Quem passa sempre aqui sabe que já faz um tempo que eu procuro alguma competição de Triathlon acessível a um pseudo atleta como é o meu caso. O “acessível” diz respeito tanto aos valores (um eventinho meia-boca não sai por menos de R$ 200,00) e também no que diz respeito às distâncias, afinal, são 3 modalidades envolvidas e sequenciais: nadar, pedalar e correr. A melhor opção seria o formato de Fast Triathlon que participei em 2010 (veja Meu Primeiro Triathlon!), mas o evento foi cancelado pela nossa prefeitura e os cariocas ficaram com a etapa deste ano, então voltamos às buscas de outra oportunidade. Eis que encontrei, por intermédio de um professor da academia, o Simulado de Triathlon Julio Vicuña, que acontece com periodicidade de pelo menos 1 vez por mês nas proximidades da Represa Billings e Estrada Caminho do Mar. Como este aqui do outro lado da tela não sabe ficar quieto e perder estas oportunidades, lá fui eu para mais uma empreitada.
Na verdade, já deveria ter participado em dezembro, inclusive com inscrição paga, mas não me senti bem na véspera e acabei abortando o evento. Desta vez, apesar da chuva torrencial que caiu no sábado e durante a madrugada, acordei com aquela sensação de “eu vou com qualquer tempo”. Peguei a capa de chuva e abri a janela, dando de cara com um sol que já rasgava as nuvens. Inclui o protetor solar na mochila, juntei a roupa de neoprene, coloquei a bike no carro e fui.
Chegando ao Clube dos Borracheiros, local onde ocorre o evento, não consegui estacionar dentro do estabelecimento, porém o acostamento da rodovia já estava sendo improvisado como estacionamento secundário. Fui muito bem atendido pelo staff, que conferiu a inscrição, entregou uma pulseira identificadora e deu as instruções para os marinheiros de primeira viagem como eu. Fui para a área de transição e já não havia mais aonde estacionar a bike. Deixei-a deitada em um canto na grama, assim não haveria problemas de estar no caminho, e fui para a água, primeiro (e mais temido) trecho do Triathlon.
Natação: Batalha Naval
Vestido com a minha sauna-móvel, como chamo as roupas de borracha e neoprene, fui para a área de largada, onde muitos já faziam os trajetos de contorno de bóia. Não existe necessariamente uma largada, pois é um treino, então você pode ir no seu ritmo, sem pressa. Uma pessoa da organização em um caiaque gentilmente conversou comigo e explicou o percurso de 750 m contornando 3 bóias no sentido anti-horário. Perguntou se eu já nadava e informou que a água da represa era um pouco mais densa. Como medida de apoio, chamou outro caiaque que me acompanhou pelo percurso todo, sem contar a presença de bombeiros e pessoal de emergência, que estavam nas imediações. Então diga: quantos eventos você acha que comportam uma estrutura dessas?
Ao começar a nadar, constatei logo de cara que a água é realmente muito densa comparada à piscina e até ao mar, devido à vegetação nas imediações, que além de tudo deixa um tom verde escuro. Visibilidade em centímetros, mas o pior foi constatar que eu não sabia nadar com a roupa de neoprene. Foi um parto, parecia que eu nunca havia nadado antes! Tentei de tudo, do crawl mais apropriado para a competição, peito e até costas para descansar um pouco (só não nadei “cachorrinho”, caso você pergunte). O colega do caiaque até ofereceu um daqueles “macarrão” de piscina para que eu descansasse, mas eu recusei, ia ser o máximo, eu no meio da represa agarrado ao “macarrão”. Para completar, a touca de silicone rasgou e o óculos quase foi ejetado, mas eu peguei à tempo. Ao final dos desgastantes 750 metros, o cidadão do caiaque até ficou admirado pela minha persistência por não pegar o “macarrão”, eu agradeci o auxílio dele e fui para a T1 (transição 1, natação/ciclismo).
Pedal: Tudo que desce, sobe...
O Monstro do Pântano sai da água, tira (ou desgruda, se preferir) a roupa, põe capacete, óculos de sol, luva, tênis (sem sapatilhas por enquanto) e leva a bike para o final da transição. São 16 Km à frente, sendo 6 no sentido do litoral, voltando no retorno sinalizado para o evento e subindo 8 na direção da Via Anchieta, voltando mais 2 para o local do evento. Mas como você deve imaginar, descer é fácil, subir é outra estória. A velocidade variava dos quase 40 Km/h nos trechos de descida e plano para míseros 12 Km/h nas subidas, mas sem parar nem por um segundo. Bikes de triathlon passavam zunindo pela minha querida Caloi 10 toda “tunada” com trocadores e câmbios Shimano, sem contar outros upgrades (e ainda falta a maldita pedivela...) .
Mas o sol entrou forte no céu, e eu me sentia igual ao Motoqueiro Fantasma, pegando fogo no meio da estrada, ou melhor, no acostamento (na minha cabeça tocava "Ghost Riders in the sky"). Quem transita na região já deve ter se acostumado com aquele povo doido pedalando e correndo aos domingos às margens da rodovia , então não vi nenhum incidente ou buzinada, apesar da estrada estar relativamente movimentada. Acabou o trecho, que pena, eu adoro pedalar, ir para a T2 (transição ciclismo/corrida) e correr!
Corrida: com os dois pés no chão
E para explicar isto para o corpo? Eu vivo treinando estre trecho na academia, pelo menos uns 20 minutos na ergométrica, saio e vou para mais uns 20 de esteira, mas a vida real é bem diferente. Sair de uma bicicleta em movimento e correr no asfalto é uma mecânica totalmente doida para o seu corpo. Meu primeiro quilômetro foi com quase 8 minutos, ridículo porém real. E o sol fritando! No posto de hidratação do Km 2,5, água, Gatorade e informação incorreta: perguntei para a mocinha se ali era o retorno e um outro sujeito da organização falou que era mais à frente. Resumindo, eu deveria fazer “só” 5 Km, acabei fazendo 7,5, isto porque vi a marcação de 3.750 metros no chão. Tudo bem, é só corrida mesmo...
Voltei e terminei o que havia começado. Este é o espírito do Triathlon, terminar aquilo que você começou: arranjou briga com a água, o pedal e o asfalto, vai ter que ir até o fim!
Sobre o evento
Gostei muito da organização, pessoal muito atencioso e organizado. Ao voltar da água, a bike que estava no chão foi gentilmente acomodada sobre um tapete de borracha, sinal de que havia preocupação com o equipamento. Instruções bem claras quanto à segurança, termo de responsabilidade preenchido pelo atleta, revistas de brinde, patrocínio de gente de peso como a Saucony, hidratação à vontade na transição, frutas, piscina para relaxamento. Tudo isto por R$ 50,00 mais a entrada no clube, R$ 5,00 por pessoa e R$ 10,00 para o carro (se tivesse utilizado o estacionamento). Sugeriria apenas um pouco mais de controle de acesso à transição.
E os tempos finais (pelo meu cronômetro, com alguns ajustes):
Natação (750 m): 00:35:29
T1: 00:09:49
Ciclismo (16 Km): 00:41:02
T2: 00:04:56
Corrida (7,5 Km): 00:54:11
Total: 2:25:27
Mas o mais importante...
Foi um treino e uma coleta de informações inimaginável para mim. Vi como eu me comporto em água doce e turva, com roupa de neoprene, pedalando no sol, correndo após pedalar. Não consegui sentir tudo isto no Fast Triathlon, afinal, foram distâncias muito menores, e o clima de competição não dá espaço para estas reflexões. Se eu quiser enfrentar mesmo um triathlon, de qualquer distância, vou ter que treinar, treinar e treinar (um para cada modalidade) e muito.
Isto é, assim que o corpo parar de doer...
(agradecimentos à Márcia, que testou sua câmera nova e tirou as fotos deste ser desengonçado fazendo os 3 percursos)
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
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Depois do relato até eu, que nado feito uma pata e tenho uma bike com cestinha, fiquei com vontade de participar desse treino.
ResponderExcluirBons treinos!
Oi Rinaldo, dei boas risadas com seu muito bom humorado relato.Que bacana ter a oportunidade de fazer um simulado com segurança. Pretendo fazer um simulado desses qualquer dia. Só fiz até agora um simulado de short biatlhon, mas me animei com seu relato. Valeu.
ResponderExcluirBelo relato, Rinaldo! Cara, já havia ouvido falar desse treino, mas achava que era só para equipes. Gostei da dica... Parabéns! Bike com cestinha... kkk
ResponderExcluirBons treinos.
Bem Rinaldo como estamos no ano do fim do mundo , acho que voce ja esta se preparando !!! Gostei das dicas e do seu bom humor , o pior que nesta região é cheio de pesqueiro e seus petiscos , não te deu fome kkkk abraços
ResponderExcluirQue legal Rinaldo!
ResponderExcluirÉ desse que eu preciso fazer quando me sentir mais confortável na água.
Onde arranjar as datas desses simulados?
Parabéns por concluir, eu curti!
Abraço
Colucci
@antoniocolucci
Aqui Colucci...
Excluirhttp://simuladosdetriathlon.com.br/
Não precisa ter medo da água...apenas respeitá-la...nós colocamos caiaques para acompanhar os nadadores menos experientes...quando chegar na beira da represa procure por mim (Ton - @w_cirilo)) que resolvo seu problema!!!
te esperamos no próximo simulado!!!
Fala Rinaldo
ResponderExcluirparabéns pela força e mantenha firme no foco !!
Abraçoss e bons treinos
Romildo
Bacana este evento Rinaldo.
ResponderExcluirComo ele é uma vez por mês, como você disse, custa pouco e você gosta do Triatlhon, não custa treinar e quando tiver uma competição você entrar de cabeça, ou melhor, de corpo inteiro nela. hehe
Abraço e bons treinos.
PS: desculpa pela minha ausência em comentar seus posts, ok?
Sucesso.
tutta/BALEIAS/PR
www.correndocorridas.blogspot.com
Pow Rinaldo...acho que fui eu que te dei a informação...mas deve ter sido um desentendimento, pq no KM 5 tinha outra hidratação (completando 10 KM - para quem tinha interesse nessa distância, claro). Mas enfim...apareça para treinar, te esperamos dia 18 de Março. Estarei no barco caso queira torcer meu pescoço...rsrsrs
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