mais próximo da largada a cada 5 minutos. Liberada a massa de corredores, não existiu atropelo e todo mundo entrou no seu ritmo rapidinho.

Por que não foi possível identificar isto no evento de abertura do circuito de forma tão clara? Simples, desta vez caminhantes e corredores de 5 Km largaram na direção oposta, o que mostra que quem enfrenta uma meia maratona tem mais noção do próprio ritmo e no momento da inscrição já se identifica corretamente. Eu não estou criticando quem caminha ou se inscreve para os 5 Km, pois muitas vezes estou lá também, apenas acho que deveria haver um trabalho de conscientização por parte dos organizadores explicando que não adianta largar na frente, ser atropelado e atrapalhar quem possui ritmo mais forte. Afinal, todos tem chip de cronometragem e o que vale é o tempo líquido.

O percurso é em grande parte plano, com poucas elevações em túneis e pontes, mas o que desgasta para valer é passar pelo Km 14 ao lado do pórtico de chegada e ouvir o locutor incentivando quem está terminando a prova, enquanto que para o corredor que ainda está do outro lado da pista ainda falta um terço do caminho. Se este trecho fosse bonito ou agradável, talvez nem percebêssemos, mas para variar somos arremessados na Av. Politécnica, e você já leu várias vezes o que eu penso de direcionar os corredores para esta região. Sugestão para as próximas: inverter o percurso, assim ficamos com algo do tipo “primeiro o dever, depois a diversão”.

Tentei sem sucesso encontrar os marcadores de ritmo que haviam sido noticiados no site, pois pretendia seguir o de 6:30 min/Km, já que não uso GPS. Desisti e fui no feeling do meu relógio, marcando as voltas (lap) a cada Km, o que permitiu manter um ritmo não muito constante e um pouco acima do planejado. Um ponto que causou um pouco de desconforto foi o funil de entrada para a arena, com um único portão e que gerou um congestionamento danado. Fora isto, água e isotônico na chegada, kit pós-prova com lanche e frutas e uma bela medalha, com destaque para a arte da fita, coisa bem rara atualmente.

E como uma pessoa pode estar mais resistente e com menor performance? Este é o meu caso, e é fácil explicar: não dedico todo meu tempo de treinos à corrida, tento fazer natação e pedalar de forma dosada com os treinos de esteira ou rua, portanto não é de se esperar que eu passe a correr mais rápido. Na semana que passou, por exemplo, troquei um treino longo de corrida por uma espécie de “passeio” de 60 Km de bicicleta, conforme o relato no Ciclovia Digital. O lado bom, contudo, é que de forma geral eu fico mais resistente e tenho menor incidência de lesões, dado o “cross-training”. Não sou neurótico por tempos e ritmos, minha única preocupação é não desistir da prova.

Patrocinador diferenciado

Esta foi a primeira vez que vi um filme patrocinar uma corrida, e se você entendeu o título do post então provavelmente está com o ingresso na mão ou leu muito gibi de super-heróis (no meu caso, as duas coisas). A produção “Os Vingadores” (The Avengers) estava com seu nome estampado desde a camiseta até as placas de quilometragem, como na foto ao lado. Dado o orçamento que estas produções demandam dos estúdios, seu patrocínio em corridas é muito bem vindo.

E eu tive uma semana de “vingador” mesmo: perseguido pelos próprios empregadores como a Viúva Negra, peripécias como as do Gavião Arqueiro, acessos de nervoso que fariam o Hulk se encolher em um canto chorando pela mamãe, me senti deslocado no tempo como o Capitão América e até desentendimentos em casa como os do Thor (o legal, não o imbecil) e seu pai Odin eu fui exposto. Mas terminei a semana no melhor estilo Homem de Ferro!

Como diz o locutor da Corpore: não é qualquer um que faz 21 (mas você deveria tentar, é uma distância sensacional).



domingo, 1 de abril de 2012

Circuito Popular, Etapa Santana: Tão perto e Tão forte!

Não teve jeito, tive que pegar emprestado o nome do último filme do Tom Hanks, “Tão Forte e Tão Perto”, para descrever a Etapa Santana do Circuito Popular de Corridas da Prefeitura. Só inverti os adjetivos, pois o que mais atrai nesta etapa no meu caso é a distância de casa, uns 2,5 Km, mas que eu já sabia que seria recheada de pirambeiras fortes pelo caminho.

Na verdade a Subprefeitura Santana fica em Tucuruvi, ao lado do Metrô, e bem perto de onde moro, então foi fácil fazer a inscrição desta etapa. Passei lá e me informei sobre a data de abertura das inscrições e lá estava eu no dia munido de dados meus e de outras três pessoas que iriam participar. Pensei que estaria sendo um pouco “guloso” fazendo quatro inscrições de uma só vez, mas encontrei pessoas copiando folhas inteiras de dados para as fichas da prova. Não é à toa que os corredores tentam sem sucesso se inscrever nestas corridas, não há divulgação nem controle algum, uma vez que são de graça (e que assim permaneçam!).

Também não vejo problema em inscrever outras pessoas, já que cada corredor deve levar 1 Kg de alimento não perecível. E lá vou eu tocar no mesmo assunto de semana passada: com aproximadamente 1.600 inscritos, quando entreguei meu alimento já deu para constatar que a estória se repetia e muita gente ignorou esta “regra”. Bom, se fosse regra, teriam que seguir, mas foi mais uma “sugestão”. Lamentável, de novo.

Mas vamos à prova: com entrega de chip um pouco mais organizada que a etapa de semana passada, a largada foi praticamente no horário esperado. Fiquei um pouco p...da vida no momento de retirar o meu chip, pois a garota da organização pegou meu comprovante e ficou feito uma barata tonta procurando os números de peito, que estavam bem à minha frente. Mostrei para um outro garoto da organização, que teimou em dizer que “estava em ordem numérica” e eu estava visualizando um número próximo ao meu! Insisti e o cidadão retirou o meu número, peguei minha camiseta e fui para o sobe e desce do percurso.

Apesar de cansar de ler a respeito e já ter dado este conselho, resolvi testar um tênis novo no dia da prova. Era para ter usado durante a semana na esteira, não tem lugar melhor para amaciar, mas um machucado no pé esquerdo impediu a visita ao enfadonho aparelho. Prova curta, botei os “pneus” novos e aproveitei o percurso casa-largada para amaciar, o que foi muito bom.

Mas não foi o tênis novo que fez meu tempo na mesma distância despencar em 3 minutos desde a semana passada, fechando esta prova em 33:41, e sim as fortes subidas e descidas do percurso. Este circuito é praticamente o inverso da Corrida SESC Santana, e para ser sincero, é preferível pegar as montanhas pelo outro lado. Mesmo assim foi possível correr o tempo todo, apenas diminuindo um pouco nas subidas e descidas, uma vez que eu não quero chegar na Meia Maratona da Corpore daqui 2 semanas com os joelhos estourados. OK, eu confesso, também acordei sem a menor vontade de correr, acho que se a prova fosse mais distante, eu não iria.

No mais, a organização estava bem melhor desta vez, com um pequeno kit com doces, o tradicional certificado de conclusão e a medalha, que infelizmente é igual à da semana passada e será igual em todas as etapas. Informação de data, distância e local da prova são informações importantes para quem guarda com tanto carinho estas pequenas conquistas de lata. E o guarda-volumes? Perfeito, desta vez sem empurra-empurra e em uma área bem maior.

Não dá para saber se vai ser possível conseguir inscrições para as próximas etapas (que interessarem, é claro), mas é bom participar de corridas gratuitas de vez em quando.

Chega de brincadeira, a próxima é a minha primeira meia maratona de 2012...