domingo, 29 de janeiro de 2012

Corridas dos Carteiros: melhor que a encomenda!

Ao receber um e-mail na semana que passou, informando sobre uma corrida promovida por uma loja de shopping center da cidade de São Paulo, resolvi dar uma espiada no valor da inscrição... R$ 120,00 ! Mas como a vontade de correr não é tanta assim, fiquemos com as primeiras provas do ano, e uma das melhores do calendário nesta época é o Circuito Nacional de Corrida dos Carteiros, onde a inscrição custa... R$ 0,00 !!! E isto não é fator limitante para uma organização boa, eficiente e que trata o corredor com respeito, sem precisar de bibelôs ou luxos desnecessários. Quem estava lá neste domingo, foi para correr.

Na verdade, o corredor fica incumbido da tarefa de levar uma doação de 10 Kg de arroz ou 2 latas de leite em pó, a serem encaminhadas para instituições carentes. Mas isto não deve ser considerado como “preço”, pois ajudar quem precisa, bom, não tem preço. Novamente o palco da correria aconteceu em Osasco, município vizinho da capital e que oferece uma avenida plana para a prova e fácil acesso ao local de largada, em frente à prefeitura. Quem chega cedo tem inclusive a possibilidade de estacionar em um dos bolsões atrás do prédio, sem ter que ficar rodando à procura de vagas. O acesso também é fácil por trem, mas neste caso, acrescente 2 km de caminhada ao percurso.

O diferencial da prova deste ano foi o horário de largada, transferido para as 08:00, infinitamente melhor que no ano anterior, uma hora mais tarde. Eu deveria dizer “em pleno verão...”, mas no dia anterior experimentamos temperaturas próximas dos 10 graus Celsius, e a principal piadinha nas redes sociais era “São Paulo é uma cidade tão legal que até o inverno vem passar o verão aqui”. O friozinho da manhã lembrava o outono, mas o sol resolveu aparecer pouco antes da largada e esquentou os ânimos dos corredores, sem fritar a cabeça de ninguém.

Kit simples, na retirada no edifício sede dos Correios apenas a camiseta e um número de peito, mas ao terminar o percurso o corredor recebia uma sacolinha de tecido na cor amarela tradicional da empresa com frutas, isotônico e uma bela medalha. Premiação, estruturas de guarda-volumes e retirada de chip organizadas por números e fácil dispersão. Então, por que alguns organizadores ainda insistem em cobrar taxas astronômicas para fazer eventos?

O percurso, como já disse, é plano, mas sinuoso, com muitas curvas e um retorno a cada volta de 5 Km. Nesta hora você pede ajuda à Pitágoras. Quem foi ele, campeão da prova do ano passado? Peraí, você já esqueceu que “hipotenusa ao quadrado é igual à soma dos quadrados dos catetos”? Pois bem, se não tangenciar, você percorre muito mais metros que o percurso aferido. Feito este ajuste, mesmo assim eu tenho a sensação que desde o ano passado a placa dos Kms 1 e 6 estavam meio longe, mas tudo bem, vou aceitar a medição da prova (como se a minha performance fosse lá grande coisa...). E como de costume, faltou separar melhor os caminhantes, que novamente largaram junto e no meio dos corredores.

Tudo isto e o gênio aqui esqueceu de parar o cronômetro após a chegada. Nos quilômetros finais eu estava revezando com um senhor quem ia chegar primeiro e demos um jeito de cruzar a linha de chegada juntos, nos felicitamos pelo feito heroico e continuamos conversando. Quando eu vi, o traste do relógio continuava marcando números. Pelas minhas contas, terminei os 10 Km entre 01:03:00 e 01:05:00, o que está até aceitável. Estava com a cabeça bem melhor hoje do que há duas semanas na prova do SESC, porém o corpo não descansou o suficiente na semana que passou. Deixa os recordes para depois, o ano só começou.

Antes de concluir, apesar do trocadilho no título deste post, eu só posso elogiar o trabalho dos correios. No ano que passou resolvi fazer algumas “limpezas” em casa e vendi muita tranqueira encostada pelos sites de leilão. Em todas as entregas, e não foram poucas, a empresa foi eficiente e rápida, até mesmo durante a longa greve que afetou todo o sistema. Sou da opinião que este profissionalismo existe apenas por não ser uma empresa privada, que foi uma das lutas da categoria durante a greve, pois o correio cobre este pequeno país de ponta a ponta, o que poderia ser limitado em administrações particulares. Reclamamos das taxas, mas a eficiência dos funcionários internos e externos é exemplar, e da minha parte eu não posso reclamar dos serviços por eles prestados.

Terminou o primeiro mês do ano, já participei de 3 corridas (seriam 4, mas o dever chamou...) e está na hora de revisar meu calendário do primeiro semestre.

Quem venham as próximas!



quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Corrida Vertical: pra subir na vida!

Se pra baixo todo santo ajuda, para cima o problema é totalmente seu. E quando o assunto é subir 24 andares de um dos arranha-céus de São Paulo, os corredores só percebem no que se meteram quando já é tarde demais. A segunda edição da Corrida Vertical aconteceu em plena quarta-feira, porém feriado de comemoração de aniversário da capital paulista, e repetindo o feito da edição de 2010, foi um sucesso total.

O evento faz parte do circuito da International Skyrunning Federation, associação responsável pelo calendário de corridas deste estilo no mundo todo. Parece que a cidade de São Paulo agora entra definitivamente para o circuito internacional de gente doida que gosta de escalar os degraus dos grandes prédios comerciais. Da primeira vez o edifício escolhido foi a sede da Nestlé na região da Av. Luis Carlos Berrini, e nesta edição o gigante escolhido foi o prédio da Editora Abril na Marginal Pinheiros. O percurso era de 649 degraus, do térreo até o 28º andar e heliporto para a categoria Profissional e 552 degraus do térreo ao 24o. Andar (Só? Vai nessa...).

E quanto custa para participar? Pois bem, nada, a inscrição é gratuita, devendo o atleta candidatar-se através do site e apresentar atestado médico recente liberando para atividades do tipo. Meu médico já está acostumado a emitir estes atestados para mim, ele só confirma qual é a loucura que eu estou me aventurando, e é claro, faz os exames de rotina. Ah, uma análise “curricular” também é feita pela organização, onde os candidatos descrevem sua rotina de treinos e histórico, afinal, não dá para brincar com um trajeto desses.

Mas antes de subir, uma pedalada básica...

Eu e mais 8 mil pessoas estávamos inscritos para o World Bike Tour, um passeio ciclístico que tradicionalmente ocorre aqui em São Paulo também no dia do aniversário da cidade. Incorporando um verdadeiro Jack Bauer, resolvi participar dos dois eventos na mesma manhã, pois o passeio passava em frente ao prédio da corrida e terminava pouco adiante na Cidade Universitária. Como os horários eram compatíveis (Bike Tour às 09:00 e corrida às 10:40), esquema montado e pronto para ser colocado em ação logo cedo.

Para quem não conhece, o World Bike Tour é um passeio onde você paga uma taxa de inscrição e ganha a bicicleta, uma Caloi até que bem montada. Leia mais no Ciclovia Digital.

E chegando aos pés do gigante de concreto, aço e vidro...

Corri para a tenda de inscrição e já fui perguntando se “ainda dava tempo”, pois as baterias já haviam iniciado a subida. Peguei meu kit, composto por carboidrato em forma de guloseimas e camiseta regata, bem bonita, mas que era um número menor que eu uso regularmente (e tinha que usar, já que estava com o número estampado). E se eu me acho louco, tinha outros 300 atletas lá para compartilhar minha doidice, inclusive dois malucos que mais uma vez tive a satisfação de encontrar em uma prova, o Fábio Namiuti autor do livro Melhor que o caminho é o caminhar e criador do blog Arquivo de Corridas de Fábio Namiuti, e o Antonio Colucci, blogueiro e colunista do Webrun e organizador, entre outros eventos, da SSCover. Fotos, especulações sobre o “percurso”, memórias da etapa de 2010 e nos posicionamos na largada, enquanto o resto do pessoal acompanhava no telão as baterias que já estavam nas escadarias do prédio.

Eu e o colega Antonio Colucci

Eu e o colega Fábio Namiuti

As baterias eram pequenas, de no máximo uns 10 corredores, e o coordenador de prova dava as instruções para cada grupo visando a segurança de todos. Mas quando a coisa começa, a estória é outra, logo nos primeiros andares o corpo acostumado com longos trechos de asfalto ou giros de esteira não entende direito aqueles degraus e pergunta ao cérebro “por que você está fazendo isto, não gosta de mim?”. É claro que foi impossível correr tudo, mas após uns 6:10 (não acionei o cronômetro, apenas vi o tempo oficial depois que terminei) conclui meu trecho e pasmem, não fui o último desta vez!

Todos descem animados pelo elevador, contando suas proezas e dificuldades e lá embaixo a medalha nos aguarda pelo staff sempre educado do evento. Lá pelo meio do prédio você pensa “quando é que acaba?”, mas quando chega, dá uma vontade de dizer “posso ir de novo?”. Coisa de gente doida mesmo. A única ressalva foi o fato da corrida estar marcada para dezembro de 2011, portanto todos os banners e a medalha ainda tinham a inscrição do ano anterior, mas sem problemas, o que vale é estar lá, a qualquer tempo.

Evento bem organizado, impecável, e que esperamos que seja realmente parte do nosso calendário.



sábado, 21 de janeiro de 2012

“Devoção”. Sim, você pode!

Ao avistar seu primeiro filho mexendo-se e esticando-se na incubadora da maternidade, Dick Hoyt, que na juventude havia tido uma vida esportiva bem intensa, já o imaginava com uma disposição semelhante para a atividade física. Porém os médicos logo explicaram que os movimentos eram espasmódicos, e o diagnóstico pouco tempo depois revelou que o filho de Dick, Rick, possuía paralisia cerebral que afetaria permanentemente movimentos do corpo. Causada por complicações durante o parto, a deficiência condenaria Rick a cuidados constantes e dedicação máxima dos que estivessem próximos, incluindo a locomoção apenas através de cadeira de rodas e a incapacidade de comunicação verbal.

Em pleno início dos anos 60, médicos aconselharam os Hoyt a internarem Rick em uma clínica e esquecerem-se definitivamente dele, como se nunca tivesse existido, atitude já tomada por outras famílias. Porém se você olhar na página de eventos esportivos da Equipe Hoyt, formada por Dick empurrando e puxando Rick em corridas e outras competições, encontrará, na data deste post, a impressionante marca de 1.069 participações em corridas e outras modalidades. O que se passa entre estes dois momentos acima é o tema do livro “Devoção” (Devoted), escrito pelo próprio Dick Hoyt e Don Yeaeger, que narra a trajetória de pai e filho superando preconceito, dificuldades e ensinando ao resto do mundo como enfrentar de frente as adversidades.

Desde o início da vida de Rick, seus pais, Dick e Judy lutaram contra as dificuldades de criar uma pessoa deficiente, porém sempre observaram que o garoto possuía uma inteligência nítida, apesar do confinamento em seu corpo imperfeito. Uma equipe de alunos da Universidade de Tufts em Boston construiu um disposto computadorizado que permitia a Rick com movimentos de cabeça formar frases na tela, permitindo assim sua comunicação com o mundo. Mas quando Rick, através deste aparelho, insistiu que seu pai empurrasse sua cadeira de rodas em uma corrida beneficente, a vida da dupla mudou definitivamente.

“A gente vai completar a corrida.
Rick não vai querer parar na primeira esquina. E nem eu”.

Mal sabiam os dois que uma nova jornada se iniciava neste momento. Rick chegou em casa e em seu dispositivo computadorizado disse que ao correr não se sentia mais deficiente. Daí para a frente, pai e filho foram vistos nos mais diversos eventos de corrida nos Estados Unidos e em outros países, mostrando que uma pessoa deficiente não é uma pessoa inválida. Sua estória comove alto escalões de empresas, atletas, governantes, e é claro, gente comum como nós.


Na narrativa é possível perceber o afinco com que Rick batalhou contra o preconceito dos organizadores da Maratona de Boston, que permitiram sua presença apenas como “pipocas” nas primeiras edições em que participaram (nota: no livro, o termo que usamos para designar os “pipocas” que correm sem inscrição nas provas foi traduzido diretamente do inglês “Bandit”, ou “Bandido”, portanto não se assuste). Até hoje, a Equipe Hoyt já completou 29 edições desta prova, mas já devidamente aceitos.

Não contentes com tudo o que já faziam no asfalto, partiram para o triathlon e para a mais importante competição desta modalidade: o Ironman de Kona, no Havaí. Nadar 3,8 Km, pedalar 180 Km e ainda correr mais 42 Km já não é tarefa simples para uma pessoa, imagine ter que puxar e empurrar outra. Tudo bem, eles completaram só 6 desses até hoje... O resto das façanhas desta dupla deixo para você matar a curiosidade lendo esta obra incrível, editada em português pela Editora Novo Conceito também em edição de bolso. É uma leitura rápida, mas não tão veloz quanto estes dois vencendo as distâncias a que se propõem.

Independente do quanto esta estória vai emocioná-lo, daqui para a frente você vai enfrentar os dias de treino e provas de forma mais corajosa, pois sabe que Rick e Dick estão muito à sua frente e que não será fácil alcança-los, mesmo com a condição que eles enfrentam ao saírem para correr.

Seu lema é simples: “Sim, você pode!”

Visite:

Site oficial da Equipe Hoyt

E assista este vídeo sensacional:





domingo, 15 de janeiro de 2012

Prova SESC Santo Amaro: percurso plano, com altos e baixos

Quem acompanha este blog sabe que até hoje eu só tive coisas boas para relatar sobre as provas organizadas pelo SESC, e mais uma vez vai é o que você vai encontrar no texto abaixo. Contudo, é necessário ressaltar dois pontos que causaram um pouco de confusão, mas que não impediram o sucesso do evento. Minha performance, porém, foi uma porcaria, pelo menos do meu ponto de vista, mas o organizador não tem nada a ver com isto. Vamos aos fatos.

Tenho que começar por um dos pontos esquisitos da organização: a divulgação da prova. Ficamos sabendo da prova pelos comentários de outros corredores, pois não foi feito muito alarde a respeito do evento. Apesar de já imaginar que seria nesta época do ano, estava aguardando algum tipo de propaganda ou maiores informações, ainda mais que eu frequento a piscina do SESC Santana toda semana, porém quando chegou ao meu conhecimento, as inscrições para sócios já haviam sido encerradas (R$ 15,00) e eu fiz pelo preço normal (R$ 30,00). Agora um ponto que merece destaque era a possibilidade de receber o kit em casa pelo correio pagando-se uma taxa de R$ 15,00, que no meu caso até compensa, dado o fato do SESC Santo Amaro estar do outro lado da cidade e a minha véspera de prova estar muito complicada para o deslocamento. Recebi em casa minha sacola com camiseta, número de peito, chip descartável, vale boné e uma nota explicando que a largada foi alterada para 07:00 da manhã por determinação da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego.

Pois bem, este é o segundo ponto complicado a ser comentado: apesar dos corredores, e eu não sou exceção, adorarem provas com largadas neste horário, isto não fazia parte dos meus planos. Como explicado anteriormente, estou bem distante, uns 40 Km da unidade que sedia o evento, e mesmo sem trânsito, é bastante asfalto para chegar lá. Porém mais uma vez a organização foi eficiente, enviando um e-mail alguns dias antes do kit e já comunicando a alteração. Confesso que dada a distância de casa e o fato de ter um evento noturno que se prolongou até a madrugada dois dias antes, talvez não tivesse feito a inscrição para esta edição da prova. Mas como já estava inscrito, vamos lá.

Elite, eu?

Achei curioso o meu número de peito: 8, sendo que estes números de um ou dois algarismos geralmente são cedidos aos atletas de elite. Mas estava lá, vou fazer o quê? Chegando ao local da prova fiquei envergonhado de ver que os outros corredores portavam números “normais” e eu ali me destacando. Até encontrei o colega Ismael do Um Blog para Corredores que também aproveitou para tirar um barato do fato (foi uma satisfação revê-lo, caro colega!).

Mas o número não faz milagres...

Tem gente que usa desculpas esfarrapadas para justificar performances medíocres, como estranhar o circuito ou coisas do tipo, mas no meu caso foi um pouco mais complicado. Descobri, neste mês que completo 6 anos de corridas de rua, que além das pernas, corre-se com a cabeça. No dia anterior tive um descontentamento grande com um assunto pessoal e isto me deixou muito chateado, quase a ponto de entrar na caminhada e deixar a corrida para quem realmente estava afim. Mesmo assim, apertei o passo e o início da prova foi quase um trote rápido. Depois que o corpo esquentou ficou mais fácil correr, apesar de que eu olhava para as placas e pensava, “ainda faltam x Km”, como se quisesse “acabar” ao invés de “concluir” a prova. Passei pela chegada com 01:07:58 no meu cronômetro, péssimo para um percurso quase todo plano, largada cedo e céu nublado com temperatura agradável. Dava para fazer melhor, mas não era o meu dia.

Muito bem, o ano de corridas começou, agora é ver o que me espera. Já de cara eu vou abortar um evento gratuito, o Circuito Praia Limpa, pois minhas férias foram interrompidas (quem trabalha com prestação de serviços sabe que é assim mesmo). Mesmo assim, meu calendário já está cheio de datas marcadas.

Parabéns aos participantes e ao SESC, apesar dos pequenos problemas apontados.

(e fico devendo fotos melhores, até meu celular eu esqueci em casa hoje!)



sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Um paulista estressado correndo no Ceará

Pode ficar com inveja, eu deixo, mas esta foto aí do lado é uma das paisagens que eu visitei nas minhas recentes e curtas férias, uma das diversas praias sensacionais dos arredores de Fortaleza, Ceará. Mas como este negócio de férias não existe para corredor, o tênis de corrida foi na mala, mesmo sem saber o que eu iria encontrar.

Como não tenho pretensões de virar guia turístico, deixo os detalhes do local para quando você estiver lá e for devidamente instruído sobre as diversas paisagens fantásticas do local. Posso dizer apenas que o povo de lá é extremamente gente fina e não tem como não gostar de tudo o que a região oferece. Por sorte eu cheguei bem no dia posterior ao fim daquela greve das autoridades policiais, apesar de que homens do exército ainda guardavam alguns prédios públicos.

Mas voltando ao que interessa: não dá para passar uma semana na mais absoluta comilança e pouca atividade física e esperar voltar faltando três dias para uma prova de 10 Km (SESC Santo Amaro, próximo domingo) e ainda conseguir correr. Pensando nisso, aproveitei esta praia aí da foto, conhecida como Lagoinha e fui dar um “trote” de uns 6 Kms. Nada de MP3, tênis com amortecimento, ou qualquer apetrecho, apenas o vestuário básico e um óculos de sol. Como a praia não é do estilo “de tombo”, ou seja, com caimento em direção à água, é ideal para dar umas passadas sem forçar um lado somente da musculatura.

A única coisa que senti no dia seguinte foi um pouco de desconforto na panturrilha, que não está acostumada a ter que trabalhar tanto durante as passadas. Ah se eu tivesse uma dessas paisagens aqui, não perdia tempo e dinheiro com academia! Os únicos cuidados eram referentes às conchas em alguns pontos e pequenas piscinas de água, que escondiam alguns buracos consideráveis. No mais, correr descalço na areia é um barato!

Outro ponto que chamou a atenção era a região onde eu estava hospedado, próximo à praia de Mucuripe: todos os dias, não apenas no final de semana, uma das duas faixas da Av. Beira Mar é cercada por cones, um trecho de 3 Km onde o fortalezense (ou invasores como eu) podem usufruir do asfalto para prática de esportes. Nos postes da orla, diversos pontos são marcados com a distância, para aqueles que não vivem sem os números. Até 08:30 da manhã o carro não manda nesta faixa, e eu tive a satisfação de ver a autoridade de trânsito disparar uma sonora sirene em uma van estacionando e atrapalhando os corredores. Qual a dificuldade de se fazer isto em outras cidades, como São Paulo, por exemplo? A dificuldade é explicar para as pessoas que elas devem deixar de ser sedentárias, e que o carro não é nenhum ser onipotente, e sim uma ferramenta de locomoção.

Quando os cones são recolhidos, o povo continua suas passadas, lentas, trotando ou buscando performance no amplo calçadão da praia. Tudo com bastante segurança policial, apesar de ter sido alertado sobre os trombadinhas de plantão, que gostam de levar relógios e outros penduricalhos. Mais uma vez, só o equipamento básico para uma corridinha, mas desta vez devidamente calçado. Na verdade foram duas corridinhas, uma ao cair da noite, onde a orla ferve de tanta gente e outra no dia seguinte para experimentar a tal faixa.

Nada demais, no total, consegui reservar tempo nas minhas férias para correr uns 20 Km...

Rapadura é doce mas não é mole... e boa para correr!

Eu não imaginava que ia gostar tanto de uma iguaria local de que sempre ouvi falar: rapadura. Ô coisa boa! Tem de diversos sabores, e é curiosamente interessante: tem algumas que nem o Hulk parte ao meio com as mãos, mas que uma dentada resolve o problema de tirar um pedaço. Fácil de transportar no cinto de utilidades do corredor, bem doce, é uma verdadeira bomba de combustível. Não sei se o estoque que eu trouxe vai durar muitas corridas, mas talvez até encontre nos mercados especializados aqui em São Paulo. Advinha: rapadura é o meu novo torrone!

Também gostei de ver que o povo é chegado a praticar atividades físicas, como nas fotos abaixo, na placa da praia e no adesivo do ônibus de turismo.



É claro que eu revirei todos os sites de corrida para saber se ia ter algum evento no domingo, mas como era o primeiro final de semana do ano, fiquei só na vontade de participar de alguma prova lá. Quem sabe na próxima, afinal, o local é convidativo a se visitar novamente.

Tantas palavras para definir o que o cearense diz em uma só: arretado!

(conhece Fortaleza? Quer comentar mais algum detalhe? Fique à vontade e deixe seu recado)



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Resoluções esportivas de ano novo

Para aqueles quem ainda não tive oportunidade de desejar, aí vai: um excelente 2012, cheio de Kms, tempos baixos, splits negativos, recordes, medalhas, troféus ou qualquer outra coisa que faça de você um ser humano mais feliz e melhor. Mas é claro, como eu não sei quais são as suas expectativas, vou resumir um pouco das minhas, pelo menos no que se refere à prática esportiva.

Todo ano começa com aquele desejo idiota de emagrecer, mas no meu caso, é uma necessidade. Com o stress todo de final de ano, aliado à comilança destes dias, férias e especialmente as noites de sono com horários alternativos, a balança e a fita métrica voltaram a exibir algarismos de maior grandeza. Mas o que motiva ir na direção contrária da evolução rumo ao Homo panceps, aquela figura onde a guitarra do videogame já fica um pouco menos reta no seu abdome, não é apenas estética. O fato é que tenho um histórico de “doenças silenciosas” na minha família bem preocupante. Daí, qualquer descuido da circunferência abdominal pode ser um caminho em direção a um futuro tenebroso. Meu médico diz que não é bem assim, que se tiver que acontecer, acontece, mas o controle desta região do corpo faz parte da disciplina do corredor. Nada de regimes, dietas da moda ou técnicas terroristas para emagrecer, simplesmente aumentar o gasto e reduzir o ganho (preciso fazer o inverso na minha vida financeira).

Outra resolução é tomar banho frio. Sim, você entendeu, é isto mesmo, reduzir a temperatura da água. Diversos motivos: economiza-se energia elétrica, demora-se menos no banho e no meu caso, eu saio da zona de conforto. No ano que passou, duas vezes encarei as águas do Litoral Sul de São Paulo em Biathlons (natação+corrida) e enfrentaria um Triathlon numa boa, não fosse o fato de “travar” na água fria. Sabe por que? Simples, a vida inteira tomando banho quente e nadando em piscina aquecida. E o calendário está cheio de provas interessantes, em águas “não aquecidas”. Pronto, decidido, temperaturas menores no chuveiro!

E para finalizar, uma que já venho colocando em prática desde o último ano: não entregar dinheiro na mão de organizadores de provas que não tem respeito pelo corredor. A tal massificação das corridas levou muito gente a se achar com capacidade de organizar um evento esportivo, mas a realidade é bem diferente. Organizadores tradicionais também pisaram na bola em diversas ocasiões nos últimos tempos, e estes também estão inclusos no meu pacote. Ora, você sabe que neste último caso eu posso dar o exemplo da Yescom, mas deixo claro aqui que em muitas vezes a empresa acertou a mão e produziu bons eventos, o que fez com que eu pensasse bastante sobre esta decisão. Porém enquanto a Maratona de São Paulo (e a Meia Maratona também) não tiverem seus horários de largada ajustados (e respeitados!) para mais cedo e enquanto a São Silvestre não voltar para a Av. Paulista, eu não participo mais dos eventos da empresa. Se mesmo assim você vai, faça uma ótima prova, mas não me convide. Só para lembrar, liberdade de expressão ainda é garantida pela nossa Constituição. Mas a decisão vale para outras organizadoras também, se a corrida é um “produto” ou “serviço”, deve ser entregue sem vícios de qualidade. A oferta de provas é grande, basta procurar no calendário e substituo o evento rapidamente.

Chega de papo, hora de colocar em prática estas e outras resoluções.

Tenha um ótimo 2012!